A VERDADE:
"O diabo, autor do pecado e da mentira, não foi criado por Deus. Deus criou anjos fiéis e dentre esses anjos que Ele criara, um se rebelou, e conseguiu arrastar outros anjos. Foi esse anjo rebelde que se tornou diabo, no dia em que nele se encontrou iniquidade" (Ez 28.15).
A VERDADE EXPLICADA:
Mentir é um pecado, um mal, uma transgressão às leis divinas e à sociedade em geral. Deus disse: “...não mentirás...” (Lv 19.11). Esta proibição feita por Deus ficou registrada nos mandamentos da Lei. A mentira “é a declaração daquilo que se sabe ser falso, com intenção de enganar” (Jz 16.10,13). Por causa da mentira Deus proibiu uma só testemunha para depor em juízo (Dt 19.15). A mentira é incompatível com a natureza divina, pois Deus não pode mentir (Nm 23.19; Hb 6.18). Sobre a natureza e a origem da mentira, pouco sabemos, além do que a Bíblia revela.
Sua origem
A mentira teve origem na esfera celestial num remoto passado, através de um “querubim(1) ungido” (Ez 28.14). O orgulho e a soberba(2) foram as causas principais. “...como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste lançado por terra, tú que debilitava as nações! E tú dizias no teu coração: „eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono... subirei acima das mais altas nuvens, serei semelhante ao Altíssimo... me assentarei na cadeira de Deus...‟ (Is 14.12-14; Ez 28.2). Assim originou-se a primeira mentira. Ela é tão velha como o seu autor, o diabo. Por causa do seu orgulho, esse “querubim ungido” foi expulso do céu (Is 14.2).
Além de expulso, foi condenado (I Tm 3.6). Ele é chamado por JESUS Cristo de o “pai da mentira” (Jo 8.44). O diabo, a antiga serpente, antes de diabo e pai da mentira, habitava no Éden, “jardim de Deus” (Ez 28.13). Não confundir este “jardim de Deus” onde habitava o “querubim ungido”, com “jardim do Éden” onde Adão e Eva habitavam. O jardim de Deus é eterno e o jardim do Éden é transitório. No primeiro não se admite pecado. O mentiroso lá não pode morar (II Pe 2.4). No segundo, o Éden adâmico, o pecado conseguiu entrar, trazendo prejuízo a toda a raça humana (Rm 5.12). Por causa disso, o homem foi lançado fora do jardim e lá foi colocado um “querubim e uma espada inflamada” (Gn 3.24), por tempo determinado “até que venha Siló” (Gn 49.10). Siló, profeticamente, é um título messiânico, referindo-se a JESUS que na “plenitude dos tempos” (Gl 4.4) veio e afastou o querubim e retirou a espada inflamada e disse: “...é-me dado todo o poder no céu e na terra..” (Mt 28.18).
O diabo, autor do pecado e da mentira, não foi criado por Deus. Deus criou anjos fiéis e dentre esses anjos que Ele criara, um se rebelou, como acima foi dito, e conseguiu arrastar outros anjos. Foi esse anjo rebelde que se tornou diabo, no dia em que nele se encontrou iniquidade(3) (Ez 28.15). Desde esse dia, ele foi mudado de nome e de lugar. De nome: de anjo de luz para diabo e satanas. De lugar: do céu, o Éden, jardim de Deus, para a terra (Jó 1.7; Ap 12.9) e muito breve será preso e condenado (Ap 20.1-3, 10).
Quando lemos o capítulo 28 de Ezequiel verificamos que a queda está ligada a um orgulho que jamais se farta. O querubim ungido, como era chamado, ansiando pela glória de Deus, rebelou-se. Era seu intento, aliás, colocar-se acima da divina dominação. Entretanto, foi lançado às mais densas trevas e, agora, aguarda todos os horrores da segunda morte. Infelizmente, não poucos servos de Deus tem agido como o querubim. Não satisfeitos com o que lhes tem dado o bondoso Deus, estão à cata de mais glória e tudo fazem por mais uma fatia de fama, tão efêmera(4) que se acaba ainda nesta vida. Alguém, com muita justiça, considerou esta fome pela glória humana como síndrome(5) de Lúcifer. Embora este diagnóstico seja um pouco pesado, não é tão pesado como os prejuízos que estes embusteiros(6) tem causado à obra de Deus.
Em todo o mundo e, quiçá, no Brasil, a Igreja do Senhor tem sofrido com esses “querubins ungidos”, que depois de alcançarem a confiança de seus pastores, de seus líderes, ministérios e convenções, se levantam contra tudo e contra todos, pedindo independência ou liberdade, exigindo cargo ou ordenações e, quando nada lhes é concedido, para atender seus propósitos, eles fazem como esse “querubim ungido”: se rebelam. Os verdadeiros servos agem humildemente, cumprem a missão que lhes confia o Senhor da seara(7)... Miseráveis são os que se desgastam em busca da glória humana. Ainda que progridam, ainda que consigam troféus, tudo se desfará como do primeiro arrebol(8).
Sendo a mentira intrinsicamente má, perigosa, devemos nos esforçar para falar e viver a verdade. Estamos vivendo no século da ciência, da evolução e da tecnologia, segundo o profeta Daniel (Dn 12.4). Não obstante, a mentira, a hipocrisia e a falsidade são a temática da sociedade. A mentira tornou-se uma espécie de “mola mestra” ou de “vale tudo”. Ela aparece em todas as áreas da sociedade com vários nomes e roupagem diferentes. Até mesmo na igreja onde a verdade é anunciada, crida e obedecida, ela aparece disfarçadamente com vestidos de várias cores. Às vezes, em forma de exagero, especialmente por alguns dos modernos pregadores, contando o que não viu, particularmente, na área dos milagres e sinais. Por outro lado, através de personagens mistificados com capas de ovelhas (Mt 7.15). Preguemos o Evangelho pleno e os sinais aparecerão, sem mentira e sem exagero. Existem atualmente três áreas onde o diabo, pai da mentira, atua com mais intensidade: comércio, política e religião.
No comércio
Se o comércio deixasse de mentir por uma hora, fecharia suas portas. Atualmente as lojas usam um sistema de propaganda, chamado de “liquidação” ou “promoção”. Remarcam os preços, afirmando que as mercadorias eram vendidas por mais e, na ocasião, estão sendo vendidas por menos. Tudo isso não passa de uma grande mentira disfarçada para atrair os fregueses. Com tal mentira o comerciante lucra à base da extorsão(9), lesando o consumidor pela mentira. Salomão, o rei de Israel, faz referência à mentira através das figuras do “vendedor e comprador”, usando de mentiras. Se vai comprar, diz que a mercadoria “nada vale” ou vice-versa (Pv 20.14).
Na política
A política como arte de governar e administrar é uma ciência, que deve ser aprendida, exercida e executada, mas a política como mentira, suborno e meio de enganar é uma desgraça. Os politiqueiros usam esse sistema para usufruir vantagem, às vezes prometendo e oferecendo o que não tem, com a finalidade de ganhar favores. O diabo, pai da mentira, conseguiu através da “politicagem”, expulsar Adão e Eva do paraíso, usando a mentira e procurando alterar a Palavra de Deus (Gn 3.1-4). Não é de admirar que na igreja de hoje aconteçam casos semelhantes. Quantos irmãos e obreiros tem sido vítimas de acusações mentirosas, chegando ao extremo de alguns renunciarem à chamada ou cancelar o ministério por causa desta farsa diabólica chamada mentira.
Na religião
A religião, com seus aspectos multiformes, tem sido vítima da mentira. É óbvio que existe a religião falsa, mentirosa, e que a igreja e a sociedade não estão isentas de serem enganadas , porque o diabo é o fundador das religiões falsas. A igreja tem sofrido a influência desse demônio chamado mentira (I Re 22.22). Sendo o diabo expulso do céu, por causa da mentira, procurou a terra para exercer seu “novo ministério”, baseado na mentira. Iniciou o seu trabalho, mentindo para o casal inocente (Adão e Eva), que Deus havia colocado na terra para administrá-la (Gn 2.15). Ele sabia que tudo o que Deus havia feito era bom (Gn 1.31), por isso procurou contradizer o que Deus havia dito, e o conseguiu, através da mentira. Enganando primeiro a mulher e depois o homem (I Tm 2.14; II Co 11.3; Rm 5.12,15-17). O diabo não ficou satisfeito somente com a queda e a morte do homem, a seguir procurou atingir a família e, especialmente, a Igreja de JESUS.
A mentira continua em seu caminho, fazendo suas vítimas. Caim matando o seu irmão Abel (Gn 4.5-7; I Jo 3.12). Abraão mentiu para Faraó, os irmãos de José mentiram para seu pai (Gn 12.11-20; 37.31,33). Mentiras entre pai e filho, marido e mulher (At 5.3), entre pastor e ovelhas e entre pastores. Esta última tem servido para desagregar, dividir e separar. Lembram-se os leitores da história do profeta velho, do capítulo 13 do primeiro Livro dos Reis? O profeta era velho na idade, velho na fé, velho nos bons costumes e velho na religião (I Re 13.16,17), porém, na sua confiança em Deus estava desviado. Havia perdido o temor de Deus, tornando-se mentiroso, enganando o seu colega e companheiro de ministério (I Re 13.18), o qual devia ser por ele orientado. O “profeta novo” caiu no “conto” do “profeta velho”, que afirmava, mentindo, que Deus lhe falara. É perigoso quando o obreiro deixa de ser discípulo e não aceita mais orientação e se torna mentiroso! A mentira tem seu preço negativo para aqueles que fazem uso dela. Ela separa os maiores amigos (Pv 16.28).
As consequências da mentira
O anjo de luz, Lúcifer, mentiu e foi expulso do céu, tornando-se diabo e satanás. Adão e Eva mentiram e foram expulsos do jardim do Éden. Caim mentiu e tornou-se homicida(10) e vagabundo. Esaú mentiu e perdeu sua primogenitura (Hb 3.23,24). Ananias e Safira mentiram e foram mortos (At 5.3,10). A mentira não é órfã (II Pe 2.4; Ap 20.2,3).
Um dia, ela juntamente com seu pai serão lançados no lago de fogo (Ap 12.9). O diabo, pai da mentira, já teve em seu poder o império da morte (Hb 2.14), mas JESUS o tomou, rasgando os “autos” de acusações contra nós (Cl 2.14). Como ele perdeu esse poder ou império, ele se apodera de outras armas perigosas para nos atacar, cujos nomes são laços, ciladas e ardis(11) (Ef 6.14; II Co 2.11; I Tm 3.7; 6.9; II Tm 2.26). Tudo isso são expressões que afirmam ou definem sua natureza pecaminosa para atacar, tendo por base a mentira. “O diabo calunia Deus perante os homens e os homens perante Deus. A mentira procura negar tanto a divindade, como a humanidade de JESUS...” (I Jo 2.22). “Os homens mudaram a verdade de Deus em mentira...” (Rm 1.25). Eles não abandonaram a verdade de Deus pela mentira, eles a “mudaram”. A mentira estará junto com o seu pai, na condenação eterna (Rm 16.20; I Co 15.25,28; Mt 25.41; Ap 20.10; 21.8). Que o Senhor nosso Deus nos dê da Sua graça e afaste de Sua Igreja o espírito da mentira.
Por: José Apolônio
(Fonte: MP 1249/Mar.1991)
1- anjo da primeira hierarquia, entre os serafins e os tronos.
2 - sentimento de altivez, sobranceria; orgulho.
3 - ação ou coisa contrária à moral e à religião.
4 - que é passageiro, temporário, transitório.
5 - conjunto de sinais e sintomas observáveis em vários processos patológicos diferentes e sem causa específica.
6 - que ou o que se vale de embustes, logros, mentiras; impostor.
7 - extensão de terra cultivada.
8 - a hora em que o sol está surgindo ou sumindo no horizonte.
9 - ato de obrigar alguém a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, por meio de ameaça ou violência, com a intenção de obter vantagem, recompensa, lucro.
10 - que acarreta ou pode acarretar a morte de muitas pessoas.
11 - ação que visa iludir, lograr (pessoa ou animal); armação, cilada.
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