sexta-feira, 25 de agosto de 2023

O PODER DO SANGUE DE JESUS

A VERDADE EXPLICADA:

O PODER DO SANGUE DE JESUS


O sangue de Cristo é o que de mais precioso poderia existir, pois é o único elemento em todo o universo que limpa o homem do pecado (I Pe 1.18-20). Seu valor é imensurável, pois é sangue divino (At 20.28). Assim como o organismo humano depende do sangue para a sua existência, o cristão depende do sangue de JESUS para a sua existência e sobrevivência espirituais. Se fôssemos projetar arquitetonicamente as realidades da Bíblia como uma cidade, a avenida principal e central seria o sangue de JESUS, uma vez que a salvação, a redenção, a justificação, a reconciliação, a purificação, a santificação, a propiciação, a cura divina, o batismo com o Espírito Santo, os dons espirituais, o fruto do Espírito, a libertação vem todos através do sangue de JESUS.

O que o sangue de animais não podia fazer na antiga aliança, pois somente expiava e cobria os pecados dos santos, aguardando o sacrifício maior e perfeito do Cordeiro de Deus, o sangue redentor de JESUS fez, uma vez para sempre. Este sangue fala e intercede junto a Deus em nosso favor (Hb 12.22-24). Todo cristão verdadeiro confia no sangue de JESUS (Rm 3.23-25).

Quais são os benefícios que o precioso e imaculado sangue de JESUS provê ao crente? Aqui estão alguns, fundamentados na Palavra de Deus:


A redenção pelo sangue (Ef 1.7; Rm 5.9,10) A justificação pelo sangue (Rm 5.9) A purificação do pecado pelo sangue (I Jo 1.7) A reconciliação através do sangue (Cl 1.20; Rm 3.25) A paz através do sangue (Cl 11.20) O acesso a Deus pelo sangue (Ef 2.13) A consciência limpa pelo sangue (Hb 9.13) A santificação através do sangue (Hb 13.12) A comunhão com Deus através do sangue (I Co 10.16) A inclusão no concerto eterno, efetuado pelo sangue (Hb 13.20) A condição de rei e sacerdote para com Deus através do sangue (Ap 1.5,6) A vitória sobre Satanás pelo sangue (Ap 12.11) A vida eterna através do sangue (Jo 6.53-57,63)


Todos os benefícios que o cristão recebe de Deus é através dos méritos e do valor do sangue de Cristo, presentes diante do trono de Deus. Não percamos a visão do Calvário e da obra expiatória do Senhor JESUS e do supremo valor do Seu precioso sangue.



Por: Bernhard Johnson

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

O PODER DE DESTRUIR E EDIFICAR O LAR

A VERDADE:
"São as suas escolhas, renúncias e decisões que vão formar os valores familiares deste novo grupo de indivíduos que vão construir ou demolir a casa. O comportamento de cada um vai influenciar a vida dos outros simultaneamente, por isso é imprescindível que cada membro da família tenha em mente primeiro os valores comuns, familiares, as normas internas de convivência e solidariedade entre si para sustentabilidade de uma família sadia. Seus filhos aprenderão com seu exemplo, mais do que com suas palavras".


A VERDADE EXPLICADA:
Dentro da estrutura familiar, Deus distribuiu atribuições perfeitas, assim como dons para com elas arcar, a cada membro. Veremos aqui no poder e na responsabilidade confiados à figura feminina dentro do lar.

O primeiro papel que uma mulher desempenha em sua casa é o de esposa. Neste, deve semear o amor, a união e a comunicação com seu cônjuge para que todos os canais de relacionamento estejam ativos e preparados para amadurecer o relacionamento conjugal e estarem aptos a receber e educar de forma sadia os filhos que virão.

Com a chegada do primeiro bebê, há uma mudança radical na vida dos cônjuges. Enquanto casal, os dois adultos mantinham algum tempo privativo, individualidades, agora fica impossível preservar tudo isso. É por esse motivo que a chegada de um filho deve ser planejada, esmerada, de forma que o novo membro da família se sinta plenamente recebido de maneira feliz e desejada.

Certamente, você já leu várias vezes o versículo 1 de Provérbios 14: “Toda a mulher sábia edifica a sua casa, mas a tola derruba-a com as suas próprias mãos”. Temos algumas reflexões muito importantes para fazer sobre este versículo, a saber:

“...toda a mulher...” – Isso dá-nos o entendimento de que a sabedoria é para todas as mulheres que a buscam. A sabedoria tem em si o altruísmo, ou seja, o próximo.
“...edifica...” – Edificar é mais profundo do que construir. É mais que erguer, envolve a estrutura, o alicerce, a utilidade e resistência da casa. Logo um lar edificado por uma mulher sábia tem segurança, força frente às adversidades, beleza, harmonia, alegria, etc...
“...mas a tola derruba-a com suas próprias mãos...” – Perceba que a responsabilidade ou culpa não é de ninguém, a não ser da mulher que tem todo o “poder de realizar” em suas mãos, mas procede de forma tola, mais carnal que espiritual, imprudente, precipitada, egoísta (Pv 18.1).


Construtora ou demolidora
A Palavra de Deus nos ensina a agir segundo a sabedoria divina, desprezando a sabedoria mundana, diabólica (Tg 3.13-18), bem como a conquistar um caráter cristão, tendo o fruto do Espírito (Gl 5.22). Essas orientações valem para todos nós. Sozinho, ninguém consegue tais proezas. Temos um Ajudador. A diferença está em quem de nós O busca e quem O apaga pouco a pouco em sua rotina.

Lembremos que antes de sermos eficazes como pais, nós temos que sê-lo como filhos, cônjuges, irmãos, amigos e cristãos. Uma mãe precisa do apoio do esposo, como pai de seu filho, como seu companheiro, para que consiga desempenhar com eficácia seus afazeres e ideais pela família. Muitas vezes, as opiniões divergem e é necessário que o caráter cristão fale mais alto para renunciar às próprias vontades em prol da vontade divina. Deus honra a mulher que é submissa. Essa atitude, portanto, não faz dela menor, mais fraca, muito pelo contrário. O Senhor é contra todo tipo de rebeldia, mas deleita-se na obediência.

São as suas escolhas, renúncias e decisões que vão formar os valores familiares deste novo grupo de indivíduos que vão construir ou demolir a casa. O comportamento de cada um vai influenciar a vida dos outros simultaneamente, por isso é imprescindível que cada membro da família tenha em mente primeiro os valores comuns, familiares, as normas internas de convivência e solidariedade entre si para sustentabilidade de uma família sadia. Seus filhos aprenderão com seu exemplo, mais do que com suas palavras.

Em Provérbios (14.1), observamos a tamanha responsabilidade da mulher. A mãe é o membro de maior influência no grupo, e é neste sentido que a Palavra de Deus afirma que está em suas mãos a capacidade de edificar ou construir.

É claro que não é fácil, mas é possível e muito recompensador. Afinal, quem diz isso é o mesmo que quer ajudar a cada mulher a ser sábia, a ter um lar de amor, onde não falte cooperação, paciência, solidariedade e união.


Comunicação no lar
Uma boa comunicação familiar é fundamental, uma vez que precisamos desabafar, receber conselhos, aconselhar, pensar juntos e analisar os fatos antes de uma decisão. E ninguém melhor que a família para compartilhar de momentos decisivos. Seus filhos, observando esse canal aberto, não precisarão recorrer a outras fontes, às vezes tão danosas, para resolver seus dilemas, dúvidas e problemas.

A mãe com esta sabedoria, credibilidade e influência é também uma ponte entre todos os membros da família, diluindo as diferenças, os desencontros, da melhor forma possível. Este papel é essencial para a boa performance familiar e para que a união e a amizade entre os membros sejam constantes.

Segundo pesquisas do Instituto Nacional de Saúde, dos Estados Unidos, junto à Universidade Yale e Universidade de Michigan, a mulher, ao se tornar mãe, tem uma modificação estrutural em seu cérebro, desenvolvendo uma capacidade maior de conexão entre todos os neurônios. Ou seja, se uma mulher que ainda não é mãe já tem grande capacidade de conectar as várias caixas mentais (assuntos diversos) ao mesmo tempo, ao tornar-se mãe a sua capacidade aumenta, trazendo velocidade, dinamismo em conectar assuntos, banco de dados armazenados para a tomada de decisão, ação. Observe como Deus fez tudo perfeito. Os próprios cientistas admitem que “essas alterações estão relacionadas à criação de vínculos com os recém-nascidos como um recurso da natureza para garantir que as mães protejam, cuidem melhor dos seus filhos”.

Essa capacidade materna de proteção torna a mãe ainda mais ágil, preventiva e fica dada vez mais difícil esconder uma ação, um sentimento, daquela que o gerou, ou que é sua companheira.

Os gestos mais singelos e simples de uma mãe resgatam os valores mais nobres da convivência familiar. O almoço do domingo que ela prepara com todo o carinho, o chazinho para quem está resfriado, o leite quente antes de dormir, a participação na reunião do colégio, o lanche para os amigos durante o trabalho escolar, etc...

Atualmente, existe uma infinidade de literaturas, até mesmo cristãs, ajudando a mãe em suas tarefas: informações sobre a forma de trocar o bebê, brincar com a criança de forma lúdica e instrutiva, de educar os filhos em várias fases da vida, lidar com as personalidades diferentes, ensinando a dizer ‘não’ ou ‘espera’ como respostas positivas e necessárias à formação do caráter dos filhos, entre outros conhecimentos.

Recorrer a elas é muito interessante e de grande valia. Mas nunca se esqueça que sua principal fonte, aquela que habilita sua alma e a capacita em todas as esferas é a Palavra de Deus. Um tempo atrás eu concordava com o jargão: “Filho vem sem manual de instrução”, mas agora entendo ser a Bíblia Sagrada o melhor e mais eficaz manual de instrução na educação dos filhos, na edificação e manutenção da família e do lar. Faça uso dela e você e sua família experimentarão proezas.

Ser uma esposa, mãe, mulher sábia é ter a grande chance de construir seres humanos excelentes, um lar feliz e um legado inesquecível!



Por: Rosana Beda
(Fonte: MP. 1556/Jan.2015)

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

O EXEMPLO DE EZEQUIAS

A VERDADE EXPLICADA:

Certas datas históricas destacam-se entre os eventos mundiais no destino da humanidade. Por exemplo, no ano 490 ªC. travou-se a batalha de Maratona. Os gregos, embora dispondo de número de soldados muito inferior, repeliram os persas, evitando assim que seus exércitos penetrassem mais na Europa.

No ano 732, na batalha de Tours, no sul da França, Carlos Martel fez recuar os mouros, seguidores de Maomé. Se ele tivesse fracassado, é bem possível que a religião islâmica viesse a dominar todo o continente europeu. Nos Estados Unidos, o ano de 1.776 marcou o nascimento dessa nação.

Outra data que precisamos lembrar é 713 ªC., que foi um ano de grande triunfo e de grande tragédia, de milagres e de erros. Foi um ano que influenciou decisivamente a história do povo de Deus. Essa data tem uma mensagem simbólica, especialmente para os membros das Assembleias de Deus.

Ezequias tornou-se rei de Judá 14 anos antes dessa data. Ele era um homem de destaque. Segundo o livro de II Reis (18.15), ele era o melhor rei que Judá teve até essa data. Mas ele também falhou. Seu exemplo e queda é o que encontramos na história dos avivamentos. Convém que nós observemos bem a triste história de Ezequias e aprender as lições que nos ensinam, a fim de não repetirmos seus erros. O reinado de Ezequias iniciou-se com avivamento. O templo do rei Salomão havia caído em desuso. O mesmo não era mais o centro do culto a Deus. O lixo cobria as áreas sagradas. Só uma liderança enérgica poderia melhorar as coisas.

No primeiro mês do seu reinado, o rei mandou fazer uma limpeza geral em torno do templo. O lixo foi jogado no rio Jordão e os serviços religiosos foram novamente restabelecidos. Ezequias também fez a nação voltar aos princípios e às doutrinas de sua fé. A grande festa da Páscoa, que celebrava a libertação do Egito, havia sido abandonada. Ezequias restituiu a sua observância. As Escrituras afirmam que foi a maior Páscoa celebrada desde os dias de Salomão, quase 300 anos antes.

O ano 713 ªC., o 14º ano do reinado de Ezequias foi um ano de milagres. Foi nesse ano que Senaqueribe, rei da Assíria, trouxe seu exército para diante da cidade de Jerusalém, ameaçando destruí-la. Em resposta à oração de Ezequias, Deus enviou um anjo que em uma noite matou 185.000 soldados do exército assírio.

Também nesse mesmo ano, Ezequias foi curado. Doente para morrer, o rei pediu a Deus que prolongasse a sua vida e o Senhor lhe deu mais 15 anos de vida (II Re 20.1). Ainda mais dramático do que a cura de Ezequias foi o sinal que Deus lhe deu. O profeta Isaías perguntou ao rei qual o sinal de libertação da doença que desejava: que a sombra do sol se adiantasse 10 graus ou voltasse 10 graus para trás, no relógio de Acaz. Neste relógio de sol havia uma coluna perpendicular no topo de uma série de graus. Normalmente a sombra adiantava-se com o movimento do sol, mas o rei pediu que o sol alterasse o seu curso para o oposto do normal. Levantar-se-ia no oeste e não no leste. Foi este o sinal que Deus deu ao rei Ezequias.

Todo o mundo, então conhecido, tomou conhecimento dos milagres realizados naquele ano. Souberam da derrota de Senaqueribe, se bem que, provavelmente, não ficaram sabendo que um só anjo havia causado a derrota! Souberam também da cura de Ezequias, mas os dirigentes do Império Babilônico teriam se interessado especialmente no milagre do relógio de sol. Os caldeus estudavam muito a astronomia e certamente foram os primeiros a notar o estranho funcionamento solar. Para verificar o fenômeno de perto, alguns embaixadores da Babilônia foram enviados à Jerusalém. Ficaram sabendo, então, que o Deus dos hebreus é que havia operado aquele estupendo milagre.

Que excelente oportunidade teve o rei Ezequias para falar aos embaixadores babilônicos acerca de Jeová, o verdadeiro Deus, que ama a todos os seres humanos! Grandes coisas poderiam ter acontecido. Seu testemunho poderia ter influenciado os líderes babilônicos a aceitarem a Deus e um avivamento poderia ter sido produzido em todo o Império Babilônico. Infelizmente, a Bíblia nada informa acerca de Ezequias ter testemunhado para os embaixadores caldeus sobre o poder de Jeová. O rei falhou tristemente. Ele não soube aproveitar a grande oportunidade que Deus lhe dera e nem correspondeu ao benefício que recebeu porque “...o seu coração se exaltou...” (II Cr 32.25). Em vez de lhes mostrar as coisas de Deus, ele “...lhes mostrou a casa do seu tesouro, a prata e o ouro, e as especiarias, os melhores unguentos, e a sua casa de armas...coisa nenhuma houve que lhes não mostrasse, nem em sua casa nem em todo o seu domínio.” (II Re 20.13)

Ezequias também falhou quanto às coisas do seu futuro. Deus enviou-lhe o profeta Isaías para lhe comunicar o seguinte aviso: “Eis que virão dias em que tudo quanto houver em tua casa, com o que entesouraram teus pais até ao dia de hoje, será levado para Babilônia. E não ficará coisa alguma...e dos teus filhos tomarão para que sejam eunucos no palácio do rei de Babilônia.” (Is 39.6,7). Qual foi a resposta de Ezequias a esta profecia de juízo? Foi a seguinte: “Boa é a palavra do Senhor que me disseste. Disse mais: E não haverá, pois, em meus dias paz e verdade?” Esta resposta revelou a dureza do seu coração, a sua irresponsabilidade e egoísmo. Depois disso, nasceu o seu filho Manasses, o mais ímpio de todos os reis de Judá.

Em menos de 100 anos após a morte de Ezequias, os babilônios haviam dominado Judá. Vinte anos depois, a cidade de Jerusalém era um monte de ruínas e o belo templo de Salomão estava completamente destruído. Milhares de judeus foram levados cativos. Os tesouros do domínio de Judá vieram a adornar os templos dos falsos deuses de Babilônia.

Oremos, pois, ao Senhor para que não venhamos a cometer os mesmos erros que o rei Ezequias praticou e que venhamos a compreender a importância de tributar toda a glória Àquele que criou todas as coisas.



Por: RALPH HARRIS 

(Fonte: MP. 1236/Jan.1990)

sexta-feira, 4 de agosto de 2023

O DESAFIO DAS OUTRAS RELIGIÕES

A VERDADE:

"Como podemos então formular nossa teologia sobre as religiões? Nós costumamos dizer que as outras religiões são apenas “artimanhas do diabo”, ou apenas “um esforço natural do homem para encontrar a verdade”, ou “forte aproximação do Evangelho”. Se fôssemos relacionar tudo o que sabemos hoje acerca de pessoas de outra fé com tudo o que se encontra nas Escrituras, nossa teologia sobre as outras religiões teria que ser bastante flexível para incluir elementos destas três definições".


A VERDADE EXPLICADA:

Quando falamos acerca de outras religiões, estamos falando de dois terços da população mundial. Uma vez que grande percentagem dessa população é de pobres e famintos, seria supérfluo dizer-se que a pobreza e a diversidade de religiões são dois aspectos importantes que precisamos considerar. Em nossa opinião, entre os dois bilhões que não ouviram falar, ainda, do Evangelho, temos que nos deparar não somente com a situação em que eles vivem, mas também com a religião que eles certamente vem praticando.


Por que encaramos as demais religiões como um desafio?

Em parte é porque elas tem uma visão mundial que conflita com muitos dos nossos pontos de vista, mas em parte também porque ao invés de desaparecer, ou desintegrar-se, como pensavam nossos antepassados, quase todas elas tem crescido em número e cada uma tem pelo menos sua própria visão de como converter o mundo.

De que maneira nós tentamos discutir o “desafio das outras religiões”? Eu acredito que não seja tão fácil assim elaborar estratégias para alcançar os povos de outra fé. Enquanto nos dedicamos a essa ingente tarefa, ou antes que a comecemos, precisamos pensar seriamente sobre as demais religiões em geral. Sua múltipla existência, seu valor numérico, seu esforço e sua resistência à mensagem cristã nos estariam forçando a competir com esta difícil questão teológica, à qual a igreja como um todo no século XX tem sido ineficiente para combater. Precisamos esfriar a cabeça e aquecer o coração. Existem quatro destas questões importantes que podemos explorar resumidamente usando a Bíblia como auxílio para encontrar respostas apropriadas e relevantes.


Qual a nossa teologia sobre as demais religiões?

Os cristãos evangélicos tendem a enfatizar passagens bíblicas que apresentam as outras religiões sob pontos de vista negativos. Mas o Livro de Gênesis mostra uma teologia das nações, na qual Jeová não é meramente um Deus tribal, mas Se identifica com todas as setenta nações. Melquisedeque é descrito como sacerdote do Deus Altíssimo, el Elion e Abraão parece identificar o Deus de Melquisedeque com Jeová quando ele fala de Jeová, Deus Altíssimo, Criador dos céus e da terra (Gn 14.18-22). Este mesmo Deus de Abraão comunicou-Se com um estrangeiro como Abimeleque, em sonhos (Gn 20.6,7). E Jó, que vivia na terra de Uz, talvez durante a época dos patriarcas, não tinha contato pessoal com Jeová (Jó 38.1; 40.1; 42.1). Vários dos profetas tiveram de rever as atitudes de arrogância, superioridade e autossuficiência às quais frequentemente se misturavam às suas convicções de exclusivismo (Am 9.7). Jonas foi um missionário relutante que verificou para sua surpresa que povos de outra fé são mais receptivos para com Deus do que Seu próprio povo (Jn 3.4). E Malaquias estarrece seus ouvintes quando sugere que os sacrifícios oferecidos por seus vizinhos pagãos poderiam ser mais aceitáveis para com Deus do que seu próprio culto, que se mostrava carnal e deficiente (Ml 1.6-14).

Igualmente os discípulos de JESUS descobrem que as suas atitudes com os povos de outras raças e fé precisavam ser mudadas. Em resultado do que aconteceu a Cornélio, Pedro disse: “Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas, mas que lhe é agradável aquele que em qualquer nação o teme e obra o que é justo...” (At 10.34,35). Cornélio se identificou com o Evangelho antes mesmo de ter a experiência da salvação e a palavra “aceitável” (doctos) não significa justificado ou salvo, mas apenas qualifica pessoa de outra religião que tem o temor de Deus em seu coração.

Como podemos então formular nossa teologia sobre as religiões? Nós costumamos dizer que as outras religiões são apenas “artimanhas do diabo”, ou apenas “um esforço natural do homem para encontrar a verdade”, ou “forte aproximação do Evangelho”. Se fôssemos relacionar tudo o que sabemos hoje acerca de pessoas de outra fé com tudo o que se encontra nas Escrituras, nossa teologia sobre as outras religiões teria que ser bastante flexível para incluir elementos destas três definições.


O que dizer das pessoas de outras religiões que nunca ouviram falar do Evangelho?

Eu levanto esta questão aqui, em parte porque sinto considerável insegurança entre os cristãos com as respostas que foram dadas no passado e, em parte, porque muitos dos “liberais” duvidam de que encaremos seriamente o dilema ou sintamos a lógica das nossas respostas.

Em termos simples, a questão é a seguinte: É a salvação apenas para aqueles que conscientes e abertamente professam a fé em Cristo? Estão as pessoas de outra fé, antes e depois da época de JESUS, que não ouviram a mensagem, definitivamente excluídas da possibilidade de salvação?

Colocada nestes termos, a questão nos ajuda a entender porque o presente debate é muito mais complicado do que parece ser. No passado era como se tivéssemos uma simples escolha entre as respostas cristãs tradicionais e o universalismo que diz que todo mundo será salvo. Mas agora o número de opções se multiplicou. O exclusivista crê que JESUS Cristo é o único caminho para a salvação.

O inclusivista crê que embora JESUS seja a final e definitiva revelação de Deus, Sua presença e atividade salvífica podem ser encontradas nas religiões não-cristãs. A salvação oferecida através do Senhor JESUS pode por essa forma ser medida através de outras confissões além do cristianismo.

O pluralista crê que toda religião apresenta caminhos para a salvação, os quais são igualmente válidos e que o cristianismo não se pode julgar o único meio ou o substituto de outros meios.

Todos os que subscrevemos o Pacto de Lausanne afirmamos que a salvação vem unicamente através de Cristo, o que possivelmente nos coloca claramente entre os exclusivistas. Mas eu temo que nós não concordemos inteiramente quando nos defrontamos com as implicações da posição exclusivista quanto àqueles que nunca ouviram falar do Evangelho. Nós todos concordamos em que a salvação é uma insuperável graça de Deus recebida através do arrependimento e da fé.

Alguns de nós insistem que só pode haver arrependimento e fé articulados em resposta à pregação do Evangelho. Outros, porém, sem querer concordar inteiramente com o inclusivista sentem certamente certa atração pelos seus conceitos e creem que Deus deve ter planos particulares para o coração humano e sabe onde há evidência de genuíno arrependimento e fé, mesmo quando não sejam expressos em palavras. Apenas eu espero que possamos reconhecer diferenças dessa espécie ao lado de nossa convicção pessoal de que a salvação não pode ser alcançada a não ser no Nome de JESUS (At 4.12).

E qual o recurso da Escritura quando nos sentimos embaraçados diante dessas difíceis questões? Entre outras passagens, voltamos à promessa de Deus a Abraão de que sua descendência seria tão numerosa quanto o pó da terra, as estrelas do céu e a areia da praia (Gn 13.16; 15.5; 22.17). Eu relembro também como JESUS respondeu à pergunta: “Senhor, são poucos os que se salvam?” Ele recusou-Se a responder em termos numéricos e em contrário fez esta advertência: “Porfiai por entrar pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição e muitos são os que entram por ela. E porque estreita é a porta e apertado o caminho que leva à vida poucos há que o encontrem...” (Mt 7.13,14).


Dialogar ou não dialogar?

Parte do nosso problema aqui é que o termo “dialogar” significa coisas diferentes para pessoas diferentes. Para alguns, ele simplesmente significa uma conversação entre duas ou mais pessoas, enquanto para outros implica numa particular compreensão para com outras crenças. Para ilustrar esse fato eu quero fazer uma ligeira comparação com a descrição que Lucas fez de JESUS no templo aos Seus doze anos (Lc 2.46,47). JESUS está com alguns dos líderes religiosos, sentado entre eles, ouvindo o que eles diziam e fazendo-lhes perguntas. Seus interlocutores estavam abismados com Sua sabedoria e respostas.

O valor desse encontro para mim está em que Ele mostra a existência de um sincero interesse em dialogar. Então “sentado entre eles” me parece significar colocar de lado meus preconceitos e pôr-me à vontade diante de pessoas de outras crenças. “Ouvindo-os”, me coloca em posição de dar-lhes tempo, para explanar suas razões, ler o que elas escrevem e ver o que elas transmitem. Eu lhes faço perguntas porque eu quero compreender seus pontos de vista e apreciar suas esperanças e seus temores. Eu peço constantemente ao Senhor que me dê discernimento especial que me habilite a descobrir onde temos algo em comum e onde nossas opiniões colidem. Então quando o clima se torna propício e eu tenho oportunidade de falar de JESUS, meu testemunho é: eu espero identificar-me com as suas dúvidas e não somente com as minhas.

Mas o que aconteceu depois, quando JESUS entrou em discussão com líderes religiosos durante o Seu ministério público? Os Evangelhos sinóticos nos mostram os principais motivos em que Ele era questionado e muitos destes parecem ser relevantes em nossa discussão com pessoas de outras crenças. O Evangelho de João, contudo, relata diálogos de flagrante desconsideração que focalizam uma objeção radicalista às reivindicações de JESUS: “Tú, um mero homem te fazes Deus... “ (Jo 10.33). Dessa forma o quarto Evangelho deixa claro que para JESUS, dialogar é mais do que mútua comunicação, porque basicamente aquilo o conduzia para a cruz.

Vemos Paulo dialogando em igualdade de condições com seus contendores em Atenas. Ainda que ele estivesse extremamente penalizado com a idolatria que o rodeava (At 17.16), não começou sua palestra com uma afirmação negativa. Ele não está desprestigiando a sua crença ou tripudiando sobre suas práticas quando descreve os atenienses com “um tanto supersticiosos”. No decorrer do seu discurso ele escolheu suas palavras cuidadosamente, deliberadamente consoantes com os diferentes grupos a quem falava. Ele naturalmente se contrapôs a algumas de suas ideias quando disse: “Sendo nós pois geração de Deus não havemos de cuidar que a divindade seja semelhante ao ouro ou à prata ou à pedra esculpida...” e proclamou sem apologia que Deus “...não tendo em conta os tempos da ignorância anuncia agora a todos os homens e em todo lugar que se arrependam...” Mas ele reconhece a sinceridade do seu culto e sua pesquisa e começa sua pregação dessa forma: “Este, pois, que vós honrais não conhecendo é o que eu vos anuncio...” (At 17.23).

Este modelo de diálogo de JESUS e Paulo me convence de que não faz sentido tentar separar a pregação do diálogo. Eu quero portanto perguntar aos meus irmãos se estamos dialogando com pessoas de outras crenças usando os mesmos argumentos empregados por JESUS e pelo apóstolo Paulo e se com estes exemplos diante de nós há alguma razão para relutarmos em praticá-los.


Qual a nossa pregação para pessoas de outras crenças?

O pedido de oração que Paulo fez aos Efésios no capítulo 6 verso 19, tem especial relevância para a maneira como devemos orar em favor daqueles que professam outras crenças. Quando ele fala do “Mistério do Evangelho”, ele usa o termo musterion que tem conotação com o mistério das religiões do seu tempo. Mas para Paulo a boa nova sobre JESUS não é um mistério a ser propagado somente aos iniciados, mas é um privilégio a ser divulgado no mundo inteiro. E usa então o termo “paresia” oriundo de Atenas com sua tradição de livre pensamento. Então ele está pedindo oração para que ele tenha liberdade de falar destemidamente e que lhe seja dada a mensagem precisa para comunicar as boas novas aos diferentes grupos (Ef 6.19,20).

Mas há outro contexto no qual os crentes coletivamente pedem ousadia e isso aconteceu quando Pedro e João oravam na igreja de Jerusalém. Eles pediam ao Senhor que os livrasse do temor e lhes desse ousadia para falar. “Concede aos teus servos que falem com toda ousadia a tua palavra...” (At 4.19). Ao mesmo tempo eles sentiram que suas palavras não seriam suficientes e pediram ao Senhor que agisse por Sua própria soberania e poder, “...enquanto estendes a tua mão para curar e para que se façam sinais e prodígios pelo nome do teu Santo Filho Jesus...”

O que quer que pensemos acerca da chamada Questão Carismática, eu confio que todos reconheçamos a especial influência da oração dos apóstolos em nossa oração pelas pessoas de outras crenças. É frequente uma especial demonstração de Deus através de JESUS na conversão de muçulmanos, hindus, budistas e pessoas de outras religiões que aceitam JESUS como Salvador. Se todas as igrejas estivessem orando regularmente conforme os irmãos oraram, duas coisas poderiam acontecer: primeira, empregaríamos métodos e esforços mais adequados para a conversão de pessoas de outras crenças, e, segunda, poderíamos aumentar a nossa confiança e reconhecer a operação do Espírito Santo entre pessoas de outras crenças no sentido de faze-las entender a obra redentora do Senhor JESUS Cristo.




Por: Colin Chapman

(Fonte: MP.1240/Jun.1990)