sexta-feira, 28 de julho de 2023

O CRISTÃO E A MENTIRA

A VERDADE:

"Salomão afirma que não devemos mentir nem por brincadeira: “...como o louco que lança de si faíscas, frechas e mortandades, assim é o homem que engana o seu próximo, e diz: fiz isso por brincadeira...” (Pv 26.18,19). Em Apocalipse (21.8, 22.15), encontramos estes registros: “...todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxôfre; o que é a segunda morte...”; “...ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira...”


A VERDADE EXPLICADA:

“...eis que amas a verdade no íntimo, e no oculto me fazes conhecer a sabedoria...” (Sl 51.6).

Na Bíblia Sagrada, nossa regra de fé, encontramos lições e exortações com respeito à prática da mentira. Como cristãos que somos, certifiquemo-nos dos perigos, prejuízos e do fim daqueles que amam e cometem a mentira. Sendo uma arma maligna, que impede o recebimento das bênçãos divinas, peçamos a Deus que nos revista de todas as armaduras descritas na Carta aos Efésios (6.10), a fim de resistirmos a este mal, e estarmos isentos da punição eterna. Assim fazendo, firmar-nos-emos mais em Cristo, dando, com isto, mais um passo em nossa preparação para o dia da vinda de JESUS, visto que, em nos afastando deste terrível veneno, colocaremos em prática o mandamento “...segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor...” (Hb 12.14).

De acordo com as afirmações bíblicas, a mentira teve o seu início no Éden, quando nossos primeiros pais foram enganados pela astúcia de satanás. Deus dissera a Adão que comesse do fruto de toda a árvore do campo, menos o da árvore da ciência do bem e do mal, afirmando: “...no dia em que dela comeres, certamente morrerás...” (Gn 2.16,17). No entanto, veio satanás, por meio da serpente, e inverteu esta verdade enganando a Eva e esta, por sua vez, ludibriou a Adão, pecando ambos contra o Senhor. Vejamos o que aconteceu: “...então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis...” (Gn 3.4). Foi através desta mentira que o pecado entrou no mundo e passou a todos os homens. Por isso, a mentira é condenada por Deus com muita severidade.

Nós, os cristãos, temos a esperança pela qual marchamos para as mansões celestiais que JESUS nos foi preparar, segundo nos afirma o evangelista João (14.1-3). Entretanto, estejamos cientes de que a Bíblia nos afirma com respeito às coisas que devemos renunciar para habitarmos no céu, entre as quais a mentira, pois “...Deus ama a verdade no íntimo...” Para tanto, folheemos nossa Bíblia e vejamos o que nos diz: “...e não entrará nela (na cidade santa) coisa alguma que contamine, e cometa abominação e mentira; mas só os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro...” (Ap 21.27). Esta é uma sentença irrevogável, porque a cidade é santa, é pura, e nela a iniquidade não pode penetrar.

Salomão afirma que não devemos mentir nem por brincadeira: “...como o louco que lança de si faíscas, frechas e mortandades, assim é o homem que engana o seu próximo, e diz: fiz isso por brincadeira...” (Pv 26.18,19). Em Apocalipse (21.8, 22.15), encontramos estes registros: “...todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte...”; “...ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira...”

Davi afirmou que todos os que proferem mentiras serão destruídos (Sl 5.6). O apóstolo Paulo, profundo conhecedor das verdades divinas, ao exortar as igrejas sob seus cuidados, não deixava de lhes asseverar quanto a esta prática que tanto mal faz aos olhos de Deus. À igreja em Éfeso, ele não só disse para deixarem a mentira como também os exortou a falar a verdade cada um com o seu próximo (Ef 4.25). Para a igreja em Colossos deixou este ensino: “...não mintais uns aos outros...” (Cl 3.9). Paulo era zeloso, preocupado em apresentar a Deus uma igreja “...sem mácula, mas santa e irrepreensível...” (Ef 5.27).

Cremos que este mesmo zelo deve arder em nosso coração, visto que somos participantes da natureza divina. Deus, em Sua infinita misericórdia, quando de novo quis fazer bem a Jerusalém e a Judá, exortou-os dizendo: “...eis as coisas que deveis fazer: Falai a verdade cada um com o seu companheiro...” (Zc 8.16). Nesse mesmo livro, encontramos este versículo: “...ama pois, a verdade e a paz...” (Zc 8.19). Sendo a verdade uma qualidade inerente do criador, Deus espera que todos aqueles que Lhe servem firmem-se na verdade, fiquem com a verdade; para poderem, naquele dia, entrar na cidade pelas portas.

A mentira foi severamente punida por Cristo. Sendo Ele o próprio Deus encarnado (Jo 1.1), não poderia, de maneira alguma, permitir que os Seus santos cometessem tão grande mal. Repreendeu os fariseu, dizendo: “...vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira...” (João 8.44).

Deus nos guarde desse veneno. Oremos como Davi: “...Senhor, livra a minha alma dos lábios mentirosos e da língua enganadora...” (Sl 120.2). Digamos como Jó: “...enquanto em mim houver alento, e o sopro de Deus no meu nariz, não falarão os meus lábios iniquidade, nem a minha língua pronunciará engano...” (Jó 27.3,4). Falemos, pois, a verdade, confiados nesta promessa: “...a verdade brotará da terra, e a justiça olhará desde os céus...” (Sl 85.11).

Firmemo-nos em JESUS, a Verdade por excelência (Jo 14.6), e peçamos-Lhe do Seu Espírito, que é a verdade ( I Jo 5.6), a fim de que sejamos achados dignos de ser chamados filhos de Deus.



Por: Natanael Santos

(Fonte: MP. 1202/Jun.1987)

sexta-feira, 21 de julho de 2023

O CONSTANTE AVIVAMENTO DA IGREJA ATUAL

A VERDADE:

"Declínio espiritual implica na ausência de conversões, de pregação, de ensino, de advertência, de acatamento à doutrina e de desprezo pelas verdades contidas na Palavra de Deus. Implica num evangelho nominal, num evangelismo canhestro, que não prima pela conservação dos bons costumes, pela transformação de vida daqueles que se agregam à igreja; que não enfatiza a necessidade dos dons espirituais, do poder de Deus para curar, para expulsar os agentes da maldade alojados em vidas despreparadas para combatê-los. Implica na ausência de evangelismo produtivo, na conformação com a pequenez e despreparo do rebanho, no desconhecimento do verdadeiro significado da salvação e da vida eterna".


A VERDADE EXPLICADA:

Parece bastante acirrada a proliferação de literatura destinada a disseminar um suposto declínio espiritual nas igrejas da atualidade. Discursos negativistas tentam, à guisa de exortação, mostrar a influência de comportamento social decadente nas atitudes dos crentes, em detrimento do que o apóstolo Paulo recomenda na sua epístola aos Romanos, capítulo 12, verso 2.

A várias igrejas da Ásia Menor foi recomendada uma volta aos princípios (Ap 2.4), mas isto não generalizava a existência de carência espiritual em todas as igrejas, a algumas das quais nenhum dom faltava (I Co 1.7; At 2.42,47). A outras a Escritura atribui notável grau de fé e caridade (Cl 1.4; I Ts 1.3; II Ts 1.3). Esse estado era, sem dúvida, reflexo da vida espiritual dos seus líderes (I Tm 1.2; 4.12), e, se alguns apresentavam restrições (Ap 3.15,19), não eram, contudo, motivo para vermos a Igreja como um todo mergulhada em declínio espiritual. Muito antes, podia-se encontrar mais exemplos positivos do que negativos (Hb 13.7,17; Cl 1.7).

Duas igrejas talvez pudessem ser espelho de declínio espiritual, mas a primeira (Gl 1.6-9), era vítima de inquietação por parte de falsos mas persuasivos doutrinadores, que desejavam misturar a graça de Cristo aos preceitos da lei; a segunda (Ap 3.17), sofria com a autossuficiência de seu líder, mas, ainda assim, estava colocada entre as amadas por Deus (verso 19), e que poderiam vir a sentar-se em tronos no Seu Reino.

Outras igrejas sofreram com falsos ensinadores. Uns ensinavam que a Igreja devia acatar o preceito da circuncisão (At 15.1); outros pregavam que a ressurreição já havia acontecido (I Ts 4.13-17; II Ts 2.1-3); outros, ainda, tentavam invalidar os ensinos apostólicos (I Co 4.18,10), e, finalmente, muitos tornavam-se apóstatas, chegando mesmo a práticas ocultistas dentro das igrejas (I Tm 4.1,2; Ap 2.9,20). Todos estes transes não significavam que a Igreja, como corpo de Cristo, chegasse a um declínio espiritual, desde quando o próprio Cristo declarou que as portas do inferno não prevaleceriam contra ela (Mt 16.18).

Declínio espiritual implica na ausência de conversões, de pregação, de ensino, de advertência, de acatamento à doutrina e de desprezo pelas verdades contidas na Palavra de Deus. Implica num evangelho nominal, num evangelismo canhestro, que não prima pela conservação dos bons costumes, pela transformação de vida daqueles que se agregam à igreja; que não enfatiza a necessidade dos dons espirituais, do poder de Deus para curar, para expulsar os agentes da maldade alojados em vidas despreparadas para combatê-los. Implica na ausência de evangelismo produtivo, na conformação com a pequenez e despreparo do rebanho, no desconhecimento do verdadeiro significado da salvação e da vida eterna.

Não se pode considerar em declínio espiritual uma igreja, cuja atividade evangelística é constante e eficaz na demonstração do amor pelas almas, cujo crescimento é visível, tanto quantitativa quanto qualitativamente; uma igreja onde os dons espirituais estão em prática, onde se percebe a obediência e operosidade dos jovens, empenhados no louvor e no testemunho, no proselitismo e na doutrinação. Uma igreja onde se verifica a preocupação pelos demais, através da oração, da intercessão, da libertação; onde se verifica o amor fraternal, pela prática de assistência social, do socorro aos crentes e descrentes, do cuidado com as crianças e da juventude, dos idosos, dos obreiros mais novos e dos novos convertidos.

Não se pode julgar em declínio espiritual uma igreja onde os preceitos da lei de Deus são observados sem contestação e sem reservas; uma igreja onde há trabalho para todos, homens, mulheres, jovens e meninos, seja em pregar, cantar, tocar instrumentos, ensinar na Escola Dominical, formular cursos bíblicos, preparar moças e rapazes por meio de palestras, seminários e aconselhamento; uma igreja onde o evangelismo é praticado pessoal e coletivamente, onde é feita visitação aos hospitais, presídios e manicômios, onde há propósito em favor das crianças e zelo pela vida material e espiritual dos semelhantes. E, sobretudo, uma igreja onde há união, a perfeita simbiose entre ministério e rebanho, irmanados em servir-se mutuamente e bem servir à causa de Deus.

Contra uma igreja assim, constantemente avivada, não poderão prevalecer as portas do inferno, representadas pela conformação com o mundo ou com qualquer tipo de comportamento social decadente.



Por: Miguel Vaz

(Fonte: MP. 1249/Mar.1991)

sábado, 15 de julho de 2023

O AVIVAMENTO ESPIRITUAL QUE NECESSITAMOS

A VERDADE:

"Uma igreja avivada no sentido em que estamos tratando, alcançará aos perdidos a todo custo, ao seu redor e onde puder. Geralmente as conversões em meio a um avivamento são profundas e marcantes, como as registradas no Livro dos Atos dos Apóstolos, capítulos 2, versos 37 a 47, e 16, versos 30 a 34. Vemos aí que num poderoso, transbordante e irresistível avivamento do Espírito, não temos que insistir para que os pecadores venham a Cristo para a salvação. Eles é que clamarão por salvação perante nós, tão poderosa será a convicção de que serão possuídos pelo Senhor".




A VERDADE EXPLICADA:

Avivamento espiritual no seu sentido exato é uma operação soberana do Espírito do Senhor JESUS entre o Seu povo, levando-o ao quebrantamento de coração, ao arrependimento, à contrição, à humilhação, à oração e ao jejum. Com o arrependimento total e profundo vem o rompimento com o pecado, a renúncia, o perdão entre os irmãos e a restituição (quando for o caso) aos prejudicados. Num autêntico avivamento espiritual tudo isso ocorre de modo diferente como estamos acostumados a ouvir, ver e fazer, e também numa escala totalmente diferente da costumeira, em nossas vidas e igrejas.


Um tal avivamento sempre começa entre o povo de Deus, como vemos em Joel (2.15-17). Aí vemos que um real avivamento bíblico requer da parte do povo de Deus certas condições para que ele se consolide e prossiga. Expressa esse fato o que está escrito no Segundo Livro das Crônicas, capítulo 7, verso 14: “E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra...”


Uma igreja avivada no sentido em que estamos tratando, alcançará aos perdidos a todo custo, ao seu redor e onde puder. Geralmente as conversões em meio a um avivamento são profundas e marcantes, como as registradas no Livro dos Atos dos Apóstolos, capítulos 2, versos 37 a 47, e 16, versos 30 a 34. Vemos aí que num poderoso, transbordante e irresistível avivamento do Espírito, não temos que insistir para que os pecadores venham a Cristo para a salvação. Eles é que clamarão por salvação perante nós, tão poderosa será a convicção de que serão possuídos pelo Senhor.


Onde houver alguma vida espiritual, pode haver um avivamento do Alto. Somente pode ser avivado quem está vivo espiritualmente. O mundo e o ímpio é que não podem ser avivados, posto que estão espiritualmente mortos em seus delitos perante Deus e os homens. Eles precisam do novo nascimento espiritual de que falou o Senhor JESUS a Nicodemos. É pois entre o Seu povo que Deus quer enviar um avivamento.


A Bíblia registra muitos avivamentos e despertamentos espirituais. O salmista, no Livro dos Salmos, (capítulo 119), era um homem espiritualmente avivado. Repetidas vezes ele fala de vivificação da parte do Senhor. Em Gênesis 35 temos uma família avivada, rompendo com o pecado para agradar somente a Deus. Esse avivamento começou com o marido. No Segundo Livro das Crônicas, capítulo 20, verso 3 em diante, temos uma nação no caminho do avivamento. Josafá, o seu rei, convocou-a ao jejum, à oração e ao louvor. Quando teremos no Brasil um governo (federal, estadual e municipal) que, quebrantado na presença do Senhor, convoque o povo a humilhar-se e a arrepender-se, buscando a face de Deus?


Temos também na História da Igreja o registro de poderosos avivamentos como o da Escócia, sob João Knox; o da Inglaterra, sob Charles Wesley; o da América do Norte, sob Finney, e, depois Moody. No início deste século (XX) temos o avivamento da Rua Azuza, em Los Angeles, nos Estados Unidos, que logo se espalhou pelo mundo, alcançando também o Brasil.


Quando a congregação se torna fria, apática, e permanece em casa, deixando os cultos vazios; quando os crentes se desgastam nas contendas, ficando ao mesmo tempo presos ao mundo, suas práticas e passatempos, perdem aquele primeiro amor de que nos fala o escritor do Apocalipse (2.4), e os cultos necessitam de “animadores”, está na hora de clamarmos a Deus por um genuíno avivamento do Espírito do Senhor. No Livro do profeta Habacuque (3.2), lemos: “Aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos a notifica...” Vemos aqui, mais uma vez, que é a obra do Senhor que pode ser avivada: “..a tua obra...” Homem algum, seja ele quem for, pode produzir um avivamento espiritual, pois o citado texto diz: “Aviva, ó Senhor...”


Clamemos todos os que amamos a obra do Senhor, com perseverança, com zelo e seriedade, por um autêntico e pleno avivamento espiritual, que comece por nós, atinja a todos e alcance os perdidos para o reino do Senhor JESUS. Um novo avivamento bíblico, descendo do Alto, elevará a Igreja neste país a um plano mais elevado, sob todos os aspectos, para a execução dos propósitos de Deus através dela, entre nós e em todo o mundo.






Por: Antonio Gilberto
(Fonte: MP.1245/Nov.1990)

sexta-feira, 7 de julho de 2023

O ANDAR DO SENHOR SOBRE AS ÁGUAS

 A VERDADE:

"Os combates enfrentados pelos cristãos devem ser vistos mais na esfera coletiva do que simplesmente na esfera privada. Quem está no barco vencerá! Quem deixar o barco perecerá nas águas oceânicas do mundo, que tem Satanás como príncipe".


A VERDADE EXPLICADA:

O Senhor JESUS é a auto manifestação da deidade em forma humana, por conseguinte, todos os modos de ser se constituem objeto de reflexão para o homem. Reflitamos, pois, no Seu andar sobre as águas do bravo mar. Ei-las:

A primeira lição que o andar do Senhor sobre as águas nos transmite é que uma das exigências nucleares impostas aos discípulos do Senhor é a obediência incondicional (Mt 14.22). “Logo em seguida obrigou os seus discípulos...” (Versão IBB). O discípulo tem como cabeça o Deus-Homem (I Co 11.3): “...Cristo é a cabeça de todo homem...” A cabeça é o centro de comando do corpo humano. De igual modo Cristo é o centro de comando do homem espiritual. O homem que não se submete a Cristo não é cristão (Rm 8.9). Só que esta submissão a Cristo não é uma submissão subjetiva, isto é, particular em oposição às normas da Igreja. Submeter-se a Cristo implica subscrever as doutrinas e as orientações da Igreja. “...e, se recusar também ouvir a igreja, considera-o como gentio e publicano...” (Mt 18.17). Dentro do contexto da paz eclesial, o discípulo tem que ser obediente às orientações diretivas do Senhor através do Espírito Santo em seu viver privado.

A segunda lição que o andar do Senhor sobre as águas nos transmite é que quem está vinculado ao Senhor está inserido no movimento dialético do Espírito Santo (Mt 14.22). “...logo a seguir, compeliu Jesus os discípulos a embarcar e passar adiante dele para o outro lado...” (ARA). O movimento dialético é constituído pela tese, antítese e síntese. O aquém do mar é tese, o mar é a antítese e o além do mar é a síntese. O discípulo do Senhor é ordenado a crescer. “...antes crescei na graça e no conhecimento do Senhor Jesus Cristo...” (II Pe 3.18). A ataraxia (indiferença total ao que ocorre no mundo) é contra a Bíblia. O cristão cresce através das dificuldades. Os imperativos bíblicos é para nos gloriarmos nas tribulações que produz perseverança, a perseverança produz a experiência, e a experiência produz a esperança. A esperança por sua vez não confunde (Rm 5.1-5). Na sua carreira o cristão tem que crescer.

A terceira lição que o andar do Senhor sobre as águas nos transmite é que o objeto, isto é, a matéria prima do ministério, da igreja é o povo (Mt 14.23). “...enquanto ele despedia as multidões...” Deus quer encontrar Sua casa cheia (Lc 14.23). Todos os que são comissionados por Deus devem possuir essa consciência de que a matéria prima do trabalho da igreja é o povo. Por conseguinte, quem não gosta de trabalhar com o povo não deve exercer cargo de liderança na igreja.

A quarta lição que o andar do Senhor sobre as águas nos transmite é que, demanda alguma foi obstáculo ao exercício da sua devoção privada a Deus (Mc 6.46). “...e, tendo despedida a multidão, foi ao monte para orar...” Orar depois de uma jornada pelo deserto não é fácil, mas mesmo assim o Senhor orava. No Getsêmani, temos o exemplo máximo da vida de oração do Salvador. Era o momento mais crítico, era o momento que precedia a prisão do Senhor (Mt 26.36-46). Os discípulos dormiram, menos o Salvador.

A quinta lição que o andar sobre as águas nos transmite é que o período da presença do Senhor em oração a Deus era longo (Mt 14.23,25). “...tendo-as despedido, subiu ao monte para orar à parte. Ao anoitecer, estava ali sozinho(...)À quarta vigília da noite, foi Jesus ter com eles, andando sobre o mar”. Podemos verificar nas Escrituras pelos menos três vigílias praticadas pelo Senhor. A primeira em Lucas 6.12: “...naqueles dias, retirou-se para o monte, a fim de orar, e passou a noite orando a Deus...”; a segunda em Lucas 9.28-37, no versículo 28 encontramos: “...tomando consigo a Pedro, João e Tiago, subiu ao monte com o propósito de orar...” No verso 37 é registrado: “...no dia seguinte, ao descerem do monte, veio ao encontro de Jesus grande multidão...”. A terceira está registrada em Mateus 14.23,25. JESUS subiu ao monte à tarde, e só desceu na quarta vigília da noite, isto é, entre as três e as seis horas da manhã.

A sexta lição que o andar do Senhor sobre as águas nos transmite é que quem se encontra no centro da vontade de Deus não está imune às contrariedades existenciais humanas (Mt 14.24). “...açoitado pelas ondas; porque o vento era contrário...” O mundo, ou melhor, a igreja no mundo é o campo de formação do homem para o céu. O homem ao nascer, não nasce perfeito, nasce como um ser aberto. Portanto, seu caráter, sua personalidade é formada aqui em seu habitat em meio aos conflitos existenciais. O barco nesse contexto representa a igreja, à semelhança da arca de Noé. Os combates enfrentados pelos cristãos devem ser vistos mais na esfera coletiva do que simplesmente na esfera privada. Quem está no barco vencerá! Quem deixar o barco perecerá nas águas oceânicas do mundo, que tem satanás como príncipe.

A sétima lição que o andar do Senhor sobre as águas nos transmite é que quem mantém uma genuína comunhão com Deus tem um andar diferenciado (Mt 14.25). “...foi Jesus ter com eles, andando sobre o mar”. As três barreiras clássicas que os cristãos enfrentam são conhecidas de todos, a saber: a carne, o mundo e o diabo. O mar, em certos contextos bíblicos, pode ser interpretado como o mundo, p.ex. Lucas 21.25; Apocalipse 13.1, isto é, as convulsões do mundo e o governo mundial do anticristo que surge no mundo. Viver vitoriosamente neste mundo só é possível na esfera do Espírito, o que implica um viver em contínua oração a Deus. Andar sobre as águas é andar vitoriosamente.

A oitava lição que o andar do Senhor sobre as águas nos transmite é que quem mantém uma genuína comunhão com Deus está preparado a qualquer hora (Mt 14.25). “...à quarta vigília da noite...” Isso significa que o cristão deve estar sempre pronto. Nosso Senhor ordena ao Seu povo a vigilância: “...vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o dono da casa; se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã...” (Mc 13.35). Só anda na quarta vigília da noite quem está acordado. A quarta vigília da noite precede o amanhecer do dia, que profeticamente significa a consumação da vitória.

A nona lição que o andar do Senhor sobre as águas nos transmite é que quem mantém um forte vínculo com Deus opera em qualquer lugar (Mt 14.25). “...foi Jesus ter com eles, andando sobre o mar”. O jovem José, filho de Jacó, foi vitorioso no Egito; Daniel e seus companheiros foram vitoriosos no cativeiro babilônico; a serva da esposa do general sírio Naamã, testemunhou de Deus na Síria. Andar sobre as águas significa não submergir nos sistemas socioculturais pagãos, negando a fé. Isso só é possível para quem vive em comunhão com Deus. Andar sobre as águas é manter a identidade cristã perante o mundo.

A décima lição que o andar do Senhor sobre as águas nos transmite é que quem mantém um forte vínculo com Deus torna-se um dado observável (Mt 14.26). “Os discípulos, porém, ao vê-lo andar sobre o mar...” O Senhor encarnado é o objeto da fé da igreja, isto é, da nossa fé cultual, mas já que o Senhor viveu como verdadeiro homem, não é herético interpretar o andar do Senhor sobre as águas como homem, isto é, como homem da fé. Ademais a Escritura nos diz: “...e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé”. (I Jo 5.4). O andar do Senhor nesse contexto comporta duas leituras, a saber: o Senhor como objeto da fé e o Senhor como tipo ideal da fé. Um andar diferenciado neste mundo só é possível na fé.

A décima primeira lição que o andar do Senhor sobre as águas nos transmite é que quem tem consciência do chamado divino não se deixa afastar do seu objetivo (Jo 6.15). “Percebendo, pois, Jesus que estavam prestes a vir e levá-lo à força para o fazerem rei, tornou a retirar-se para o monte, ele sozinho...” Aqui comporta duas leituras, a primeira destinada aos crentes em geral. Os cristãos tem seu perímetro de ação delimitado pelo Espírito Santo (Gl 5.16).Kenneth S. Wuest, especialista em grego, nos diz que o vocábulo Espírito (Santo) neste texto, está no locativo de esfera, e poder ser gramaticalmente por um ponto dentro de um círculo, e propõe a seguinte tradução: “Conduzi-vos constantemente na esfera do Espírito”. Equivale dizer que o cristão tem limite nos seus atos, isto é, seus trajes, locais de lazer, leitura, visão, etc. A outra leitura é para ministros que são tentados a abdicar a vocação por outras carreiras seculares: política, empreendimentos, etc.

A décima segunda lição que o andar do Senhor sobre as águas nos transmite é que quem segue o Senhor não pode perdê-Lo de vista (Mt 14.30). “Mas, sentindo o vento, teve medo; e começando a submergir...” Pedro mudou o foco de sua visão. Sem JESUS não há Evangelho a pregar, sem JESUS não há esperança de vitória, sem JESUS não há salvação. Temos também que nos acautelar com a Filosofia, pois ela pode bloquear o homem de sua devoção ao único Senhor.

Nada nas Escrituras é trivial; todo o registro bíblico contém alimento para a nossa alma. Portanto, alimentemo-nos com os atos de nosso Senhor JESUS Cristo. Amém!



Por: FRANCISCO GONÇALVES DA COSTA GOMES

(Fonte: MP.1554/Nov.2014)