A VERDADE:
A condenação divina da fabricação de imagens para culto, representando seres existentes no céu e na terra, é de tal modo clara, que durante séculos a Igreja Católica Romana tem eliminado dos seus catecismos o aludido mandamento.
A VERDADE EXPLICADA:
De vez em quando chegam às nossas mãos folhetos católicos romanos, contendo afirmações como estas: “Os protestantes atacam no catolicismo a veneração dos santos e as suas imagens. Mas eles também possuem em casa imagens e fotografias dos seus entes queridos e veneram-nas, estimam-nas. E dizem que a Bíblia proíbe essas imagens, não vendo que Deus mandou a Moisés colocar dois querubins de ouro na arca (Ex 25.18)”.
Imagens destinadas a culto
Aqui, consideraremos as objeções em causa, aliás, divulgadas há séculos pelos defensores do culto a Deus e aos “santos” através de imagens. Chamamos a sua atenção para o fato de as citações bíblicas aqui apresentadas (à exceção de Êxodo 20.4-6) serem extraídas da Bíblia Sagrada, traduzida pelos padres Capuchinhos, e com a respectiva aprovação eclesiástica.
Antes de mais nada, recordamos aqui que Deus proíbe, efetivamente, a fabricação de imagens destinadas a culto, bem como a veneração das mesmas. Da Bíblia traduzida da Vulgata pelo padre Matos Soares, com aprovação das autoridades católicas, transcrevemos o segundo mandamento do Decálogo, o qual reza o seguinte: “Não farás para ti imagem de escultura, nem figura alguma do que há em cima no céu, e do que há em baixo na terra, nem do que há nas águas debaixo da terra. Não adorarás tais coisas, nem lhes prestarás culto; eu sou o Senhor teu Deus forte e zeloso, que vinga a iniquidade dos pais nos filhos, até à terceira e quarta geração daqueles que me odeiam; e que usa de misericórdia até mil (gerações) com aqueles que me amam e guardam os meus preceitos...” (Ex 20.4-6). Vejam-se, ainda, as referências bíblicas em Levítico 26.1; Salmos 134.15-18 (Bíblia católica; Salmos 135 na evangélica); Isaías 40.18-23; 44.9-20; 46.5-7; Jeremias 10.3-5; Habacuque 2.18,19 e I João 5.21.
A condenação divina da fabricação de imagens para culto, representando seres existentes no céu e na terra, é de tal modo clara, que durante séculos a Igreja Católica Romana tem eliminado dos seus catecismos o aludido mandamento.
A fim de se manter o número dos mandamentos no Decálogo, os católicos dividiram em dois o décimo, o qual trata exclusivamente da cobiça. Basta consultar o texto de Êxodo (20.17) em qualquer Bíblia editada pelos católicos, e depois confronte esse mandamento da lei divina com o nono e o décimo constantes nos referidos catecismos.
Um pouco de história
Vejamos, rapidamente, como as imagens de escultura surgiram paulatinamente na cristandade. Não há precedente algum de semelhante prática entre os cristãos primitivos, quer nas páginas do Novo Testamento, quer nas igrejas. As próprias catacumbas de Roma (onde se refugiaram os crentes durante três séculos) abundam em símbolos cristãos, e não em imagens esculpidas de santos. Nessas pinturas, JESUS era representado por um cordeiro ou um leão, o Espírito Santo por uma pomba, a Igreja por um barco, etc...
David Schaff escreve na sua obra NOSSA CRENÇA E A DE NOSSOS PAIS: “A veneração de imagens e relíquias foi proclamada verdadeiro elemento da religião cristã pelo Concílio de Trento, o qual ensinou que objetos tais como „imagens de Cristo e da Virgem Mãe de Deus e de outros santos devem ser conservados, principalmente nas igrejas, e a eles se devem prestar a honra e veneração devidas‟. Elaborando as suas definições, aquele Concílio seguiu o decreto do 7º Concílio Ecumênico, que se reunira em Nicéia, no ano 787, e formalmente pusera termo à controvérsia entre o Oriente e o Ocidente sobre se as imagens deviam ser veneradas ou não. O imperador oriental, Leão, o Isauriano (716-741), opôs-se violentamente àquele culto, como o fez mais tarde Leão, o Armeniano (813-820).”
Na página 443 da aludida obra, Schaff revela: “A veneração de imagens não se implantou, todavia, sem tenaz oposição. O próprio uso de pinturas e esculturas nas igrejas foi condenado pelo Sínodo de Elvira, em 304, para que se não rendesse culto a tais objetos. Epifânio, falecido em 403, destruiu um retrato de Cristo que encontrara numa igreja da Palestina. Dois séculos depois, Sereno, bispo de Marselha, alijou as pinturas das igrejas, mas o seu ato provocou forte censura da parte de Gregório I, o qual sustentou que o que as Escrituras são para o leitor, as pinturas são-no para os ignorantes. Carlos Magno proibiu a multiplicação de imagens”.
Certo deputado evangélico afirmou no parlamento do seu país quando se discutia a colocação de crucifixos em lugares públicos: “São Jerônimo, Latâncio, Ambrósio e Santo Agostinho escreveram contra as imagens dos pagãos. Caçoaram delas, dizendo que os ratos faziam ninhos nas suas cabeças ocas. Ridicularizaram a cegueira das imagens e a imobilidade das mesmas. Tudo isso os pagãos teriam devolvido com juros, se o culto das imagens existisse na Igreja Cristã daqueles tempos, como existe hoje na nossa terra”.
Retratos de familiares
Consideremos agora o argumento dos retratos de familiares, que muitos ainda usam para justificar o culto à Divindade e aos santos, mediante pinturas e esculturas. Não é imprescindível ter as fotografias dos nossos familiares defuntos, a quem amávamos, para nos recordarmos deles, conforme argumentam os católicos. Os mesmos deverão estar no coração de cada um de nós. Necessitamos do “retrato” de Deus a fim de nos lembrarmos d’Ele, ou da imagem dos santos de modo a seguirmos os seus exemplos de virtude? Evidentemente que não!
Claro que possuímos fotografias dos nossos antepassados, expostas até em lugares de honra, contudo não lhes prestamos culto. Nenhum cristão esclarecido se ajoelhará diante dos retratos dos familiares, queimando-lhes incenso ou fazendo-lhes promessas. Não transportamos em procissão as imagens dos entes queridos, nem lhes entoamos ladainhas. Não celebramos o aniversário de sua morte com festejos, procissões, quermesses...
O Criador deverá ser adorado em espírito e em verdade, e não por intermédio de pretensas imagens, já que Ele é Espírito (Jo 4.23,24; At 17.29). Deus é lamentavelmente representado, em certos catecismos cristãos, por um “ancião” de cabelos compridos e barba branca! Um espírito, como se sabe, não tem forma física. Além disso, a Bíblia declara que ninguém jamais viu a Deus (Jo 1.18; I Tm 1.17). Disse alguém que “quando o Senhor está no coração do homem, a imagem é desnecessária; e quando não está, a imagem é completamente inútil.”
Objeta-se que os cristãos menos esclarecidos carecem de imagens de Deus e dos “santos” para serem ajudados na sua devoção. Essa ideia tem produzido resultados contraproducentes, visto haver induzido inúmeras pessoas à prática de atos supersticiosos e idolátricos. Os católicos reconhecem já esse inconveniente, e os novos templos que inauguram estão praticamente despidos de imagens... O verdadeiro retrato do Senhor – Sua personalidade, o Seu caráter e conselhos – encontra-se na Bíblia.
Eis o que pensa o ex-padre Antonio Pires a respeito do problema da veneração: “Os devotos das imagens dizem que as veneram e não adoram. Os dicionários desconhecem a diferença de sentido dessas duas palavras. O povo católico toma-as como sinônimas. As imagens são entronizadas nos mesmos altares onde os padres celebram missa. São incensadas como Deus, carregadas em procissões, alumiadas por velas e lamparinas, ornamentadas com flores e festejadas. O povo presta-lhes culto superior ao que presta a Deus. Pede-lhes favores como a Deus, faz-lhes promessas e paga-as com a entrega de dinheiro e valores.”
Subtilezas teológicas
Quanto à pretensa intercessão dos santos (defuntos), inquirimos: Quem pode demonstrar que um “santo”, no céu, ouve simultaneamente milhares de preces ao mesmo tempo, em várias partes do mundo, e algumas delas mentais, ou até simples gemidos da alma? Na hipótese afirmativa, como provar que os mesmos estão autorizados a transmiti-los a Deus, e até a exercerem uma certa influência sobre o Criador para deferimento do pedido?
Por outro lado, Deus é Espírito, e por isso é impossível representar o Criador através de qualquer figura. Quanto ao Senhor JESUS, d’Ele não existe pintura ou fotografia alguma. O que há são imagens diferentes umas das outras na cor da pele, nas feições, na estatura, etc... fruto da imaginação do artista.
Certa vez um ministro cristão pronunciou-se do seguinte modo sobre a questão das imagens religiosas: “Realmente não há retratos de nosso Senhor JESUS Cristo que sejam fiéis. São todos eles ficções muitas vezes grosseiras. Fui aluno de padres alemães, que se rebelavam contra os franceses porque faziam retratos afeminados de “santos”, como eles diziam, ao passo que os padres franceses condenavam os alemães por acharem as suas imagens de olhar penetrante e duro, à semelhança de homens ríspidos, que não correspondiam à fé. Quer dizer, portanto, que são todas imagens fictícias. Direi mais ainda: Todos aqueles que penetram o Cristo glorioso, o Cristo santo, o Cristo perfeito, o Cristo puro, e olham para as imagens que d'Ele fazem os homens, todos os que conhecem o Cristo dos evangelhos voltam a face, porque pintor humano algum poderá jamais retratar a pureza do Divino Mestre.”
Sendo JESUS, o nosso Pai celestial, seria estranho que não nos dirigíssemos diretamente a Ele nas nossas súplicas. A oração-modelo, ensinada por JESUS, principia com as palavras: “Pai nosso que estais nos céus...” (Mt 6.9). Oramos a Deus sem necessidade de medianeiros humanos ou angélicos, porque esse é o caminho revelado pelas Escrituras evangélicas.
Autor: Fernando Martinez
(Fonte: MP. nº 1202/Junho 1987)
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