quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

O APOSTOLADO DA CRIAÇÃO

A VERDADE:
"...a filosofia induziu os gregos a desiludirem-se de seus pensadores. Sócrates não pôde responder-lhes as indagações espirituais. Ele mesmo andava à procura da verdade. Platão e Aristóteles, também, falharam..."


A VERDADE EXPLICADA:
"Para buscarem a Deus se, porventura, tateando o possam achar..." (At 17.27). 
Após a dispersão ocorrida no lamentável episódio da Torre de Babel, a humanidade foi esquecendo-se, gradativamente, do verdadeiro Deus. Por intermédio da tradição oral, as sucessivas gerações dos filhos de Noé passaram a receber informações distorcidas acerca do Criador. As grandes doutrinas, transmitidas pelo piedoso patriarca, perdiam-se no tempo, transformavam-se em mitos.

Longânimo e misericordioso, o Senhor jamais escondeu-Se da pobre e atribulada raça humana. Deixou-lhe um exuberante livro: a Criação. Nas páginas desta maravilhosa obra, podemos vê-Lo e lembrar-nos do pacto que Ele fez com nossos ancestrais.

O testemunho da criação
O Universo assemelha-se a um relógio. Seu perfeito e inimitável mecanismo assombra-nos. O filósofo francês, Voltaire, confessa: "O mundo me intriga, e  não posso imaginar que este relógio exista e não haja relojoeiro".

Não somente esse pensador, mas todos extasiamo-nos ante a grandeza univérsica. Extasiamo-nos e somos compungidos a louvar a Deus! Embevecido pela opulência da amplidão, salmodia Davi: "Os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras de suas mãos..." (Sl 19.1).

Os astros orbitam rotativa e translativamente. Eles jamais ultrapassam os limites siderais. As galáxias mantém-se no misterioso mar cósmico. A lua acompanha a Terra. O sol flecha de luz e calor o infinito.

Uma orquestra! De que outra maneira poderíamos definir o universo? Sua sinfonia é, simplesmente, inebriante. Deus está a regê-la suave e ternamente. Gizando este quadro quase transfísico, canta o poeta sacro, Ernest Wooton: "Sol e lua, coros estelares, Sua majestade anunciai; hostes grandes! Centos de milhares, o Seu poder mostrai!"

Sem Deus, transformar-se-ia o universo em uma música sem pauta ou notas: um inimaginável caos! Do poeta português, Guerra Junqueiro, são estas palavras sublimadas de temor e reconhecimento: "O mundo sem Deus converte-se num fruto oco, e as imensidades estreladas em arquipélagos. Mundos sem conta, zeros sem conta. A infinita grandeza pede a unidade, reclama Deus. Os orbes são divinos, porque nascem de Deus. São mártires eternos, eternamente escalando seus calvários".

Salomão, sapientíssimo rei de Israel, professa: "O Senhor fundou a Terra pela sabedoria, estabeleceu os céus pela prudência..." (Pv 3.19). Corroborando as palavras do mais sábio dos homens, complementa o pensador brasileiro, Tristão de Atahyde: "Só Deus completa o universo".

O apostolado da criação
O homem não necessita da Bíblia para crer na existência de Deus. Era o Todo-poderoso uma realidade tão marcante e presente para os profetas e apóstolos, que eles não se preocuparam em fazer qualquer apologia do Criador. Ser-lhes-ia redundância mostrar o óbvio, arguir o evidente, expor o manifesto. Não seríamos demasiadamente severos, por conseguinte, se afirmássemos serem os argumentos cosmológicos e antológico de Tomás de Aquino e de Anselmo, fumegantes pavios sob o sol do meio-dia.

Afirma o apóstolo Paulo: "Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis..." (Rm 1.20). Não nos é difícil, pois, acreditar na existência de Deus através de uma observação detida e imparcial da ordem e beleza do Cosmos.

A assustadora expansão
Segundo a astronomia, somente cinco mil estrelas podem ser divisadas sem o auxílio do telescópio. Não obstante, só em nossa galáxia, conhecida por Via-Láctea, há 100 bilhões de corpos estelares. E, até agora, nenhum mortal pôde afirmar quantas galáxias existem. Milhões? Bilhões? Trilhões? Só Deus o sabe!

A imensidão do universo, escreve o missionário Lawrence Olson, é vasta demais para ser compreendida pelo homem. Nossas mentes embaralham-se ante tais números e tão estonteante imensidão. Apesar de tudo, assevera Paul Davies: "Aonde quer que olhemos no Cosmos, desde as extensas galáxias até os recantos mais recônditos do átomo, encontramos ordem".

Os gregos e Deus
Através da filosofia, pensadores gregos foram compungidos a crer em Deus. Não possuíam as Sagradas Escrituras. Profeta algum os visitara. Vaticínio algum iluminou-lhes a mente. O Messias, não esperavam. O labor filosófico, porém, levou-nos a pensar no Criador.

Foi a filosofia, sem dúvida alguma, um instrumento usado pelo Senhor para preparar os gentios a receber o Evangelho. Problematizando e inquirindo, eles descobriram suas misérias. Descobriram, também, que a alma humana só descansará quando repousar em Deus. O pensador inglês, Francis Bacon, foi muito feliz ao avaliar a utilidade do exercício filosófico: "Um pouco de filosofia inclina a mente do homem para o ateísmo, mas profundidade em filosofia o avizinha da verdadeira religião".

A perquirição estava na alma grega. Esquadrinhava o universo; investigava a natureza. Nessa busca séria e meticulosa, depara-se com Deus. O historiador Robert Hastings fala-nos desta permanente ocupação dos helenos: "Por muitos séculos antes da era cristã os gregos eram detentores da vida intelectual mais vigorosa, mais desenvolvida do mundo. Problemas sobre os quais os homens sempre cogitavam: a origem e significado do mundo, a existência de Deus e do homem; o bem e o mal, em suma, tudo quanto se relacionava com as pesquisas filosóficas foi objeto de meditação dos gregos como de nenhum outro povo. É verdade que os hebreus tinham recebido uma revelação de Deus e da Sua vontade, que os gregos jamais possuíram, mas os judeus não se interessavam pela discussão dessas questões, como o fizeram os gregos".

Conforme já dissemos, a filosofia induziu os gregos a desiludirem-se de seus pensadores. Sócrates não pôde responder-lhes as indagações espirituais. Ele mesmo andava à procura da verdade. Platão e Aristóteles, também falharam. Os estóicos e epicureus, igualmente. Nada puderam fazer-lhes os cínicos ou os hedonistas,

Mas, quando resplandeceu a luz do Evangelho, multidões de helenos com as almas vazias e carregadas de interrogações, abraçaram a nova fé. As sementeiras feitas por Paulo, frutificaram igrejas por toda a Grécia. Somente Cristo pode responder-nos as dúvidas e dessedentar-nos o espírito!

Hoje, a mensagem da cruz é anunciada a todos. Já não precisamos buscar a Deus às apalpadelas. Não precisamos, também, da muda eloquência da Criação para reconhecer a existência do Supremo Ser. O Evangelho de JESUS nos é anunciado, agora, e é a resposta a todas as nossas indagações.


De "PAULO EM ATENAS" (CPAD)
MP 1213/Jan.1988

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