sexta-feira, 27 de maio de 2022

A MENTIRA, CAUSA E EFEITOS

 A VERDADE:

"O diabo, autor do pecado e da mentira, não foi criado por Deus. Deus criou anjos fiéis e dentre esses anjos que Ele criara, um se rebelou, e conseguiu arrastar outros anjos. Foi esse anjo rebelde que se tornou diabo, no dia em que nele se encontrou iniquidade" (Ez 28.15).


A VERDADE EXPLICADA:

Mentir é um pecado, um mal, uma transgressão às leis divinas e à sociedade em geral. Deus disse: “...não mentirás...” (Lv 19.11). Esta proibição feita por Deus ficou registrada nos mandamentos da Lei. A mentira “é a declaração daquilo que se sabe ser falso, com intenção de enganar” (Jz 16.10,13). Por causa da mentira Deus proibiu uma só testemunha para depor em juízo (Dt 19.15). A mentira é incompatível com a natureza divina, pois Deus não pode mentir (Nm 23.19; Hb 6.18). Sobre a natureza e a origem da mentira, pouco sabemos, além do que a Bíblia revela.


Sua origem

A mentira teve origem na esfera celestial num remoto passado, através de um “querubim(1) ungido” (Ez 28.14). O orgulho e a soberba(2) foram as causas principais. “...como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste lançado por terra, tú que debilitava as nações! E tú dizias no teu coração: „eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono... subirei acima das mais altas nuvens, serei semelhante ao Altíssimo... me assentarei na cadeira de Deus...‟ (Is 14.12-14; Ez 28.2). Assim originou-se a primeira mentira. Ela é tão velha como o seu autor, o diabo. Por causa do seu orgulho, esse “querubim ungido” foi expulso do céu (Is 14.2).

Além de expulso, foi condenado (I Tm 3.6). Ele é chamado por JESUS Cristo de o “pai da mentira” (Jo 8.44). O diabo, a antiga serpente, antes de diabo e pai da mentira, habitava no Éden, “jardim de Deus” (Ez 28.13). Não confundir este “jardim de Deus” onde habitava o “querubim ungido”, com “jardim do Éden” onde Adão e Eva habitavam. O jardim de Deus é eterno e o jardim do Éden é transitório. No primeiro não se admite pecado. O mentiroso lá não pode morar (II Pe 2.4). No segundo, o Éden adâmico, o pecado conseguiu entrar, trazendo prejuízo a toda a raça humana (Rm 5.12). Por causa disso, o homem foi lançado fora do jardim e lá foi colocado um “querubim e uma espada inflamada” (Gn 3.24), por tempo determinado “até que venha Siló” (Gn 49.10). Siló, profeticamente, é um título messiânico, referindo-se a JESUS que na “plenitude dos tempos” (Gl 4.4) veio e afastou o querubim e retirou a espada inflamada e disse: “...é-me dado todo o poder no céu e na terra..” (Mt 28.18).

O diabo, autor do pecado e da mentira, não foi criado por Deus. Deus criou anjos fiéis e dentre esses anjos que Ele criara, um se rebelou, como acima foi dito, e conseguiu arrastar outros anjos. Foi esse anjo rebelde que se tornou diabo, no dia em que nele se encontrou iniquidade(3) (Ez 28.15). Desde esse dia, ele foi mudado de nome e de lugar. De nome: de anjo de luz para diabo e satanas. De lugar: do céu, o Éden, jardim de Deus, para a terra (Jó 1.7; Ap 12.9) e muito breve será preso e condenado (Ap 20.1-3, 10).

Quando lemos o capítulo 28 de Ezequiel verificamos que a queda está ligada a um orgulho que jamais se farta. O querubim ungido, como era chamado, ansiando pela glória de Deus, rebelou-se. Era seu intento, aliás, colocar-se acima da divina dominação. Entretanto, foi lançado às mais densas trevas e, agora, aguarda todos os horrores da segunda morte. Infelizmente, não poucos servos de Deus tem agido como o querubim. Não satisfeitos com o que lhes tem dado o bondoso Deus, estão à cata de mais glória e tudo fazem por mais uma fatia de fama, tão efêmera(4) que se acaba ainda nesta vida. Alguém, com muita justiça, considerou esta fome pela glória humana como síndrome(5) de Lúcifer. Embora este diagnóstico seja um pouco pesado, não é tão pesado como os prejuízos que estes embusteiros(6) tem causado à obra de Deus.

Em todo o mundo e, quiçá, no Brasil, a Igreja do Senhor tem sofrido com esses “querubins ungidos”, que depois de alcançarem a confiança de seus pastores, de seus líderes, ministérios e convenções, se levantam contra tudo e contra todos, pedindo independência ou liberdade, exigindo cargo ou ordenações e, quando nada lhes é concedido, para atender seus propósitos, eles fazem como esse “querubim ungido”: se rebelam. Os verdadeiros servos agem humildemente, cumprem a missão que lhes confia o Senhor da seara(7)... Miseráveis são os que se desgastam em busca da glória humana. Ainda que progridam, ainda que consigam troféus, tudo se desfará como do primeiro arrebol(8).

Sendo a mentira intrinsicamente má, perigosa, devemos nos esforçar para falar e viver a verdade. Estamos vivendo no século da ciência, da evolução e da tecnologia, segundo o profeta Daniel (Dn 12.4). Não obstante, a mentira, a hipocrisia e a falsidade são a temática da sociedade. A mentira tornou-se uma espécie de “mola mestra” ou de “vale tudo”. Ela aparece em todas as áreas da sociedade com vários nomes e roupagem diferentes. Até mesmo na igreja onde a verdade é anunciada, crida e obedecida, ela aparece disfarçadamente com vestidos de várias cores. Às vezes, em forma de exagero, especialmente por alguns dos modernos pregadores, contando o que não viu, particularmente, na área dos milagres e sinais. Por outro lado, através de personagens mistificados com capas de ovelhas (Mt 7.15). Preguemos o Evangelho pleno e os sinais aparecerão, sem mentira e sem exagero. Existem atualmente três áreas onde o diabo, pai da mentira, atua com mais intensidade: comércio, política e religião.


No comércio

Se o comércio deixasse de mentir por uma hora, fecharia suas portas. Atualmente as lojas usam um sistema de propaganda, chamado de “liquidação” ou “promoção”. Remarcam os preços, afirmando que as mercadorias eram vendidas por mais e, na ocasião, estão sendo vendidas por menos. Tudo isso não passa de uma grande mentira disfarçada para atrair os fregueses. Com tal mentira o comerciante lucra à base da extorsão(9), lesando o consumidor pela mentira. Salomão, o rei de Israel, faz referência à mentira através das figuras do “vendedor e comprador”, usando de mentiras. Se vai comprar, diz que a mercadoria “nada vale” ou vice-versa (Pv 20.14).


Na política

A política como arte de governar e administrar é uma ciência, que deve ser aprendida, exercida e executada, mas a política como mentira, suborno e meio de enganar é uma desgraça. Os politiqueiros usam esse sistema para usufruir vantagem, às vezes prometendo e oferecendo o que não tem, com a finalidade de ganhar favores. O diabo, pai da mentira, conseguiu através da “politicagem”, expulsar Adão e Eva do paraíso, usando a mentira e procurando alterar a Palavra de Deus (Gn 3.1-4). Não é de admirar que na igreja de hoje aconteçam casos semelhantes. Quantos irmãos e obreiros tem sido vítimas de acusações mentirosas, chegando ao extremo de alguns renunciarem à chamada ou cancelar o ministério por causa desta farsa diabólica chamada mentira.


Na religião

A religião, com seus aspectos multiformes, tem sido vítima da mentira. É óbvio que existe a religião falsa, mentirosa, e que a igreja e a sociedade não estão isentas de serem enganadas , porque o diabo é o fundador das religiões falsas. A igreja tem sofrido a influência desse demônio chamado mentira (I Re 22.22). Sendo o diabo expulso do céu, por causa da mentira, procurou a terra para exercer seu “novo ministério”, baseado na mentira. Iniciou o seu trabalho, mentindo para o casal inocente (Adão e Eva), que Deus havia colocado na terra para administrá-la (Gn 2.15). Ele sabia que tudo o que Deus havia feito era bom (Gn 1.31), por isso procurou contradizer o que Deus havia dito, e o conseguiu, através da mentira. Enganando primeiro a mulher e depois o homem (I Tm 2.14; II Co 11.3; Rm 5.12,15-17). O diabo não ficou satisfeito somente com a queda e a morte do homem, a seguir procurou atingir a família e, especialmente, a Igreja de JESUS.

A mentira continua em seu caminho, fazendo suas vítimas. Caim matando o seu irmão Abel (Gn 4.5-7; I Jo 3.12). Abraão mentiu para Faraó, os irmãos de José mentiram para seu pai (Gn 12.11-20; 37.31,33). Mentiras entre pai e filho, marido e mulher (At 5.3), entre pastor e ovelhas e entre pastores. Esta última tem servido para desagregar, dividir e separar. Lembram-se os leitores da história do profeta velho, do capítulo 13 do primeiro Livro dos Reis? O profeta era velho na idade, velho na fé, velho nos bons costumes e velho na religião (I Re 13.16,17), porém, na sua confiança em Deus estava desviado. Havia perdido o temor de Deus, tornando-se mentiroso, enganando o seu colega e companheiro de ministério (I Re 13.18), o qual devia ser por ele orientado. O “profeta novo” caiu no “conto” do “profeta velho”, que afirmava, mentindo, que Deus lhe falara. É perigoso quando o obreiro deixa de ser discípulo e não aceita mais orientação e se torna mentiroso! A mentira tem seu preço negativo para aqueles que fazem uso dela. Ela separa os maiores amigos (Pv 16.28).


As consequências da mentira

O anjo de luz, Lúcifer, mentiu e foi expulso do céu, tornando-se diabo e satanás. Adão e Eva mentiram e foram expulsos do jardim do Éden. Caim mentiu e tornou-se homicida(10) e vagabundo. Esaú mentiu e perdeu sua primogenitura (Hb 3.23,24). Ananias e Safira mentiram e foram mortos (At 5.3,10). A mentira não é órfã (II Pe 2.4; Ap 20.2,3).

Um dia, ela juntamente com seu pai serão lançados no lago de fogo (Ap 12.9). O diabo, pai da mentira, já teve em seu poder o império da morte (Hb 2.14), mas JESUS o tomou, rasgando os “autos” de acusações contra nós (Cl 2.14). Como ele perdeu esse poder ou império, ele se apodera de outras armas perigosas para nos atacar, cujos nomes são laços, ciladas e ardis(11) (Ef 6.14; II Co 2.11; I Tm 3.7; 6.9; II Tm 2.26). Tudo isso são expressões que afirmam ou definem sua natureza pecaminosa para atacar, tendo por base a mentira. “O diabo calunia Deus perante os homens e os homens perante Deus. A mentira procura negar tanto a divindade, como a humanidade de JESUS...” (I Jo 2.22). “Os homens mudaram a verdade de Deus em mentira...” (Rm 1.25). Eles não abandonaram a verdade de Deus pela mentira, eles a “mudaram”. A mentira estará junto com o seu pai, na condenação eterna (Rm 16.20; I Co 15.25,28; Mt 25.41; Ap 20.10; 21.8). Que o Senhor nosso Deus nos dê da Sua graça e afaste de Sua Igreja o espírito da mentira.



Por: José Apolônio

(Fonte: MP 1249/Mar.1991)



1- anjo da primeira hierarquia, entre os serafins e os tronos.

2 - sentimento de altivez, sobranceria; orgulho.

3 - ação ou coisa contrária à moral e à religião.

4 - que é passageiro, temporário, transitório.

5 - conjunto de sinais e sintomas observáveis em vários processos patológicos diferentes e sem causa específica.

6 -  que ou o que se vale de embustes, logros, mentiras; impostor.

7 - extensão de terra cultivada.

8 - a hora em que o sol está surgindo ou sumindo no horizonte.

9 - ato de obrigar alguém a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, por meio de ameaça ou violência, com a intenção de obter vantagem, recompensa, lucro.

10 - que acarreta ou pode acarretar a morte de muitas pessoas.

11 - ação que visa iludir, lograr (pessoa ou animal); armação, cilada.





sexta-feira, 20 de maio de 2022

A IMPORTÂNCIA DO VÍNCULO ENTRE PAIS E FILHOS

A VERDADE:

"O que mais importa no desenvolvimento de uma criança não é a quantidade de informação introduzida em seu cérebro nos primeiros anos de vida. E, sim, ajudá-la a desenvolver um conjunto de características, como persistência, autocontrole, curiosidade, escrúpulos, determinação e autoconfiança, que vão fazer diferença tanto no seu desempenho escolar como por toda a vida..."


A VERDADE EXPLICADA:

Qual é a melhor ferramenta para garantir um bom futuro ao seu filho? Uma poupança que banque uma ótima educação? Cursos e atividades extracurriculares que o ajudem a desenvolver múltiplas habilidades? Estímulos adequados desde a concepção até os primeiros anos, quando o cérebro está em formação e absorve quantidades enormes de dados? Ou ao contrário, deixá-lo dispor de tempo livre para experimentar e descobrir o mundo?

Essas dúvidas permeiam a mente de pais e mães por todo o planeta. Algumas nos torturam, ou nos enchem, de culpa e de trabalho extra, já que bancar boas escolas e cursos não custa pouco. Fato é que a resposta correta não está principalmente aí.

“O que mais importa no desenvolvimento de uma criança não é a quantidade de informação introduzida em seu cérebro nos primeiros anos de vida. E, sim, ajudá-la a desenvolver um conjunto de características, como persistência, autocontrole, curiosidade, escrúpulos, determinação e autoconfiança, que vão fazer diferença tanto no seu desempenho escolar como por toda a vida”, diz o jornalista americano Paul Tough, autor do livro “Uma Questão de Caráter”, que investigou por que características emocionais podem ser mais determinantes do que inteligência ou recursos em uma educação de sucesso.

Mas como garantir que essas características emocionais se desenvolvam? Vários estudos comprovam que existe uma condição essencial, primeira – e determinante para que elas aflorem. Quer saber a melhor parte? É grátis e está ao alcance de todos nós. Trata-se de uma ferramenta poderosa, que nasce e cresce com cada mulher e com cada homem que se tornam pais: dedicar ao seu filho sua presença, seu cuidado e amor.

Parece piegas, mas é comprovado até cientificamente. Portanto, talvez seja mais eficaz do que todos esses recursos financeiros, você analisar um período de licença maternidade maior, uma forma de diminuir sua jornada de trabalho, mudança de emprego ou o que mais puder fazer para proporcionar a seu filho um elemento essencial para ser bem sucedido em diversas áreas da vida: você passar mais tempo de qualidade com ele. Exatamente, resultados de diferentes pesquisas apontam que, para que seu filho adquira a segurança e as habilidades necessárias para usufruir de tudo o que você e a sociedade puderem colocar à sua disposição para ele desenvolver ao máximo suas potencialidades, o que mais ele necessita é de uma conexão amorosa com VOCÊ.

O psicanalista britânico John Bowlby e a pesquisadora da Universidade de Toronto, Canadá, Mary Ainsworth, já haviam mostrado, em uma série de estudos publicados na década de 1960 e início da década de 1970, que os bebes cujos pais atendiam pronta e plenamente ao seu choro nos primeiros meses de vida mostravam-se, com um ano de vida, mais independentes e intrépidos do que aqueles cujos pais estiveram ausentes, por qualquer motivo que fosse.

Na pré-escola, esse padrão se confirmava. Crianças cujos pais tivessem reagido de maneira mais sensível às necessidades emocionais quando bebes eram as que demonstravam maior autonomia e assim capacidade de experimentar, aprender e armazenar conhecimento.

Seguindo a mesma linha, Clancy Blair, pesquisador de psicologia na Universidade de Nova York, vem promovendo um experimento em larga escala no qual acompanha um grupo de mais de 1200 crianças praticamente desde o nascimento. Um dos testes que faz é medir os níveis de cortisol dessas crianças ao enfrentarem situações adversas. O cortisol é um hormônio intimamente ligado ao sistema emocional, que serve para controlar inflamações, alergia, estresse. A intenção é ver como cada criança reage em momentos de turbulência familiar, caos, tumulto, ou seja, como lida com instabilidade e problemas.

Blair constatou que esses momentos de fato tem grande efeito nos níveis de cortisol das crianças – mas apenas quando as mães estão ausentes, desatentas ou indiferentes. Quando as mães apresentam um alto grau de atenção e se conectam positivamente com as crianças, o impacto desses fatores ambientais sobre os filhos parece quase desaparecer. Ou seja: cuidados de alta qualidade funcionam como um poderoso amortecedor perante eventuais danos causados pelas adversidades da vida e constituem uma base seguram a partir da qual a criança se coloca perante o mundo e o explora com maior eficácia.

E se algo saiu do trilho?

Quando as relações não vão bem, não são adequadas, as crianças costumam dar sinais. Esses sinais podem vir na forma de alergias, de doenças que se repetem, incontinência urinária, retrocesso, mau comportamento, dificuldades no aprendizado, de maior agressividade ou de uma extrema timidez ou falta de socialização, por exemplo.

Algumas fases mais críticas, nas quais esses sinais costumam manifestar-se são o momento de tirar as fraldas, a alfabetização – hora em que a criança vai inscrever-se no mundo e dizer quem é -, ou a adolescência. Muitas vezes, nesses períodos, surgem dificuldades que não tem a ver com deficiências físicas ou cognitivas, mas são a manifestação de faltas emocionais ou de dificuldades familiares que as crianças experimenta. O melhor a fazer quando isso acontece é procurar ajuda. Vale a pena pedir assistência a um psicólogo, a um orientador de escola, e agir. "As crianças respondem bem, mudam e se adaptam rápido. Por isso, quanto antes, melhore a falta de vínculo e a desconexão se perpetuam, isso vai se agravando e ocupando um espaço maior na vida deles. Agora, é importante o adulto estar disposto a ouvir e a mudar também”, diz a psicóloga Lais Fontenelle, consultora do Instituto Alana, que trabalha em prol da infância.

Todos nós vivemos faltas e cada um faz o que pode para lidar com isso sem repassá-las para os filhos. Saiba que não há mal nenhum em pedir ajuda, aconselhamento profissional. O Senhor e Sua Palavra são nossos

maiores auxiliadores, mas Ele também capacitou especialistas, inclusive cristãos, e pode usá-los para nos ajudar. Muitas vezes, algumas poucas consultas servem para retomar o contato e encontrar caminhos saudáveis.


(Fonte: MP. 1556/Jan.2015/Educar para Crescer)


sexta-feira, 13 de maio de 2022

A IGREJA NO SEU LUGAR

 A VERDADE:

"Diz o texto que o povo permaneceu no seu lugar, ordeiramente, ouvindo atentamente e procurando entender a leitura que se fazia. O povo estava no seu posto, isto é, no seu lugar, sem reboliço, sem falatório, sem comentários desairosos, sem murmuração e sem rejeição ao que era lido e ao que lia".


A VERDADE EXPLICADA:

Cerca de treze anos depois que foram reconstruídos os muros de Jerusalém, por Neemias (Ne 8.2), o sacerdote Esdras tomou a direção religiosa da nação e começou o seu ministério reunindo o povo para ouvir a leitura da lei que fora estabelecida por Moisés. A prédica(1) começou desde os albores(2) da manhã até o meio dia do primeiro dia do sétimo mês. Em todo esse tempo, dizem os registros que todos permaneceram no seu lugar e que todos os ouvidos estavam atentos ao livro da lei. Nenhuma dispersão(3), nenhum cansaço, nenhuma distração, nenhuma reclamação, o que nos faz entender a fome que havia por ouvir a Palavra de Deus. No momento em que o livro foi aberto, todos ficaram de pé e à medida que Esdras pronunciava as aleluias, respondiam com louvores e levantavam as mãos e inclinando-se adoravam a Deus com o rosto em terra.

Depois da leitura feita por Esdras, outros sacerdotes se revezavam na leitura e no ensino, interpretando o texto, de modo que todos entendessem. A conscientização do povo alcançou nível tal que houve grande pranto e lamentações obre o tempo em que nenhum ensino lhes fora dado e que por consequência os homens e mulheres viveram segundo os seus caminhos e segundo os seus pecados. Mas os sacerdotes trouxeram-lhes palavras de consolo, mostrando que “na presença do Senhor há fartura de alegria” e que não era ocasião para pranto e lamentação, mas para regozijo diante da leitura da Palavra de Deus. Conforme o Eclesiastes, “há tempo de chorar e tempo de rir”.

Em algumas igrejas há também atualmente esta espécie de confusão. Diante da leitura bíblica, ou da pregação da mensagem, irmãos e irmãs sentem-se compungidos(4), atingidos pela Palavra e ao invés de glorificar a Deus pelo ensino que estão recebendo, desmancham-se em prantos que eles mesmos não sabem explicar. A Palavra de Deus não é chicote, mas bálsamo para nossas fraquezas. Disto foi conscientizado o povo por Esdras, os levitas e demais sacerdotes que representavam a voz de Deus: “Este dia é consagrado ao Senhor nosso Deus, pelo que não vos lamenteis, nem choreis...” (Ne 8.9)

Depois que a leitura foi feita, Esdras despediu o povo, para que nas suas jurisdições fizesse festas e banquetes e instruiu aos de maiores posses a que se lembrassem dos pobres, enviando-lhes dádivas(5) e comida para que juntos pudessem comemorar aquele dia especial. Os levitas também aconselharam o povo que cessasse aquele pranto e que removesse do coração qualquer tristeza. Então a multidão começou a alegrar-se e a louvar a Deus.

Há crentes que fazem da Ceia do Senhor um motivo de tristeza e de medo, diante da solenidade do ato. Quando é lido o texto promocional da Ceia – “...examine-se cada um...”, muitos tomam estas palavras no sentido pejorativo, interpretando que não devem participar, quando o versículo diz: “...e assim coma deste pão e beba deste cálice...”.

Diz o texto que o povo permaneceu no seu lugar, ordeiramente, ouvindo atentamente e procurando entender a leitura que se fazia. O povo estava no seu posto, isto é, no seu lugar, sem reboliço(6), sem falatório, sem comentários desairosos(7), sem murmuração e sem rejeição ao que era lido e ao que lia. Quantas vezes ouvimos de alguém uma recusa a quem está lendo a Palavra, ou entregando a mensagem. Algumas pessoas ausentam-se da nave do templo à simples menção de determinado pregador. Se é procedente esta rejeição, cremos que o tal deveria melhorar sua maneira de ensinar, sua aparência pessoal, sua voz e suas atitudes no púlpito. Mas na maioria é apenas caso pessoal, antipatia por parte dos que rejeitam certos pregadores. Em alguns casos é reflexo do seu combate à vida desarranjada dos que desejam viver do seu próprio jeito.

No posto para ouvir – Mediante a convocação, o povo se arregimentou(8) no lugar aprazado(9) para ouvir. Não houve dispersão, ninguém desprezou o convite para ouvir a Palavra de Deus. A multidão se reuniu no mesmo lugar, como no dia de Pentecostes (At 2.1).

No posto para aprender – Muitos crentes ouvem a Palavra durante anos, mas não aprendem. Paulo disse que alguns que já deviam ser mestres precisavam ainda de ser alimentados com leite, isto é, com rudimentos(10), com o be-a-bá da doutrina. Há, entretanto, os que se esforçam para aprender os estatutos do Senhor.

No posto para chorar – A conscientização se deu de tal maneira que o povo se sentiu levado a lamentar e chorar a vida impura que levava por falta de ensino. Mas quando lhe foi mostrada a verdadeira situação espiritual reconheceu a sua carência e necessidade de remissão(11).

No posto para se alegrar – Os sacerdotes, porém, mostraram que aquele dia era de comemoração e não de lamentação. Que Deus não é um carrasco nem carcereiro. Que a Sua graça e misericórdia é maior do que as nossas faltas e pecados, conforme I João 3.20

No posto para comemorar – Logo que o povo entendeu o verdadeiro significado do ensino e foi dispensado da reunião, cada grupo foi para sua cidade e instruído pelos sacerdotes realizou grandes festas e banquetes.

No posto para socorrer – Talvez uma atitude que não fazia parte da vida normal do povo, a caridade, foi incorporada aos seus hábitos e levou-o a enviar auxílio e socorro aos pobres, desamparados e necessitados.

O autor evangélico nos diz que devemos “estar com Cristo onde a luta se travar”, donde se infere(12) que em todas as circunstâncias há um lugar para a igreja e que a igreja deve ser achada no seu lugar.



Por: Miguel Vaz

(Fonte: MP 1240/Jun.1990)


1 - discurso religioso; sermão.

2 - diz-se de início, começo.

3 - debandada, correria, desbarato.

4 - causar a, ou sentir enternecimento; sensibilizar(-se).

5 - objeto que se dá gratuitamente. Presente.

6 - excesso de agitação; tumulto exagerado; falta de ordem; desordem ou confusão.

7 - que demonstra falta de decoro, de brio; inconveniente.

8 - reunir(-se) em partido, associação ou grupo; alinhar(-se).

9 - determinar prazo ou lugar.

10 - primeiras noções de uma arte ou ciência.

11 - sentimento de misericórdia, de indulgência; compaixão.

12 - fazer inferência sobre; concluir, deduzir.











sexta-feira, 6 de maio de 2022

A HISTÓRIA DO CENTURIÃO

 A VERDADE:

"O meu trabalho era evitar que JESUS morresse no poste. Nós queríamos um corpo vivo para colocar na cruz. Então, depois de três minutos ou mais, eu dei a ordem para parar de bater".


A VERDADE EXPLICADA:

Eu sou um centurião(1) romano. Você já ouviu falar de mim. A história não conhece meu verdadeiro nome. Romancistas tem me chamado de Claudius, Gaius e uma lista de outros nomes romanos. Mas meu verdadeiro nome permanece oculto. E para mim tudo bem. Eu estava de serviço na reunião que determinou a execução de JESUS de Nazaré por meio de crucificação.

Eu vi pela primeira vez este galileu(2) cerca de oito horas da manhã, no dia de Sua morte. Ele já havia sido julgado pelo Sinédrio(3) -- aquele grupo de 70 judeus que fugia dos afazeres religiosos e sociais deste país. O Sinédrio acusou JESUS de blasfêmia, uma acusação que virtualmente nada significava para Pilatos. Assim, eles acrescentaram a acusação de sedição(4) contra o estado. Nada podia erguer mais rapidamente um homem na cruz do que aquilo! Deus sabe que eu crucifiquei muitos deles aqui.

O Sinédrio queria que JESUS fosse crucificado, mas eles precisavam de uma sanção oficial de Pilatos para levar a cabo seus desejos. Normalmente isto não era suficiente para obter do governador a assinatura da ordem de morte. Ele já havia assinado duas ordens para dois ladrões no dia anterior ao que JESUS apresentou-Se diante dele. O julgamento aconteceu no lugar onde chamamos de Litostrotos ou salão principal. O prisioneiro já estava quase que completamente batido. Seus olhos estavam inchados e Suas mãos estavam amarradas nas costas. Pilatos interrogou-O com certa compaixão por Ele, eu senti. Ele disse que não havia culpa no Homem e, eu acho, estava para soltá-Lo quando alguém lembrou o fato de que JESUS era galileu.

Aquela região era governada por Herodes, que por acaso estava em Jerusalém naquela manhã. Devo acrescentar que Herodes era louco e tinha ficado assim desde que executara um profeta chamado João. Tudo que Pilatos realmente queria era ficar livre de JESUS, então O remeteu a Herodes. Mas, para seu desânimo, Herodes o enviou de volta, depois de maltratar fisicamente o prisioneiro.

Agora já eram 10 horas da manhã. O sol estava alto quando um Pilatos muito temperamental foi chamado de volta à sessão. Ele sabia que JESUS não merecia ser punido com a morte; mas, por outro lado, ele compreendia bem a cruel desconfiança de Tiberius. Se o imperador suspeitasse que algum oficial romano não havia se esforçado com um suposto criador de problemas... Então Pilatos tinha que condenar JESUS. O governador também poderia ter matado JESUS lá. O espancamento com chicote era conhecido como 'a morte viva'. O prisioneiro foi amarrado firmemente numa pequena coluna. O soldado responsável pelas chicotadas estava em pé cerca de dois metros atrás do galileu e trazia o chicote na mão. Quando as tiras de couro batiam nas costas de JESUS, soavam como a batida triste de um tambor, e logo os vergões surgiam. O prisioneiro gemia lentamente enquanto o chicote se movia em ritmo lento e pesado.

Era meu trabalho cuidar para que JESUS não morresse no poste. Nós queríamos um corpo vivo para colocar na cruz. Assim, após três minutos ou mais, eu dei a ordem para parar com as chicotadas. O prisioneiro foi desamarrado do poste e colocado numa cadeira. Ele levantou os olhos para o alto, todo Seu corpo se agitava e Seus dentes rangiam. Ele sentia uma dor desesperada. Mas Seu sofrimento apenas tinha começado. Um dos meus homens tinha trançado uma tosca(5) coroa de espinhos. Antes que eu pudesse impedi-lo, ele a enfiou na cabeça de JESUS, cortando-Lhe o couro cabeludo. Um outro homem colocou um manto vermelho em volta de Seus ombros, curvou-se diante d'Ele e de maneira escarnecedora disse: "Longa vida ao Rei dos judeus".

Foi somente mais tarde que Pilatos se submeteu ao desejo da multidão e disse: "Crucifiquem vosso Rei..." Por volta do meio-dia os prisioneiros e os soldados responsáveis pela execução alcançaram o Calvário, cerca de 50 metros ao norte do portão da cidade. Nós, romanos, já há muito tempo optamos pela cruz como uma maneira de dissuadir(6) o crime e a insurreição(7). Nós achávamos que cravando pregos nas mãos e nos pé da vítima, acabaríamos em pouco tempo com suas atividades anti-romanas.

Eu precisava de três cruzes neste dia -- duas para os ladrões e uma para Aquele homem derrotado chamado JESUS. A parte da cruz que fizemos JESUS suportar era chamado patíbulo(8), a parte na qual pregaríamos Suas mãos. Meu principal carrasco pôs o patíbulo atrás de JESUS e deitou-o no chão. Dois soldados tomaram cada um um braço e levantaram-no na viga de madeira; nosso prisioneiro não lutou conosco como muitos outros faziam. O carrasco pegou dois pregos de cinco polegadas e cravou-os na carne de JESUS fincando-a na madeira, tomando o cuidado de dobrar-lhes a cabeça, a fim de que a vítima não se soltasse.

Então meus homens agarraram cada lado do patíbulo e levantaram JESUS por Seus pulsos e mãos que sangravam. Foram necessários quatro homens para levantá-Lo do chão e encaixar o patíbulo no buraco até colocá-lo perfeitamente na vertical. A viga da cruz estava firme e o carrasco pregou os pés de JESUS, o direito sobre o esquerdo, na cruz. E o trabalho estava concluído. JESUS foi crucificado, encarando os muros da cidade pela última vez. Até aqui, minha história é uma história comum de execução romana. Mas, daqui por diante tudo é diferente. E você precisa saber o que aconteceu.

Por várias horas JESUS permaneceu na cruz central. De ambos os seus lados, dois ladrões nos ultrajavam, dirigindo-nos toda sorte de impropérios(9). Mas JESUS não. Eu O vi levantar-Se sobre os pés que sangravam até que Seus ombros estivessem encostados no patíbulo. Ele respirava rapidamente. Ele não conseguia suportar o peso do Seu corpo apoiando-se sobre aqueles pés perfurados e aquelas pernas com câimbras e, mais uma vez, deixou o Seu corpo desabar ficando pendurado apenas pelas mãos. Ele olhou para mim, diretamente nos meus olhos, por muito tempo. E eu O ouvi orar: "Pai, perdoe-o e também aos outros soldados. Eles não sabem o que estão fazendo..." Pela primeira vez em muitos anos, lágrimas rolaram dos meus olhos, borrando a figura daquele Homem em sofrimento.

Então escureceu. Note bem, era meio-dia em Jerusalém. Mas tudo se transformou em trevas. Era como se a noite tivesse caído sobre a cidade santa muito antes do horário certo. Aqueles que assistiam a execução entraram em pânico. Alguns gritavam e corriam. De princípio, não houve trovão ou relâmpago, apenas terríveis trevas. Isto durou quase três horas até que nossa vítima do centro endireitou-Se em Sua cruz pela última vez. Onde Ele conseguiu forças  para fazer aquilo? Seu grito rasgou o ar: "ESTÁ CONSUMADO!"

E todos os deuses de Roma podem me castigar se eu estou mentindo a você agora! O chão começou a tremer e uma pequena fenda rachou a terra, desde a cruz para o leste, até a cidade. Ela atingiu o templo e o véu que separava o Santo dos Santos do homem se rasgou de cima para baixo. E, eu juro a você, sepulturas começaram a se abrir. A figura da cruz central estava bem morta, enquanto meus soldados que estavam ao redor perguntavam: "O que significa isto, centurião?" E eu lhes respondi: "Homens, nós realmente crucificamos o Filho de Deus!


Por: Dan Cetzer

(Fonte: MP 1196/Dez.1986)


(1) centurião liderava um tropa de elite, tendo sob o seu comando um grupo de cem homens altamente treinados e obedientes, dispostos a tudo.

(2) relativo à Galileia, região setentrional da Palestina, ou o seu natural ou habitante.

(3) na Palestina, sob o domínio romano, assembleia judia de anciãos da classe dominante à qual diversas funções políticas, religiosas, legislativas, jurisdicionais e educacionais foram atribuídas.

(4) perturbação da ordem pública; desordem, rebuliço.

(5) feito sem apuro ou refinamento; grosseiro, rústico.

(6) convencer (alguém ou a si mesmo) a mudar de ideia, a abdicar de uma decisão; despersuadir(-se).

(7) oposição forte e veemente; rebeldia.

(8) palanque ou estrado montado em local aberto para sobre ele executar condenados.

(9) censura injuriosa; repreensão.