sexta-feira, 1 de novembro de 2019

SERVO DE TODOS

A VERDADE:
"Cada um de nós é chamado a desenvolver os talentos e as habilidades pessoais, com um fim benéfico para a coletividade".


A VERDADE EXPLICADA:
Há uma diferença fundamental entre a liderança praticada pelo mundo e a liderança sob o ponto de vista bíblico. JESUS ensinou e praticou um conceito radical de liderança que contradiz o conceito mundano de grandeza. Ele resumiu Seu conceito nesta frase: "...mas entre vós não será assim; antes, qualquer que, entre vós, quiser ser grande será vosso serviçal. E qualquer que, dentre vós, quiser ser o primeiro será servo de todos". (Mc 10.43,44). 

Ele usou duas palavras especiais nesta passagem para descrever liderança. A primeira é o substantivo grego diákonos, que quer dizer diácono ou servo (v.43). A segunda é o substantivo grego doulos, que significa escravo (v.44). A forma do verbo diakonéw significa prover ou cuidar de, ajudar, ministrar ou servir. Portanto, o nome ministro e o verbo ministrar, vieram, semanticamente, das respectivas formas diákonis e diakonéw.

Diákonos então significa aquele que governa e aquele que serve. O nome doulos significa no jugo de ou sujeito a. Esta palavra deve ter explodido como pólvora nos ouvidos dos seguidores de JESUS. Nada poderia ter sido mais repugnante ou detestável, para os judeus do primeiro século, do que a ideia de escravidão, amplamente difundida no Império Romano. Um historiador concluiu que, no Império Romano, havia a mesma quantidade de escravos que a de pessoas livres.

Pela lei, o escravo era classificado como propriedade e mercadoria. Ele não tinha direito algum nem podia possuir nenhuma propriedade. Até mesmo sua esposa e filhos não lhe pertenciam. Sendo assim, famílias inteiras poderiam ser separadas de acordo com a vontade de seu dono. Ser chamado de escravo era o pior de todos os insultos que alguém poderia suportar. Se uma pessoa chamasse a outra de escravo, isto resultaria em uma vida inteira de ódio, amargura e rivalidade entre eles.

Por terem os escravos tal reputação, as pessoas naturalmente rejeitavam e escarneciam de qualquer tipo de serviço que tivesse pequena semelhança com escravidão. Mesmo assim, JESUS usou as palavras servo e escravo para descrever o mais alto estilo de liderança. Antes que JESUS ensinasse sobre escravidão, Ele demonstrou o que significava ser um servo de verdade. Ele viveu como um escravo adotando este modelo e diretriz para Sua vida (Fp 2.5-11). A vida e o ministério de JESUS como Servo são vistos nos Evangelhos.

No inicio de Seu ministério, Ele retornou a Nazaré, onde havia crescido. Ele foi convidado, no sábado, para falar na Sinagoga. JESUS Se levantou para ler. Ele pegou o pergaminho de Isaías e começou a ler (Lc 4.18,19). Neste sermão inaugural, JESUS deixou claro que Sua vida seria de serviço.

Na noite antes de morrer, JESUS apresentou um dos mais belos ensinamentos sobre liderança. Ele e Seus discípulos se reuniram numa casa, em Jerusalém, para a última ceia. Naquela época, havia um costume de lavar os pés dos visitantes. O clima seco e as ruas sujas, deixavam as sandálias e os pés dos viajantes empoeirados. Lavar os pés era um ato de cortesia. Contudo, este ato era feito por um escravo. Evidentemente, não havia nenhum escravo naquela casa para lavar os pés de JESUS e os de Seus discípulos. E ninguém, se voluntariou para fazê-lo. 

Momentos antes, eles tiveram uma forte discussão sobre quem dentre eles seria o maior (Lc 22.24). Em silêncio, eles entraram na casa e se assentaram. Ninguém tomou a iniciativa de lavar os pés dos outros. Provavelmente, os discípulos estavam esperando para ver quem faria o primeiro movimento. De repente, para o maior espanto dos discípulos, JESUS Se levanta, arregaça as mangas e Se direciona para um lado da sala. Todos os olhos se voltam para Ele. Silenciosamente, JESUS apanha uma toalha, põe água na bacia, ajoelha-Se perto do primeiro discípulo e começa a lavar e a enxugar seus pés.

Quando JESUS Se ajoelhou perto de Simão Pedro, aquele sanguíneo pescador que havia sido transformado em discípulo, não se conteve e exclamou: "Ó Senhor, nunca, em tempo algum lavarás os meus pés!" Então, JESUS disse a Pedro que este não teria parte com Ele, se não O deixasse lavar-lhe os seus pés. Pedro, imediatamente, mudou o pensamento e sugeriu que JESUS lavasse-lhe, também, a cabeça e as mãos. Depois que lavou-lhes os pés e Se assentou à mesa, disse-lhes JESUS: "Entendeis o que vos tenho feito? Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, porque eu o sou. Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também". (Jo 13.12-15).

Naquela noite, JESUS ensinou a maior de todas as lições sobre liderança. Ele demonstrou que o trabalho do verdadeiro líder é o serviço em prol dos outros. A toalha e a bacia irão permanecer para sempre como símbolo da liderança crista.

LIDERAR, COM O CORAÇÃO DE SERVO.
Os relatos bíblicos sobre alguns servos de Deus mostram que suas vidas foram marcas pela humildade, pela obediência e pela auto-renúncia. Para sermos líderes de fato, precisamos ser servos. Este conceito de liderança é estranho e inaceitável para o mundo, mas para os olhos de Deus é o caminho da verdadeira alegria e grandeza. No exercício da liderança cristã, o caráter é mais importante do que as atividades. Os valores e as atitudes do crente se refletem em tudo o que ele é e faz. O estilo de vida de um líder servo segue valores diferentes do mundo. Ele precisa mais do que energia física para responder às exigências que o serviço lhe impõe, precisa de poder sobrenatural. Cristo é a principal fonte deste poder (Fp 4.13).

Através do Seu Espírito, JESUS vive em cada crente para guiar, ensinar, confortar, fortalecer e dar poder. A Bíblia é a segunda fonte de poder (Js 1.7). Ler e meditar na Palavra de Deus, todos os dias, nos dá força para servirmos os outros. A oração é a terceira fonte de poder (Ef 6.18; Is 65.24; Jo 15.7). Todos os líderes servos sentem a necessidade de manter um período a sós com Deus, diariamente, para a leitura bíblica e para a oração.

A comunhão com os crentes é a quarta fonte de poder para o líder servo (Sl 119.63; At 2.32; I Jo 1.7). Nada pode tomar o lugar da calorosa, amável e cuidadosa família de Deus.

Sabemos que a finalidade de nossa salvação é não só prepararmo-nos para o louvor de Deus no mundo vindouro, mas também, realizarmos, nesta vida, um serviço ao Único Senhor, servindo os outros em Seu Nome. O sentido todo da vida do crente em JESUS se entende como um ministério. Todo cristão, sem nenhuma exceção, é um ministro de Deus, na esfera e no campo onde vive.

Todo cristão deve administrar sua vida (mordomia), administrar tudo o que o Senhor JESUS tem confiado (inclusive Sua Palavra), de maneira que honre o "Dono de tudo", no que faz e onde quer que esteja. Isto é assim porque Ele, JESUS, nos deu o maior exemplo de Servo.


Por NELSON SALVIANO
(Fonte: RAIO DE LUZ nº 97/Abr.1995)

 



quarta-feira, 24 de julho de 2019

O FAROL DE DEUS

A VERDADE:
"...pelas entranhas da misericórdia do nosso Deus, com que o oriente do alto nos visitou, para alumiar os que estão assentados em trevas e sombra de morte, a fim de dirigir os nossos pés pelo caminho da paz". (Lc 1.78,79)


A VERDADE EXPLICADA:
Nos postos semafóricos, nos lugares de navegação perigosa, são colocados faróis, para comunicação de sinais e para iluminação de costas e baixios. Também, na popa das pequenas embarcações, põem-se faróis para servirem de guia a outras embarcações, durante a escuridão da noite, e a própria palavra farol, significa: "diretor, guia, norte, etc..."

O Senhor JESUS Cristo é o "farol" que Deus erigiu para orientação dos que navegam por entre os baixios e rochedos desta vida, arrostando a fúria dos vagalhões do mar agitado, em demanda do porto da eternidade. Esse glorioso Farol indica, à humanidade pecadora, o porto da salvação, e adverte-a sobre os escolhos existentes na costa.

É no Calvário -- ponto de contato, entre o Céu e a Terra, lugar onde se encontra um Deus ofendido, e uma humanidade criminosa -- que Ele se ergue, como que em desafio à noite caliginosa dos tempos.

Abramos a Bíblia Sagrada e vejamos alguns pontos luminosos, referentes a esse assunto, nos quais faremos fundamentar este texto concernente ao Farol que, há vinte séculos, ilumina o mundo, da colina do Calvário.

Balaão disse, do cume do Peor, ao contemplar as tendas de Israel: "Vê-lo-ei, mas não agora; contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó, e um cetro subirá de Israel..." (Nm 24.17). Isaías alçou o voo profético e falou, como se isso já houvesse acontecido: "O povo que andava em trevas viu uma grande luz, e sobre os que habitavam na região da sombra de morte resplandeceu a luz". (Is 9.2). Miquéias falou do "...Senhor em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade..." (Mq 5.2), e Malaquias disse que "...o sol da justiça e salvação trará debaixo das suas asas..." (Ml 4.2).

Efetivamente, quando o Senhor JESUS Cristo nasceu, em Belém de Judá, os pastores, que guardavam os seus rebanhos durante as vigílias da noite, foram cercados por um resplendor de luz do céu, e uma estrela resplandecente guiou os magos, a Belém, para adorarem Aquele a quem, oito dias depois, Simeão chamou "...luz para alumiar as nações e para glória de teu povo Israel". (Mt 2.9; Lc 2.9,32).

O apóstolo João diz, no primeiro capítulo do seu evangelho, considerado até hoje o maior compêndio de teologia existente: "Nele, estava a vida e a vida era a luz dos homens... (Jo 1.4).

A Sua vida aqui no mundo constituiu verdadeiros jorros de luz, desde o dia em que, aos doze anos, cintilou no templo, entre os doutores, até quando, pôde dizer, publicamente: "Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida..." (Jo 8.12). E, quando estava prestes a ir para o Pai, disse àqueles que, obstinadamente, O haviam rejeitado: "A luz ainda está convosco por um pouco de tempo; andai enquanto tendes luz, para que as trevas vos não apanhem, pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai. Enquanto tendes luz, crede na luz, para que sejais filhos da luz..." (Jo 12.35,36).

Perante os Seus discípulos, no monte Tabor, JESUS deixou que, por alguns minutos, a Sua divindade resplandecesse por sobre o véu da Sua humanidade (Mt 17). Depois de ressuscitado, ministrou luz aos Seus apóstolos, para que compreendessem as Escrituras (Lc 24.45) e, no dia de Pentecoste, distribuiu línguas de fogo, com todos os que se achavam reunidos no Cenáculo (At 2.3). Alguns anos mais tarde, cercou Saulo de Tarso, no caminho de Damasco, com um resplendor de luz celeste, transformando-o em apóstolo dos gentios, e elevando-o até o terceiro céu, para que visse e ouvisse coisas que, ao homem, não é lícito referi-las (At 9; II Co 12). Brilhou no cárcere, onde se achava Pedro e libertou-o (At 12), revelando-Se, ainda, a João na Ilha de Patmos, no meio de sete castiçais de ouro, tendo na destra sete estrelas, o rosto como o sol, quando resplandece em todo o seu fulgor, e os olhos como chamas de fogo (Ap 1.13-16).

Através dos séculos tem Ele brilhado no coração e na vida dos que O amam, e tem, também, obumbrado o brilho de Confúcio, Buda e Maomé, que não passaram de simples exalações fosfóricas, em comparação com o Farol que resplandece na colina do Gólgota -- JESUS!

Se alguém, ao ler este texto, encontra-se navegando sob as procelas do mar tormentoso desta existência, sem uma orientação segura, sob densa cerração, lance o seu olhar angustiado para o Oriente, e divisará, no cimo do Gólgota, o Farol de Deus, cujos raios indicam o porto da bem-aventurança, onde existe uma âncora segura e firme, que penetra até dentro do véu (Hb 6.19).
 

"Através do escuro mar,
Brilha a luz dos céus;
Rica luz se vê brilhar,
Do Farol de Deus".


(PONTOS LUMINOSOS/1987)









quarta-feira, 19 de junho de 2019

O EXEMPLO DOS PAIS NA FORMAÇÃO ESPIRITUAL DOS FILHOS

A  VERDADE:
"Pais espirituais geram filhos espirituais e pais carnais geram filhos carnais. Não podemos fugir dessa regra. Ou ensinamos os nossos filhos no caminho que devem andar ou seremos atingidos pelo sofrimento de vê-los fora da Casa de Deus. Ou praticamos sinceramente aquilo que ensinamos perante os nossos filhos ou estaremos criando personalidades rebeldes e desobedientes. É nossa obrigação viver de modo digno e honesto, sem deixar nenhuma brecha para o nosso adversário, a fim de que não entre e comprometa a educação que eles devem receber".


A VERDADE EXPLICADA:
Muitas vezes observamos na igreja pais aflitos rogando oração por seus filhos desviados ou problemáticos. Em alguns desses casos, eles parecem realmente estar com a razão, pois sabemos que o inimigo não perde sequer uma oportunidade para prejudicar o relacionamento de uma família. No entanto, temos notado muitos casos semelhantes que denotam, além de qualquer outra coisa, a falta de exemplo moral e espiritual dos pais, o que certamente compromete todo o trabalho educacional que legaram aos seus filhos.

Quando isso acontece não adianta simplesmente querer colocar a culpa no diabo, pois sabemos muito bem que os erros são nossos. Se ensinamos aos nossos filhos uma coisa e praticamos outra completamente diferente, não podemos esperar outro resultado que não seja o que tem acontecido em nosso meio: filhos de crentes desviados ou fracos na fé.

Os pais evangélicos temos uma grande responsabilidade: criar nossos filhos no caminho de Deus, ensinando-os a guardar todos os mandamentos e estatutos do Senhor. Se procedemos corretamente, dentro dos parâmetros bíblicos, colheremos resultados satisfatórios, mas se insistirmos numa pedagogia calcada num sistema hipócrita, só teremos decepções.

Neste tratado queremos analisar alguns fatores que produzem esses efeitos nefastos no seio da família evangélica, e ao mesmo tempo apresentar algumas sugestões, todas extraídas da Bíblia, para melhorar o rendimento da educação moral e espiritual que damos aos nossos filhos.

FALTA DE ORAÇÃO
A Palavra de Deus ensina que devemos orar por nossos filhos (Gn 17.18; I Cr 29.29; Jó 1.5; II Sm 12.16; Mc 5.23; Jo 4.46,49) e isso, muitas vezes, não acontece. Alguns pais só lembram de orar por seus filhos quando alguma coisa está errada; outros só oram nas reuniões oficiais da igreja, e uma grande parte, infelizmente, não ora nunca.

Quando falamos em oração não estamos nos referindo àquela oração formal, feita mais para descarrego da consciência, mas sim da oração sincera, movida pela preocupação de desenvolver em nossos filhos o exercício espiritual mais importante da vida cristã.

Outro fator importante na formação espiritual dos nossos filhos é o exemplo que passamos para eles. Não adianta ficarmos só no campo da teoria. É fundamental que as crianças observem em nosso viver diário a prática daquilo que estamos ensinando a elas. Nosso exemplo vivo fala mais alto do que as nossas palavras. Veja na Bíblia os diversos casos de pais que deram mau exemplo para os filhos e por isso colheram resultados amargos e dolorosos (I Re 22.53; II Cr 22.3; Jr 9.14; Am 2.4).

Não pensemos que os nossos filhos sejam incapazes de perceber a nossa hipocrisia. Tudo que acontece ao redor deles é perfeitamente apreendido, seja de uma forma direta ou indireta. Quando se tornam adultos, toda aquela carga de frustração e decepção vem à tona, o que prejudica tremendamente a saúde espiritual deles. A imagem de vida cristã que os pais transmitem para seus filhos é a que permanece em suas mentes por longos anos, só havendo mudança no momento em que nascem de novo e recebem a mente de Cristo.

Portanto, a falta de oração correta junto aos nossos filhos pode causar problemas sérios na vida deles e, a não ser que revisemos nossa prática nesse sentido, muitos outros casos continuarão a aparecer em nosso meio. É necessário dedicarmos um tempo aos nossos filhos, a fim de ensiná-los a orar correta e biblicamente, pois se não agirmos dessa maneira corremos o risco de vê-los longe do Senhor.

ENSINO BÍBLICO
Muitos pais pensam que a responsabilidade de ensinar os seus filhos nos preceitos da Palavra de Deus termina nas classes da Escola Bíblica. Transferem para os professores uma tarefa que compete, prioritariamente, a eles executar: a educação espiritual e moral de seus filhos. Seguindo este pensamento, muitos pais dão-se por satisfeitos com o simples fato de que sua prole frequente regularmente uma igreja evangélica.

Acontece que isso não é suficiente para formar um caráter cristão sólido e desenvolver uma vida espiritual sadia em nossos filhos. É importante que os próprios pais se preocupem em passar conhecimentos sólidos e informações úteis tirados do Livro Santo para as crianças. Nos tempos antigos os pais não contavam com o auxílio precioso da Escola Dominical; eles mesmos instruíam os filhos no temor de Deus, e a maioria deles permanecia fiel aos princípios divinos, não se desviando nem para a direita nem para a esquerda. Vejamos o caso de Abraão e Isaque, por exemplo.

Tudo o que estamos explanando é uma questão de lei espiritual. Pais espirituais geram filhos espirituais e pais carnais geram filhos carnais. Não podemos fugir dessa regra. Ou ensinamos os nossos filhos no caminho que devem andar ou seremos atingidos pelo sofrimento de vê-los fora da Casa de Deus. Ou praticamos sinceramente aquilo que ensinamos perante os nossos filhos ou estaremos criando personalidades rebeldes e desobedientes.

Outro fator importante a ser observado diz respeito à realização do culto doméstico. Já ouvimos uma história que exemplifica o que não se deve fazer numa reunião desse tipo. Um certo pai, crente zeloso e sincero, sem respeitar o livre arbítrio e o espírito voluntário dos filhos, obrigava-os a se levantarem bem cedo para o culto matutino. Depois que todos estavam a postos, o pai começava a reunião cantando um hino e, logo após, fazia uma leitura bíblica extraída da Almeida, versão corrigida. Após breve comentário, passava-se ao momento de oração. Ao término do culto doméstico cada um ia para o seu lugar, sem maiores explicações.

Essa prática não era correta, uma vez que não respeitava alguns requisitos básicos para uma boa educação das crianças. Em primeiro lugar, julgamos errado obrigar os filhos a participarem do culto doméstico. O correto seria ensiná-los e incentivá-los a essa prática salutar e nunca passar a imagem de que aquilo é uma obrigação. Em segundo lugar, aquele pai não respeitava o universo mental dos seus filhos e os forçava a ler a Bíblia numa versão para adultos, ao invés de utilizar material próprio para aquela faixa etária. Por último, aquele pai errava por achar que tão-somente a realização do culto doméstico era suficiente para educar os filhos e que não precisava "perder" mais tempo conversando com eles.

Resultado dessa prática equivocada: a maioria de seus filhos está desviada e os que permaneceram na Casa de Deus são crentes fracos na fé. Os próprios filhos relataram a decepção que tiveram, por não terem recebido um bom lastro espiritual e um bom exemplo de vida cristã da parte dos pais.

VIDA PRÁTICA
Muitos pais são excelentes como professores, ou seja, sabem muito bem o que, quando e como ensinar aos seus filhos. No entanto, quando chega a hora de praticar aquilo que ensinaram deixam muito a desejar. O exemplo de vida cristã é muito importante para o desenvolvimento espiritual e moral dos nossos filhos. Não adianta ensinar as crianças a orar se nós não oramos. Não adianta incentivar nossos filhos a ler a Bíblia se nós não nos preocupamos com essa prática salutar. Não adianta muito obrigar os nossos filhos a frequentar as reuniões da igreja se nós mesmos demonstramos insatisfação em caminhar para a Casa de Deus.

A maneira como vivemos e andamos na presença do Senhor influencia grandemente a ideia que os nossos filhos tem do cristianismo. É nossa obrigação viver de modo digno e honesto, sem deixar nenhuma brecha para o nosso adversário, a fim de que não entre e comprometa a educação que devem receber. Portanto, evitemos todas as práticas que possam prejudicar a vida espiritual de nossa descendência.

Segundo as Escrituras Sagradas, um dos sinais dos últimos dias é a desobediência dos filhos aos pais (II Tm 3.2) e isso realmente tem acontecido em quase todos os quadrantes da terra. Portanto, os pais temos que vigiar e orar a fim de não sermos enganados pelas artimanhas do inimigo. Vamos educar nossos filhos com correção e sabedoria no caminho do Senhor (Pv 22.6), para que eles sejam uma bênção  para todos.


Por   Reginaldo de Souza
("A Seara" 311/Abr.1991)

quarta-feira, 5 de junho de 2019

MONOTEÍSMO CRISTÃO - Parte VI

 A VERDADE:
"Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR". (Deuteronômio 6.4)
"...mas Deus é um". (Gálatas 3.20)


A VERDADE EXPLICADA:

O ANJO DO SENHOR
Alguns dos numerosos aparecimentos do "Anjo do SENHOR" parecem ser teofanias. O Anjo do SENHOR apareceu a Hagar, falou como se fosse Deus, e ela o chamou de Deus (Gn 16.7-13). A Bíblia diz que o Anjo do SENHOR apareceu a Moisés na sarça ardente, mas a seguir afirma que Deus falou a Moisés, naquela ocasião (Ex 3; At 7.30-38). Êxodo (13.21) diz que o SENHOR ia adiante de Israel, como uma coluna de nuvem, enquanto em 14.19 diz que o Anjo de Deus era coluna de nuvem. O Anjo do SENHOR apareceu a Israel, em Juízes (2.1-5) e falou como Deus. Em 6.11-24 descreve o aparecimento do Anjo do SENHOR a Gideão, e, a seguir, diz que o SENHOR olhou para Gideão. Em outra ocasião, o Anjo do SENHOR apareceu a Manoá e à sua mulher, e eles acreditaram ter visto a Deus (Jz 13.2-23).

Em outras visitas do Anjo do SENHOR, não encontramos indícios de que fossem manifestações do próprio Deus, mas, frequentemente, as pessoas entendem que sim. Exemplos disso são os aparecimentos a Abraão, no Monte Sinai, e a Balaão (Gn 22.11-18; Nm 22.22-35). Às vezes, o Anjo do SENHOR é, claramente, não uma manifestação de Deus, mas um anjo identificado como um outro ser separado do SENHOR Deus. Exemplos disso são os aparecimentos a Davi e a Zacarias (II Sm 24.16; I Cr 21.15-30; Zc 1.8-19). O Anjo do SENHOR, no Novo Testamento, aparentemente não é senão um anjo e, com certeza, não se trata de JESUS Cristo (Mt 1.20; 2.13; 28.2; At 8.26).

Ao analisar todos estes versículos das Escrituras, alguns afirmam que o Anjo do SENHOR é sempre uma manifestação direta de Deus. No entanto, alguns dos exemplos já mencionados não sustentam esse ponto de vista, e dois deles, na verdade, o contradizem. Outros dizem que o Anjo do SENHOR é uma manifestação de Deus em alguns exemplos, mas não em outros. Esse segundo ponto de vista parece estar mais de acordo com as Escrituras.

Um terceiro ponto de vista, entretanto, afirma que o Anjo do SENHOR nunca é o SENHOR, mas sempre, literalmente, um anjo. Sustentam essa argumentação, dando ênfase ao fato de que anjos são porta-vozes, mensageiros e agentes de Deus. Em outras palavras, esse modo de pensar sustenta ser apropriado dizer "o SENHOR disse" ou "o SENHOR fez", mesmo que Ele tenha dito ou feito pela intervenção de um anjo. De acordo com esse ponto de vista, a descrição de um ato de Deus relatado como um aparecimento angelical é um modo resumido de dizer que Deus agiu através do anjo.

Uma vez que os escritores bíblicos deixaram claro, desde o princípio dos relatos, que um anjo foi o agente direto, não há porque existir ambiguidades ou discrepâncias. Sob este raciocínio, as pessoas que tomaram conhecimento da visita de Deus, ou estavam enganadas em sua crença de que tinham visto o próprio Deus, ou, mais provavelmente, reconheceram que Deus estava usando um anjo para falar com elas e, portanto, se dirigiram a Deus, através do anjo. Não há outra maneira de se reconciliar este terceiro ponto de vista com os versículos das Escrituras que identificam o Anjo do SENHOR com o SENHOR mesmo; quer dizer, o anjo apareceu visivelmente, mas o SENHOR também estava presente de maneira invisível. Asism sendo, as referências ao SENHOR agindo ou falando podem significar, literalmente, o SENHOR e não o anjo.

Resumindo, é evidente que o Anjo do SENHOR, no Antigo Testamento, não era sempre Deus mesmo. Uma pessoa pode argumentar plausivelmente, que o anjo do SENHOR não era nunca uma real teofania, mas não pode seriamente sustentar que o Anjo do SENHOR era sempre uma teofania. A explicação mais simples é que a expressão "Anjo do SENHOR", às vezes se refere a uma teofania de Deus, mas, outras vezes, indica nada mais que um simples anjo.

Um estudioso trinitariano resume assim o ponto de vista predominante:

"No Antigo Testamento, o Anjo do SENHOR podia ser apenas um mensageiro de Deus (a própria palavra em hebraico significa mensageiro), distinto do próprio Deus (II Sm 24,16), ou podia ser identificado com o próprio SENHOR falando na primeira pessoa. É característico das teofanias do Antigo Testamento o fato de Deus não poder ter Sua forma delineada... Deus é livre para tornar Sua presença conhecida, mesmo quando os seres humanos precisam ser protegidos de Sua presença imediata".

MELQUISEDEQUE
Muitos entendem Melquisedeque como uma teofania (Gn 14.18). Hebreus (7.3) diz que ele era sem pai, sem mãe e sem genealogia. Isso pode significar que ele era Deus em forma humana, ou pode simplesmente significar que sua origem genealógica não tinha registro. Hebreus (7.4) o chama de homem. Independentemente do fato de ser considerado homem comum ou uma teofania de Deus em forma de homem, ele foi um tipo ou símbolo de JESUS Cristo (Hb 7.1-17).

O QUARTO HOMEM NO FOGO
Uma suposta teofania é o quarto homem que apareceu no fogo, quando Sadraque, Mesaque e Abede-Nego foram lançados na fornalha (Dn 3.24,25). O rei pagão, Nabucodonosor, disse: "Eu, porém vejo quatro homens soltos... e o aspecto do quarto é semelhante a um filho dos deuses..." (Dn 3.25). Algumas versões dizem "ao Filho de Deus". No entanto, na linguagem original (aramaico) não existe o artigo definido antes da palavra Filho; isto é, não há o artigo "o" antes de Filho nessa passagem. O rei estava usando terminologia pagã e não tinha conhecimento da futura vinda do Filho unigênito de Deus. Muito provavelmente o rei viu um anjo, porque ele descreveu a aparição como um anjo (Dn 3.28). Parece que a expressão "um filho dos deuses" pode se referir a seres angelicais (Jó 38.7). Quando muito, o que Nabucodonosor viu pode ter sido apenas uma temporária teofania de Deus. Essa não era, com certeza, uma visão do Filho de Deus descrito no Novo Testamento, porque o Filho ainda não tinha nascido e a filiação ainda não tinha começado.

HÁ TEOFANIAS NO NOVO TESTAMENTO?
O Novo Testamento não registra nenhuma teofania de Deus em forma humana a não ser JESUS Cristo. JESUS, naturalmente, era mais que uma teofania; Ele era não apenas Deus aparecendo na forma de um homem, mas Ele era Deus vestido com verdadeiro corpo humano. O Anjo do Senhor em Mateus (1.20; 2.13; 28.2) e Atos (8.26) parece ser apenas um anjo, nada mais; não há evidência em contrário. Está claro nessas passagens, que o anjo não é JESUS Cristo.

Isso está de acordo com a conclusão de que o Anjo do SENHOR no Antigo Testamento não era sempre o próprio SENHOR. A única possível teofania do Novo Testamento é a pomba, no batismo de JESUS. Por que essa falta de teofanias no Novo Testamento? A razão é que não há necessidade delas. Deus Se revela completamente em JESUS Cristo. JESUS descreve e revela completamente o Pai (Jo 1.18). JESUS é a imagem expressa do Deus invisível, o brilho de Sua glória, e a imagem expressa de Sua pessoa (Cl 1.15; Hb 1.3).

CONCLUSÃO
No Antigo Testamento, Deus resolveu revelar aspectos de Sua natureza ao homem, através de várias teofanias. Essa revelação progressiva de Deus, através das teofanias, culminou e encontrou cumprimento perfeito em JESUS Cristo, na era do Novo Testamento. Isso nos leva à grande verdade de que JESUS é o único Deus do Antigo Testamento. 


continua...
(David K.Bernard)


quarta-feira, 29 de maio de 2019

RESSUSCITOU JESUS REALMENTE DA MORTE?


A VERDADE:
E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens”. (I Co 15.17-19)


A VERDADE EXPLICADA:
JESUS levantou do túmulo ou Seus ossos estão enterrados em alguma sepultura na Palestina? A resposta para esta pergunta é muito importante, pois envolve o principal argumento da fé cristã. Paulo escreveu que se JESUS não ressuscitou da morte, então os apóstolos foram testemunhas falsas a respeito de Deus: “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados”. (E ainda mais: os que dormiram em Cristo, pereceram.) “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens”. (I Co 15.17-19).

Desde o Dia de Pentecostes, quando Pedro proclamou publicamente que “Deus ressuscitou a esse Jesus, do que todos nós somos testemunhas” (At 2.32), esta tem sido a parte central da mensagem cristã.

Repetidas vezes JESUS disse a Seus discípulos que seria morto pelos judeus e então ressuscitaria do túmulo ao terceiro dia (Mt 16.21; 19.9; Lc 9.22-27). Contudo Seus discípulos não entendiam o que Ele queria dizer e Sua morte apanhou-os desprevenidos. Eles passaram aquele doloroso fim de semana temerosos de que seriam também mortos. Por 40 dias JESUS apareceu aos Seus discípulos. Eles viram o túmulo vazio e ficaram convencidos de que JESUS estava vivo.

A Bíblia fala de muitas pessoas que foram ressuscitadas. Elas foram simplesmente restauradas à sua forma anterior, apenas para morrer outra vez. JESUS ressuscitou para nunca mais morrer. Porque JESUS ressuscitou dessa maneira, nós também temos esperança de ressuscitar, não apenas como um espírito sem corpo, mas com um corpo ressurreto (I Co 15).

Mas, levantou realmente JESUS do túmulo ou é imaginação de Seus discípulos? Muitos tem tentado provar que JESUS não ressuscitou. Alguns tem dito que a história da ressurreição foi inventada pela Igreja um ou dois séculos mais tarde. Mas, agora, nós temos um fragmento do Evangelho de João datado não além de 135 A.D. provando que os Evangelhos foram escritos no primeiro século não muito depois dos fatos por eles relatados.

Descobertas durante o século passado tem de tal maneira autenticado a existência de um homem chamado JESUS que foi crucificado sob o poder de Pôncio Pilatos que nenhum historiados poderia dizer que o fato nunca aconteceu.

Mas, estava JESUS realmente morto? Alguns tem tentado argumentar que JESUS estava apenas desmaiado quando os romanos o retiraram da cruz e que restabeleceu-Se no túmulo fresco. Ele levantou-Se do túmulo, apareceu aos discípulos e mais tarde morreu.

Mas JESUS tinha estado sem dormir por 36 horas antes de ser levado a julgamento. Ele havia sido chicoteado de tal maneira que Sua força havia se acabado. Certamente uma pessoa nesta condição, e ainda com uma grande perda de sangue causada por uma lança cravada em Seu lado, não poderia restabelecer na frieza de um túmulo. A frieza apenas apressaria a morte.

E quanto aos guardas e a pedra (Mt 27.62-66)? Não, nós devemos concluir que JESUS estava realmente morto! 

Outros tem tentado provar que as mulheres e os discípulos, sendo estranhos na cidade, se enganaram e foram ao túmulo errado. Se este fosse o caso, certamente os oficiais judeus teriam apresentado o corpo, pois os discípulos estavam excitando toda a cidade com seus brados de que JESUS estava vivo. A única razão lógica para os judeus não terem apresentado o corpo de JESUS é a de que eles não O tinham.

O que aconteceu com o corpo? Alguns argumentaram que os discípulos levaram para longe o corpo de JESUS. Os oficiais judeus espalharam esta história depois do desaparecimento do corpo (Mt 28.13).

Isto proporia três problemas: primeiro, os guardas não teriam permitido que O roubassem, pois teriam que pagar com suas próprias vidas. Segundo, como explicaríamos as aparições depois da ressurreição para mais de 500 pessoas ao mesmo tempo? E, por último, se os discípulos tinham conspirado e planejado esconder o corpo, certamente um deles teria eventualmente contado tudo.

Charles Colson, que foi envolvido no caso Watergate ponderou isto, pelo fato de que ele mesmo esteve envolvido em uma situação semelhante. O círculo dos envolvidos possuía um álibi perfeito, já que todos estavam fechados dentro dele. Mas quando um, do círculo, falou, imediatamente todos procuraram contratar um advogado buscando uma sentença mais leve.

Consideremos o destino dos discípulos. Todos eles, exceto João, morreram por causa de sua fé, contudo nenhum deles recuou, mesmo quando encararam morte certa. Os discípulos nada tinham a ganhar roubando Seu corpo e proclamando que Ele ressuscitou.

Uma outra explicação é que os discípulos, na realidade, não viram JESUS depois que Ele morreu. Eles tiveram alucinações e visões, mas JESUS estava ainda no túmulo. Há dois problemas nisto. Primeiro, tudo que os judeus deveriam fazer era apresentar o corpo de JESUS e o assunto se dissiparia.

Segundo, as aparições de JESUS não se assemelhavam ao modelo normal de alucinações. As pessoas às vezes julgam ver seus entes queridos que já partiram, mas apenas individualmente. Grupos de pessoas não tem alucinações ao mesmo tempo. Nem as alucinações acontecem em locais variados; a tendência é ocorrer sob as mesmas circunstâncias cada vez. Alucinações também não podem parar subitamente, mas vagarosamente vão se tornando menos frequentes. Não, as aparições  após a ressurreição de JESUS não podiam ter sido alucinações.

A que conclusão chegamos? Nós devemos concluir que o túmulo de JESUS está vazio e tem estado assim desde aquela manhã de Páscoa, há mais de 2000 anos. Que diferença faz a ressurreição de JESUS? Por que Ele teve que ressuscitar? Por que, simplesmente, Ele não podia voltar para o céu?

A ressurreição demonstrou duas coisas. Primeiro, provou aos discípulos e a todos os que creram que JESUS era o Messias, o Salvador do mundo. Ela comprovou que o que JESUS havia dito de Si mesmo, do céu e de Deus era verdadeiro. Ele também mostrou que nós servimos a um SENHOR vivo, não a alguém confinado a um túmulo. JESUS está vivo hoje!

Segundo, porque JESUS ressuscitou nós temos a esperança de também ressuscitar e viver eternamente com Ele. Pouco tempo antes de ser crucificado, JESUS disse a Seus discípulos: “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora,eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E quando eu for, e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para mim mesmo, para que onde eu estou estejais vós também...” (Jo 14.2,3).

Nossa salvação depende de crer na ressurreição de JESUS. “Se com a tua boca confessares a Jesus  como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo...” (Rm 10.9).


Autor: John M.Elliot
(MP 1199/Mar.1987)







quarta-feira, 22 de maio de 2019

MONOTEÍSMO CRISTÃO - Parte V

A VERDADE:
"Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR." (Deuteronômio 6.4)
"...mas Deus é um". (Gálatas 3.20)


A VERDADE EXPLICADA:

Teofanias
Um meio pelo qual Deus Se revelava aos homens e tratava com eles no Antigo Testamento era através das teofanias. Uma teofania é uma manifestação visível de Deus e, normalmente, de natureza temporária. Ele Se manifestava em uma forma física. Embora não possamos ver o Espírito de Deus, podemos ver uma representação de Deus. Vejamos alguns modos pelos quais Deus escolheu Se manifestar, no antigo Testamento.

Para Abraão, Deus apareceu como uma visão, como um fogareiro fumegante, como uma tocha de fogo, e como homem (Gn 15.1, 17; 18.1-33). Neste último exemplo, Deus e dois anjos apareceram em forma de três homens (Gn 18.2), e comeram a comida providenciada por Abraão. Os dois anjos partiram para Sodoma, e Deus permaneceu para conversar com Abraão (Gn 18.22; 19.1).

Deus apareceu a Jacó como um homem e em sonho (Gn 28.12-16; 32.24-32). Por ocasião do sonho, Jacó lutou com o homem e proclamou, "...vi a Deus face a face..." A Bíblia descreve, também, essa aparição como "o Anjo" (Os 12.4). Deus apareceu a Moisés numa nuvem de glória e como fogo, no Monte Sinai; falou com ele face a face, no Tabernáculo, e revelou-lhe Suas costas (glória parcial), mas não Sua face (toda Sua glória - Ex 24.12-18; 33.9-11; 18-23). Essas referências à face de Deus e à glória de Deus provavelmente são metáforas da presença de Deus e podem se aplicar a muitos diferentes tipos de manifestações.

Deus Se manifestou à nação de Israel, através de trovões, raios, nuvem, voz de trombeta, fumaça, fogo e terremotos (Ex 19.11-19; Dt 5.4,5 22-27). Ele também mostrou Sua glória e enviou fogo de Sua presença diante de todo o Israel (Lv 9.23,24; 10.1,2).

Jó viu a Deus num redemoinho (Jó 38.1; 42.5). Vários profetas viram manifestações de Deus (Is 6; Ez 1.26-28; 8.1-4; Dn 7.2,9; Am 9.1). Para Ezequiel, Ele apareceu na forma de um homem envolto em fogo. Para Daniel, Ele apareceu numa visão noturna, como o Ancião de Dias. Muitos outros versículos das Escrituras nos revelam que Deus apareceu a alguém, mas não nos falam de que modo Ele o fez. Por exemplo, Deus apareceu a Abraão, Isaque, Jacó e Samuel (Gn 12.7; 17.1; 26.2,24; 35.9-15; I Sm 3.21). Do mesmo modo, Deus desceu sobre o Monte Sinai e permaneceu com Moisés; revelou-Se a setenta e quatro líderes de Israel; desceu em coluna de nuvem e permaneceu diante de Moisés, Arão e Miriã; encontrou-Se com Balaão, à noite e em mais duas outras ocasiões (Ex 34.5; 24.9-11; Nm 12.4-9; 23.3-10, 16-24).

Além das aparições acima mencionadas, a Bíblia registra outras manifestações que muitos acreditam ser o próprio Deus. Em Josué (5.13-15), um homem que trazia uma espada na mão, apareceu a Josué e se identificou como "o príncipe do exército do SENHOR". Esse título, e o fato de que Ele não repreendeu Josué por adorá-Lo (diferentemente do que vemos em Apocalipse 19.9,10; 22.8-10), sugerem que esta foi realmente uma manifestação de Deus. Por outro lado, a maneira como se relata essa passagem deixa margem à afirmativa de que Josué mão tenha adorado o príncipe, mas a Deus por causa da aparência do príncipe.


continua...
(David K.Bernard)


quarta-feira, 15 de maio de 2019

UMA ÓRFÃ TORNA-SE RAINHA

A VERDADE:
"Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito. Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte". (Rm 8.1, 2)


A VERDADE EXPLICADA:
O livro de Ester relata a tentativa de satanás em destruir a linhagem de JESUS Cristo por meio do aniquilamento de toda a raça judaica. Deus, porém interveio na história pela atuação de uma órfã e de seu pai adotivo, e o plano diabólico foi anulado.

Ester, órfã judia, criada por seu primo Mardoqueu, foi escolhida entre as 127 moças do Império Medo-Persa, para residir no palácio de Susã, casando-se com Assuero. Passados cinco anos, Ester fez uso do seu privilégio real para interceder em favor de seu povo, os judeus, quando estes foram ameaçados de extinção.

CONSPIRAÇÃO DE HAMÃ
O primeiro ministro Hamã, sendo um homem extremamente vaidoso, exigiu que todos no palácio se curvassem diante dele, como se fosse um deus humano. Mardoqueu, judeu devoto e justo, recusou praticar tal ato, e Hamã ficou tão furioso que planejou matar não somente Mardoqueu, mas também todo o povo judeu.

O malvado Hamã persuadiu o rei Assuero a decretar a total destruição do povo judeu por todo o Império Medo-Persa; escolheu-se uma data futura, distante onze meses. Mas Deus não foi apanhado de surpresa por esta aparente tragédia. O SENHOR já tinha preparado uma solução para esta crise antes do problema tomar corpo.

A DECISÃO DE ESTER
O plano de Deus contava com a cooperação da rainha Ester. Mardoqueu pediu que ela se apresentasse diante do rei para rogar em favor da vida do seu povo. Tal ato seria considerado presunçoso e podia custar a vida à rainha. Fazia trinta dias que Ester não era chamada à presença do rei, e Hamã era o amigo mais íntimo deste. 

Ester quis recusar, mas o primo advertiu-a: "Porque, se de todo te calares neste tempo, socorro e livramento doutra parte virá para os judeus, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se para tal tempo como este chegaste a este reino?" (Et 4.14). Quando ela se atreveu a apresentar-se diante do rei sem ser chamada, este lhe estendeu o cetro de honra e recebeu-a com muito prazer. Mandou-lhe que pedisse qualquer favor dele, e Ester pediu somente que o rei e Hamã assistissem a um banquete com que ela iria brindá-los naquela noite. Nesse faustoso banquete, Ester não quis revelar a natureza do seu verdadeiro pedido, mas convidou o rei e o primeiro ministro a mais um banquete no dia seguinte.

O rei no palácio, padecia insônia. Para aliviar as horas da noite passada em claro, ele divertia-se lendo as crônicas do seu reinado. Até a madrugada, deparou com o relato do ato de Mardoqueu ao descobrir uma conspiração contra a vida do rei. Dando-se conta de que o gesto generoso de Mardoqueu nunca fora galardoado o rei pediu que algum conselheiro lhe aconselhasse a esse respeito. Neste exato momento, Hamã entrou no palácio (para outros fins!) e foi chamado à presença do rei.

Assuero perguntou o que se deveria fazer para honrar uma certa pessoa, e Hamã naturalmente supôs que essa pessoa fosse ele mesmo. Por isso, recomendou que a tal pessoa fosse levada a passear à cavalo pela cidadela de Susã, conduzido por algum oficial da Corte, que apregoasse os seus feitos para todo o público ouvir. Ignorava ele que acabara de recomendar a elevação do seu grande inimigo Mardoqueu! E Hamã foi indicado para essa tarefa, imagine a que humilhação passou.

À noite, durante o segundo banquete, o rei não pode mais refrear a sua curiosidade, e rogou a Ester que lhe revelasse o conteúdo do seu pedido. Ester sentiu que era chegada a hora escolhida por Deus para falar abertamente e pediu encarecidamente que fosse salva a sua vida e a de seu povo dos malévolos planos elaborados por Hamã.

Ouvindo esta acusação e denúncia, o rei ficou furioso e saiu ao jardim para pensar alguns minutos, talvez no valor da sua rainha e do seu primeiro ministro. Ao entrar de novo na sala de banquetes viu que Hamã estava caído sobre o sofá da rainha.  Tal cena incriminante fez com que Assuero mandasse matar o seu primeiro ministro. Um dos servos lembrou-lhe a existência da nova forca, e, ali, o próprio Hamã foi enforcado no dia seguinte.

A lei Medo-Persa não permitia a anulação de decretos reais já baixados. Por isso o ataque teria que se realizar. Mas o rei bem podia emitir um segundo decreto cuja finalidade fosse diminuir os efeitos do primeiro. Complementado, Assuero decretou que os judeus podiam reunir-se e portar armas em defesa própria. No dia do ataque tão temido, Deus trouxe uma grande vitória para os judeus.

O decreto imutável que sentenciava a raça judaica à morte, nos lembra outra lei imutável -- a do pecado e da morte. Deus decretou que todo pecado seja castigado com a morte. Tal lei não podia ser anulada, nem modificada. Porém emitiu-se um segundo decreto -- a lei do espírito de vida, que possibilitava a isenção da maldição da primeira lei. Esta segunda lei outorgava a vida eterna.

"Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito. Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte". (Rm 8.1, 2)



Wanda Watzeck Neves
(Informativo União/Jul.1990)

quarta-feira, 8 de maio de 2019

MONOTEÍSMO CRISTÃO - Parte IV

A VERDADE:
"Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR". (Deuteronômio 6.4)
"...mas Deus é um". (Gálatas 3.20)


A VERDADE EXPLICADA:
DEUS É ONISCIENTE
Salmos 139.1-6 nos ensina que Deus sabe todas as coisas, inclusive nossos movimentos, pensamentos, procedimentos, caminhos e palavras. Jó confessou: "Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado..." (Jó 42.2). Deus tem o conhecimento completo de todas as coisas, inclusive o conhecimento antecipado do futuro (At 2.23). Como a onipresença, a onisciência é um atributo que pertence apenas a Deus. Ele é o "Deus único" (I Tm 1.17). A Bíblia não identifica nenhum outro ser (incluindo satanás) que possa ler os pensamentos do homem, prever o futuro com exatidão, ou saber tudo o que há para ser conhecido

DEUS É ONIPOTENTE (=Todo-Poderoso)
Muitas vezes, através da Bíblia, Deus chama a Si mesmo de Todo-Poderoso (Gn 17.1; 35.11; etc). Ele detém todo o poder que existe e nenhum ser pode exercer qualquer poder que não lhe tenha sido outorgado por Deus (Rm 13.1). Apenas Deus é onipotente, pois apenas um ser pode deter todo o poder. I Timóteo (6.15) descreve Deus como "...bendito e único soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores". Os santos de Deus, nos céus, proclamarão "Aleluia; pois reina o Senhor nosso Deus, o Todo-Poderoso" (Ap 19.6). Deus descreve maravilhosamente Sua grande onipotência em Jó, capítulos 38 a 41.

As únicas limitações de Deus são aquelas que Ele voluntariamente colocou sobre Si mesmo, ou aquelas resultantes de Sua natureza moral. Sendo santo e sem pecado, Ele permanece dentro de Suas próprias limitações morais. É impossível, portanto, para Deus mentir ou contradizer Sua própria Palavra (Tt 1.1; Hb 6.18).

DEUS É ETERNO
Deus é eterno, imortal e viverá para sempre (Dt 33.27; Is 9.6; I Tm 1.17). Ele é o primeiro e o último (Is 44.6). Ele não tem começo, nem terá fim; outros seres dotados de espírito, inclusive o homem, são imortais no que se refere ao futuro, mas apenas Deus é eterno no passado e no futuro.

DEUS É IMUTÁVEL (=Não muda)
O caráter e os atributos de Deus nunca mudam: "Porque eu, o SENHOR, não mudo..." (Ml 3.4). É verdade que Deus, às vezes, se arrepende (muda Seu curso de ação em relação ao homem), mas isso acontece apenas porque o homem muda suas ações. A natureza de Deus permanece a mesma; apenas Seu futuro curso de ação se modifica, para corresponder às mudanças do homem. Por exemplo, o arrependimento de Nínive fez Deus mudar Seus planos de destruir aquela cidade (Jn 3.10). A Bíblia também relata, às vezes, o arrependimento de Deus no sentido de comover-Se e entristecer-Se, mais do que no sentido de mudança de Seu pensamento (Gn 6.6).

DEUS TEM INDIVIDUALIDADE, PERSONALIDADE E RACIONALIDADE.
Deus é um ser inteligente, com vontade (Rm 9.19) e capacidade de raciocinar (Is 1.18). Ele tem uma mente inteligente (Rm 11.33, 34). O fato de o homem ser capaz de ter emoções indica que Deus tem emoções, pois o homem foi criado por Deus à Sua própria imagem (Gn 1.27). A natureza emocional essencial de Deus é o amor, mas Ele tem muitas emoções, tais como prazer, piedade ou compaixão, ódio ao pecado e zelo pela justiça (Sl 18.19; 103.13; Pv 6.16; Ex 20.5). Ele demora a Se zangar, mas pode ter Sua ira provocada (Sl 103.8); Dt 4.15). Podemos entristecer a Deus (Gn 6.6), e podemos bendizê-Lo (Sl 103.1). Suas emoções, naturalmente, transcendem nossas emoções, mas somente podemos descrevê-Lo usando os termos que descrevem as emoções humanas.

OS ATRIBUTOS MORAIS DE DEUS
"Deus é amor" (I Jo 4.6, 16). O amor é a essência de Deus; Ele é Sua verdadeira natureza. Deus tem muitos outros atributos e qualidades, muitos dos quais prolongamentos de Seu amor.

A NATUREZA MORAL DE DEUS
  1. Amor (I Jo 4.8)
  2. Luz (I Jo 1.5)
  3. Santidade (I Pe 1.16)
  4. Misericórdia (Sl 103.8)
  5. Clemência (Sl 18.35)
  6. Justiça (Sl 129.4)
  7. Bondade (Rm 2.4)
  8. Perfeição (Mt 5.48)
  9. Retidão (Is 45.21)
10. Fidelidade (I Co 10.13)
11. Verdade (Jo 17.17)
12. Benignidade (Sl 103.8)

Estes atributos morais de Deus não são contraditórios; antes operam em harmonia. Por exemplo, a santidade de Deus exigiu uma separação imediata entre Deus e o homem, quando o homem pecou. A justiça e a retidão de Deus exigiam a morte como penalidade do pecado, mas o amor e a misericórdia de Deus procuraram o perdão. Deus satisfez tanto a justiça quanto a misericórdia, através da morte de JESUS no Calvário e do plano de salvação que daí resultou.

Gozamos os benefícios da misericórdia de Deus, quando aceitamos a obra expiatória de JESUS e a aplicamos à nossa vida, pela fé. Quando aceitamos, pela fé, o plano de salvação de Deus, e o obedecemos, Deus nos atribui a justiça de Cristo (Rm 3.21 a 5.21). Assim, Deus pode com justiça, nos perdoar do pecado (I Jo 1.9) e restaurar nossa comunhão com Ele, sem violar Sua santidade.

A morte de JESUS, inocente e sem pecado, e atribuição da justiça de Cristo em nós satisfizeram a justiça e a santidade de Deus. Se, entretanto, rejeitarmos a expiação de Cristo, seremos deixados sós, face a face com o juízo de Deus. Nesse caso, Sua santidade exige separação do homem pecador e Sua justiça exige a morte para aquele que pecou. Desse modo, a justiça e a misericórdia são aspectos complementares, não contraditórios da natureza de Deus, assim como o são a santidade e o amor. Se aceitamos o amor e a misericórdia de Deus, Ele nos ajuda a satisfazer Sua justiça e santidade. Se rejeitarmos o amor e a misericórdia de Deus, temos que enfrentar, sozinhos, Sua justiça e santidade (Rm 11.22).

A lista anterior não contém, naturalmente, de modo exaustivo, as qualidades de Deus. Deus é transcendental e nenhum ser humano pode compreendê-Lo completamente, "...porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos". (Is 55.8, 9). "Oh, profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como do conhecimento Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e quão inescrutáveis os seus caminhos! Quem pois, conheceu a mente do Senhor? ou quem foi o seu conselheiro?" (Rm 11.33, 34).


continua...
(David K.Bernard)