quarta-feira, 19 de junho de 2019

O EXEMPLO DOS PAIS NA FORMAÇÃO ESPIRITUAL DOS FILHOS

A  VERDADE:
"Pais espirituais geram filhos espirituais e pais carnais geram filhos carnais. Não podemos fugir dessa regra. Ou ensinamos os nossos filhos no caminho que devem andar ou seremos atingidos pelo sofrimento de vê-los fora da Casa de Deus. Ou praticamos sinceramente aquilo que ensinamos perante os nossos filhos ou estaremos criando personalidades rebeldes e desobedientes. É nossa obrigação viver de modo digno e honesto, sem deixar nenhuma brecha para o nosso adversário, a fim de que não entre e comprometa a educação que eles devem receber".


A VERDADE EXPLICADA:
Muitas vezes observamos na igreja pais aflitos rogando oração por seus filhos desviados ou problemáticos. Em alguns desses casos, eles parecem realmente estar com a razão, pois sabemos que o inimigo não perde sequer uma oportunidade para prejudicar o relacionamento de uma família. No entanto, temos notado muitos casos semelhantes que denotam, além de qualquer outra coisa, a falta de exemplo moral e espiritual dos pais, o que certamente compromete todo o trabalho educacional que legaram aos seus filhos.

Quando isso acontece não adianta simplesmente querer colocar a culpa no diabo, pois sabemos muito bem que os erros são nossos. Se ensinamos aos nossos filhos uma coisa e praticamos outra completamente diferente, não podemos esperar outro resultado que não seja o que tem acontecido em nosso meio: filhos de crentes desviados ou fracos na fé.

Os pais evangélicos temos uma grande responsabilidade: criar nossos filhos no caminho de Deus, ensinando-os a guardar todos os mandamentos e estatutos do Senhor. Se procedemos corretamente, dentro dos parâmetros bíblicos, colheremos resultados satisfatórios, mas se insistirmos numa pedagogia calcada num sistema hipócrita, só teremos decepções.

Neste tratado queremos analisar alguns fatores que produzem esses efeitos nefastos no seio da família evangélica, e ao mesmo tempo apresentar algumas sugestões, todas extraídas da Bíblia, para melhorar o rendimento da educação moral e espiritual que damos aos nossos filhos.

FALTA DE ORAÇÃO
A Palavra de Deus ensina que devemos orar por nossos filhos (Gn 17.18; I Cr 29.29; Jó 1.5; II Sm 12.16; Mc 5.23; Jo 4.46,49) e isso, muitas vezes, não acontece. Alguns pais só lembram de orar por seus filhos quando alguma coisa está errada; outros só oram nas reuniões oficiais da igreja, e uma grande parte, infelizmente, não ora nunca.

Quando falamos em oração não estamos nos referindo àquela oração formal, feita mais para descarrego da consciência, mas sim da oração sincera, movida pela preocupação de desenvolver em nossos filhos o exercício espiritual mais importante da vida cristã.

Outro fator importante na formação espiritual dos nossos filhos é o exemplo que passamos para eles. Não adianta ficarmos só no campo da teoria. É fundamental que as crianças observem em nosso viver diário a prática daquilo que estamos ensinando a elas. Nosso exemplo vivo fala mais alto do que as nossas palavras. Veja na Bíblia os diversos casos de pais que deram mau exemplo para os filhos e por isso colheram resultados amargos e dolorosos (I Re 22.53; II Cr 22.3; Jr 9.14; Am 2.4).

Não pensemos que os nossos filhos sejam incapazes de perceber a nossa hipocrisia. Tudo que acontece ao redor deles é perfeitamente apreendido, seja de uma forma direta ou indireta. Quando se tornam adultos, toda aquela carga de frustração e decepção vem à tona, o que prejudica tremendamente a saúde espiritual deles. A imagem de vida cristã que os pais transmitem para seus filhos é a que permanece em suas mentes por longos anos, só havendo mudança no momento em que nascem de novo e recebem a mente de Cristo.

Portanto, a falta de oração correta junto aos nossos filhos pode causar problemas sérios na vida deles e, a não ser que revisemos nossa prática nesse sentido, muitos outros casos continuarão a aparecer em nosso meio. É necessário dedicarmos um tempo aos nossos filhos, a fim de ensiná-los a orar correta e biblicamente, pois se não agirmos dessa maneira corremos o risco de vê-los longe do Senhor.

ENSINO BÍBLICO
Muitos pais pensam que a responsabilidade de ensinar os seus filhos nos preceitos da Palavra de Deus termina nas classes da Escola Bíblica. Transferem para os professores uma tarefa que compete, prioritariamente, a eles executar: a educação espiritual e moral de seus filhos. Seguindo este pensamento, muitos pais dão-se por satisfeitos com o simples fato de que sua prole frequente regularmente uma igreja evangélica.

Acontece que isso não é suficiente para formar um caráter cristão sólido e desenvolver uma vida espiritual sadia em nossos filhos. É importante que os próprios pais se preocupem em passar conhecimentos sólidos e informações úteis tirados do Livro Santo para as crianças. Nos tempos antigos os pais não contavam com o auxílio precioso da Escola Dominical; eles mesmos instruíam os filhos no temor de Deus, e a maioria deles permanecia fiel aos princípios divinos, não se desviando nem para a direita nem para a esquerda. Vejamos o caso de Abraão e Isaque, por exemplo.

Tudo o que estamos explanando é uma questão de lei espiritual. Pais espirituais geram filhos espirituais e pais carnais geram filhos carnais. Não podemos fugir dessa regra. Ou ensinamos os nossos filhos no caminho que devem andar ou seremos atingidos pelo sofrimento de vê-los fora da Casa de Deus. Ou praticamos sinceramente aquilo que ensinamos perante os nossos filhos ou estaremos criando personalidades rebeldes e desobedientes.

Outro fator importante a ser observado diz respeito à realização do culto doméstico. Já ouvimos uma história que exemplifica o que não se deve fazer numa reunião desse tipo. Um certo pai, crente zeloso e sincero, sem respeitar o livre arbítrio e o espírito voluntário dos filhos, obrigava-os a se levantarem bem cedo para o culto matutino. Depois que todos estavam a postos, o pai começava a reunião cantando um hino e, logo após, fazia uma leitura bíblica extraída da Almeida, versão corrigida. Após breve comentário, passava-se ao momento de oração. Ao término do culto doméstico cada um ia para o seu lugar, sem maiores explicações.

Essa prática não era correta, uma vez que não respeitava alguns requisitos básicos para uma boa educação das crianças. Em primeiro lugar, julgamos errado obrigar os filhos a participarem do culto doméstico. O correto seria ensiná-los e incentivá-los a essa prática salutar e nunca passar a imagem de que aquilo é uma obrigação. Em segundo lugar, aquele pai não respeitava o universo mental dos seus filhos e os forçava a ler a Bíblia numa versão para adultos, ao invés de utilizar material próprio para aquela faixa etária. Por último, aquele pai errava por achar que tão-somente a realização do culto doméstico era suficiente para educar os filhos e que não precisava "perder" mais tempo conversando com eles.

Resultado dessa prática equivocada: a maioria de seus filhos está desviada e os que permaneceram na Casa de Deus são crentes fracos na fé. Os próprios filhos relataram a decepção que tiveram, por não terem recebido um bom lastro espiritual e um bom exemplo de vida cristã da parte dos pais.

VIDA PRÁTICA
Muitos pais são excelentes como professores, ou seja, sabem muito bem o que, quando e como ensinar aos seus filhos. No entanto, quando chega a hora de praticar aquilo que ensinaram deixam muito a desejar. O exemplo de vida cristã é muito importante para o desenvolvimento espiritual e moral dos nossos filhos. Não adianta ensinar as crianças a orar se nós não oramos. Não adianta incentivar nossos filhos a ler a Bíblia se nós não nos preocupamos com essa prática salutar. Não adianta muito obrigar os nossos filhos a frequentar as reuniões da igreja se nós mesmos demonstramos insatisfação em caminhar para a Casa de Deus.

A maneira como vivemos e andamos na presença do Senhor influencia grandemente a ideia que os nossos filhos tem do cristianismo. É nossa obrigação viver de modo digno e honesto, sem deixar nenhuma brecha para o nosso adversário, a fim de que não entre e comprometa a educação que devem receber. Portanto, evitemos todas as práticas que possam prejudicar a vida espiritual de nossa descendência.

Segundo as Escrituras Sagradas, um dos sinais dos últimos dias é a desobediência dos filhos aos pais (II Tm 3.2) e isso realmente tem acontecido em quase todos os quadrantes da terra. Portanto, os pais temos que vigiar e orar a fim de não sermos enganados pelas artimanhas do inimigo. Vamos educar nossos filhos com correção e sabedoria no caminho do Senhor (Pv 22.6), para que eles sejam uma bênção  para todos.


Por   Reginaldo de Souza
("A Seara" 311/Abr.1991)

quarta-feira, 5 de junho de 2019

MONOTEÍSMO CRISTÃO - Parte VI

 A VERDADE:
"Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR". (Deuteronômio 6.4)
"...mas Deus é um". (Gálatas 3.20)


A VERDADE EXPLICADA:

O ANJO DO SENHOR
Alguns dos numerosos aparecimentos do "Anjo do SENHOR" parecem ser teofanias. O Anjo do SENHOR apareceu a Hagar, falou como se fosse Deus, e ela o chamou de Deus (Gn 16.7-13). A Bíblia diz que o Anjo do SENHOR apareceu a Moisés na sarça ardente, mas a seguir afirma que Deus falou a Moisés, naquela ocasião (Ex 3; At 7.30-38). Êxodo (13.21) diz que o SENHOR ia adiante de Israel, como uma coluna de nuvem, enquanto em 14.19 diz que o Anjo de Deus era coluna de nuvem. O Anjo do SENHOR apareceu a Israel, em Juízes (2.1-5) e falou como Deus. Em 6.11-24 descreve o aparecimento do Anjo do SENHOR a Gideão, e, a seguir, diz que o SENHOR olhou para Gideão. Em outra ocasião, o Anjo do SENHOR apareceu a Manoá e à sua mulher, e eles acreditaram ter visto a Deus (Jz 13.2-23).

Em outras visitas do Anjo do SENHOR, não encontramos indícios de que fossem manifestações do próprio Deus, mas, frequentemente, as pessoas entendem que sim. Exemplos disso são os aparecimentos a Abraão, no Monte Sinai, e a Balaão (Gn 22.11-18; Nm 22.22-35). Às vezes, o Anjo do SENHOR é, claramente, não uma manifestação de Deus, mas um anjo identificado como um outro ser separado do SENHOR Deus. Exemplos disso são os aparecimentos a Davi e a Zacarias (II Sm 24.16; I Cr 21.15-30; Zc 1.8-19). O Anjo do SENHOR, no Novo Testamento, aparentemente não é senão um anjo e, com certeza, não se trata de JESUS Cristo (Mt 1.20; 2.13; 28.2; At 8.26).

Ao analisar todos estes versículos das Escrituras, alguns afirmam que o Anjo do SENHOR é sempre uma manifestação direta de Deus. No entanto, alguns dos exemplos já mencionados não sustentam esse ponto de vista, e dois deles, na verdade, o contradizem. Outros dizem que o Anjo do SENHOR é uma manifestação de Deus em alguns exemplos, mas não em outros. Esse segundo ponto de vista parece estar mais de acordo com as Escrituras.

Um terceiro ponto de vista, entretanto, afirma que o Anjo do SENHOR nunca é o SENHOR, mas sempre, literalmente, um anjo. Sustentam essa argumentação, dando ênfase ao fato de que anjos são porta-vozes, mensageiros e agentes de Deus. Em outras palavras, esse modo de pensar sustenta ser apropriado dizer "o SENHOR disse" ou "o SENHOR fez", mesmo que Ele tenha dito ou feito pela intervenção de um anjo. De acordo com esse ponto de vista, a descrição de um ato de Deus relatado como um aparecimento angelical é um modo resumido de dizer que Deus agiu através do anjo.

Uma vez que os escritores bíblicos deixaram claro, desde o princípio dos relatos, que um anjo foi o agente direto, não há porque existir ambiguidades ou discrepâncias. Sob este raciocínio, as pessoas que tomaram conhecimento da visita de Deus, ou estavam enganadas em sua crença de que tinham visto o próprio Deus, ou, mais provavelmente, reconheceram que Deus estava usando um anjo para falar com elas e, portanto, se dirigiram a Deus, através do anjo. Não há outra maneira de se reconciliar este terceiro ponto de vista com os versículos das Escrituras que identificam o Anjo do SENHOR com o SENHOR mesmo; quer dizer, o anjo apareceu visivelmente, mas o SENHOR também estava presente de maneira invisível. Asism sendo, as referências ao SENHOR agindo ou falando podem significar, literalmente, o SENHOR e não o anjo.

Resumindo, é evidente que o Anjo do SENHOR, no Antigo Testamento, não era sempre Deus mesmo. Uma pessoa pode argumentar plausivelmente, que o anjo do SENHOR não era nunca uma real teofania, mas não pode seriamente sustentar que o Anjo do SENHOR era sempre uma teofania. A explicação mais simples é que a expressão "Anjo do SENHOR", às vezes se refere a uma teofania de Deus, mas, outras vezes, indica nada mais que um simples anjo.

Um estudioso trinitariano resume assim o ponto de vista predominante:

"No Antigo Testamento, o Anjo do SENHOR podia ser apenas um mensageiro de Deus (a própria palavra em hebraico significa mensageiro), distinto do próprio Deus (II Sm 24,16), ou podia ser identificado com o próprio SENHOR falando na primeira pessoa. É característico das teofanias do Antigo Testamento o fato de Deus não poder ter Sua forma delineada... Deus é livre para tornar Sua presença conhecida, mesmo quando os seres humanos precisam ser protegidos de Sua presença imediata".

MELQUISEDEQUE
Muitos entendem Melquisedeque como uma teofania (Gn 14.18). Hebreus (7.3) diz que ele era sem pai, sem mãe e sem genealogia. Isso pode significar que ele era Deus em forma humana, ou pode simplesmente significar que sua origem genealógica não tinha registro. Hebreus (7.4) o chama de homem. Independentemente do fato de ser considerado homem comum ou uma teofania de Deus em forma de homem, ele foi um tipo ou símbolo de JESUS Cristo (Hb 7.1-17).

O QUARTO HOMEM NO FOGO
Uma suposta teofania é o quarto homem que apareceu no fogo, quando Sadraque, Mesaque e Abede-Nego foram lançados na fornalha (Dn 3.24,25). O rei pagão, Nabucodonosor, disse: "Eu, porém vejo quatro homens soltos... e o aspecto do quarto é semelhante a um filho dos deuses..." (Dn 3.25). Algumas versões dizem "ao Filho de Deus". No entanto, na linguagem original (aramaico) não existe o artigo definido antes da palavra Filho; isto é, não há o artigo "o" antes de Filho nessa passagem. O rei estava usando terminologia pagã e não tinha conhecimento da futura vinda do Filho unigênito de Deus. Muito provavelmente o rei viu um anjo, porque ele descreveu a aparição como um anjo (Dn 3.28). Parece que a expressão "um filho dos deuses" pode se referir a seres angelicais (Jó 38.7). Quando muito, o que Nabucodonosor viu pode ter sido apenas uma temporária teofania de Deus. Essa não era, com certeza, uma visão do Filho de Deus descrito no Novo Testamento, porque o Filho ainda não tinha nascido e a filiação ainda não tinha começado.

HÁ TEOFANIAS NO NOVO TESTAMENTO?
O Novo Testamento não registra nenhuma teofania de Deus em forma humana a não ser JESUS Cristo. JESUS, naturalmente, era mais que uma teofania; Ele era não apenas Deus aparecendo na forma de um homem, mas Ele era Deus vestido com verdadeiro corpo humano. O Anjo do Senhor em Mateus (1.20; 2.13; 28.2) e Atos (8.26) parece ser apenas um anjo, nada mais; não há evidência em contrário. Está claro nessas passagens, que o anjo não é JESUS Cristo.

Isso está de acordo com a conclusão de que o Anjo do SENHOR no Antigo Testamento não era sempre o próprio SENHOR. A única possível teofania do Novo Testamento é a pomba, no batismo de JESUS. Por que essa falta de teofanias no Novo Testamento? A razão é que não há necessidade delas. Deus Se revela completamente em JESUS Cristo. JESUS descreve e revela completamente o Pai (Jo 1.18). JESUS é a imagem expressa do Deus invisível, o brilho de Sua glória, e a imagem expressa de Sua pessoa (Cl 1.15; Hb 1.3).

CONCLUSÃO
No Antigo Testamento, Deus resolveu revelar aspectos de Sua natureza ao homem, através de várias teofanias. Essa revelação progressiva de Deus, através das teofanias, culminou e encontrou cumprimento perfeito em JESUS Cristo, na era do Novo Testamento. Isso nos leva à grande verdade de que JESUS é o único Deus do Antigo Testamento. 


continua...
(David K.Bernard)