A VERDADE:
"Declínio espiritual implica na ausência de conversões, de pregação, de ensino, de advertência, de acatamento à doutrina e de desprezo pelas verdades contidas na Palavra de Deus. Implica num evangelho nominal, num evangelismo canhestro, que não prima pela conservação dos bons costumes, pela transformação de vida daqueles que se agregam à igreja; que não enfatiza a necessidade dos dons espirituais, do poder de Deus para curar, para expulsar os agentes da maldade alojados em vidas despreparadas para combatê-los. Implica na ausência de evangelismo produtivo, na conformação com a pequenez e despreparo do rebanho, no desconhecimento do verdadeiro significado da salvação e da vida eterna".
A VERDADE EXPLICADA:
Parece bastante acirrada a proliferação de literatura destinada a disseminar um suposto declínio espiritual nas igrejas da atualidade. Discursos negativistas tentam, à guisa de exortação, mostrar a influência de comportamento social decadente nas atitudes dos crentes, em detrimento do que o apóstolo Paulo recomenda na sua epístola aos Romanos, capítulo 12, verso 2.
A várias igrejas da Ásia Menor foi recomendada uma volta aos princípios (Ap 2.4), mas isto não generalizava a existência de carência espiritual em todas as igrejas, a algumas das quais nenhum dom faltava (I Co 1.7; At 2.42,47). A outras a Escritura atribui notável grau de fé e caridade (Cl 1.4; I Ts 1.3; II Ts 1.3). Esse estado era, sem dúvida, reflexo da vida espiritual dos seus líderes (I Tm 1.2; 4.12), e, se alguns apresentavam restrições (Ap 3.15,19), não eram, contudo, motivo para vermos a Igreja como um todo mergulhada em declínio espiritual. Muito antes, podia-se encontrar mais exemplos positivos do que negativos (Hb 13.7,17; Cl 1.7).
Duas igrejas talvez pudessem ser espelho de declínio espiritual, mas a primeira (Gl 1.6-9), era vítima de inquietação por parte de falsos mas persuasivos doutrinadores, que desejavam misturar a graça de Cristo aos preceitos da lei; a segunda (Ap 3.17), sofria com a autossuficiência de seu líder, mas, ainda assim, estava colocada entre as amadas por Deus (verso 19), e que poderiam vir a sentar-se em tronos no Seu Reino.
Outras igrejas sofreram com falsos ensinadores. Uns ensinavam que a Igreja devia acatar o preceito da circuncisão (At 15.1); outros pregavam que a ressurreição já havia acontecido (I Ts 4.13-17; II Ts 2.1-3); outros, ainda, tentavam invalidar os ensinos apostólicos (I Co 4.18,10), e, finalmente, muitos tornavam-se apóstatas, chegando mesmo a práticas ocultistas dentro das igrejas (I Tm 4.1,2; Ap 2.9,20). Todos estes transes não significavam que a Igreja, como corpo de Cristo, chegasse a um declínio espiritual, desde quando o próprio Cristo declarou que as portas do inferno não prevaleceriam contra ela (Mt 16.18).
Declínio espiritual implica na ausência de conversões, de pregação, de ensino, de advertência, de acatamento à doutrina e de desprezo pelas verdades contidas na Palavra de Deus. Implica num evangelho nominal, num evangelismo canhestro, que não prima pela conservação dos bons costumes, pela transformação de vida daqueles que se agregam à igreja; que não enfatiza a necessidade dos dons espirituais, do poder de Deus para curar, para expulsar os agentes da maldade alojados em vidas despreparadas para combatê-los. Implica na ausência de evangelismo produtivo, na conformação com a pequenez e despreparo do rebanho, no desconhecimento do verdadeiro significado da salvação e da vida eterna.
Não se pode considerar em declínio espiritual uma igreja, cuja atividade evangelística é constante e eficaz na demonstração do amor pelas almas, cujo crescimento é visível, tanto quantitativa quanto qualitativamente; uma igreja onde os dons espirituais estão em prática, onde se percebe a obediência e operosidade dos jovens, empenhados no louvor e no testemunho, no proselitismo e na doutrinação. Uma igreja onde se verifica a preocupação pelos demais, através da oração, da intercessão, da libertação; onde se verifica o amor fraternal, pela prática de assistência social, do socorro aos crentes e descrentes, do cuidado com as crianças e da juventude, dos idosos, dos obreiros mais novos e dos novos convertidos.
Não se pode julgar em declínio espiritual uma igreja onde os preceitos da lei de Deus são observados sem contestação e sem reservas; uma igreja onde há trabalho para todos, homens, mulheres, jovens e meninos, seja em pregar, cantar, tocar instrumentos, ensinar na Escola Dominical, formular cursos bíblicos, preparar moças e rapazes por meio de palestras, seminários e aconselhamento; uma igreja onde o evangelismo é praticado pessoal e coletivamente, onde é feita visitação aos hospitais, presídios e manicômios, onde há propósito em favor das crianças e zelo pela vida material e espiritual dos semelhantes. E, sobretudo, uma igreja onde há união, a perfeita simbiose entre ministério e rebanho, irmanados em servir-se mutuamente e bem servir à causa de Deus.
Contra uma igreja assim, constantemente avivada, não poderão prevalecer as portas do inferno, representadas pela conformação com o mundo ou com qualquer tipo de comportamento social decadente.
Por: Miguel Vaz
(Fonte: MP. 1249/Mar.1991)
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