"Orai pela paz de Jerusalém! Prosperarão aqueles que te amam. Haja paz dentro de teus muros e prosperidade dentro dos teus palácios. Por causa de meus irmãos e amigos, direi: haja paz em ti! Por causa da Casa do Senhor, nosso Deus, buscarei o teu bem". (Sl 122.6-9)
A VERDADE EXPLICADA:
Depois de lançar sobre escribas e fariseus oito "ais", deplorando sua responsabilidade como os responsáveis pela formação religiosa do povo, formação esta que eles haviam negligenciado e, por que não dizer, por cuja causa sua história se aproximava do caos, olhando para a situação do povo, dá o Senhor JESUS um verdadeiro brado de tristeza: "Jerusalém, Jerusalém, que estás matando os profetas, e apedrejando aqueles que te tem sido enviados...!"
Estamos longe de entender a profunda dor que invadia o coração do Mestre naquele instante. Lucas, em seu evangelho (19.41-44), nos informa que vendo Ele a cidade chorou sobre ela. Quanta recordação de esforços do passado, no sentido de orientar para o bem o Seu povo! Quanta recordação relativamente aos Seus esforços pessoais, durante o Seu ministério, para levar o Seu povo ao arrependimento e que foram rejeitados por este!
Jerusalém foi a cidade mais privilegiada de todas quantas há no mundo e também a mais ingrata e incrédula. Basta dizer que recebeu a maior revelação do amor de Deus -- JESUS Cristo -- a Quem rejeitou e entregou à morte. Que cidade no mundo teve tanto privilégio e que cidade no mundo foi tão incrédula! Vale a pena recordar, ainda que ligeiramente, destacando alguns fatos de sua acidentada história desde que os israelitas entraram na Terra Prometida. Vejamos:
Era a cidade fortificada dos jebuseus a quem o povo de Israel não teve condição de expulsar no tempo de Josué. Os israelitas se viram obrigados a conviver com eles na Terra Prometida por longos anos (cerca de seiscentos anos), até ao reinado de Davi que conseguiu derrotá-los fazendo dela, em seguida, a capital do seu reino.
A significação do seu nome é Cidade de Paz. Informa-nos Buckland que "...ela se acha edificada no alto de uma larga crista montanhosa que vai de norte a sul da Palestina, tendo sido edificada sobre duas elevações dessa crista montanhosa. Trata-se de uma cidade bem protegida pela natureza (Sl 87.1,2; 122.3,4; 125.1,2). Davi foi quem a conquistou total e definitivamente por volta do ano 1000 a.C. Daí por diante passou a se chamar Cidade de Davi".
Quando o anjo do Senhor feriu o povo por haver Davi ordenado a numeração deste, chegando ele a Jerusalém, o Senhor lhe ordenou que a poupasse e, por conseguinte, nenhum dos seus habitantes morreu naquele evento (II Sm 24.16).
Foi atacada e tomada várias vezes por vários adversários do povo de Deus, inclusive Nabucodonozor que a danificou sobremaneira e destruiu o seu templo. Mais, tarde, com a conquista da Babilônia por Ciro, o persa, foi ela reedificada por ordem desse Imperador. Mais tarde, cerca de 300 a.C., foi ela visitada por Alexandre o Grande que conquistara o mundo de então.
O grande império de Alexandre, com sua morte, foi dividido em quatro partes e a Palestina passou a ser dominada pela Síria que ficara com uma dessas partes, incluindo o Egito. Entre 198 e 168 a.C. cumpre-se a profecia de Daniel (11.31). Antíoco Epifânio, governador da Síria, entra em Jerusalém e sacrifica no altar do Senhor, no templo, um porco. Foi esta uma das maiores, senão a maior, humilhação para os israelitas. Estamos no período das guerras macabéias. Em 165 a.C., Judas Macabeu conseguiu reconquistá-la e reparar o seu templo. Experimentou, então, um período de cerca de cem anos de relativa paz, vindo a cair nas mãos dos romanos no ano 65 a.C. No ano 27 a.C. Herodes, o Grande, é nomeado pelo poder romano rei da Palestina e reedifica o templo. Esse foi o templo visitado por JESUS.
Como se pode ver, a cidade cujo nome significa "paz" foi toda a sua história (até JESUS) uma das mais agitadas do mundo e continua a ser até os dias atuais.
É sobre essa cidade que o Senhor JESUS chora, tendo em vista a sua impenitência. Agora o Senhor está vendo para ela um fim mais trágico do que tudo quanto lhe acontecera em toda a sua história. Ele está vendo a entrada dos exércitos romanos do general Tito que vai acontecer no ano 70 da nossa era, portanto, a apenas trinta e poucos anos adiante. Bem sabia o Senhor JESUS o tamanho da catástrofe em que se constituiria a sua tomada pelos romanos. Diz a história que no ano 70 morreram em Jerusalém cerca de um milhão de pessoas. E daí para cá, quantas tentativas de reconstrução da cidade! Quanta agitação não apenas nela mas por causa dela...!
Não é de se estranhar tudo isso, pois, como todos sabemos, o povo israelita rejeitou a lei do Senhor, criou a sua tradição que colocou acima das Escrituras. Quando veio o seu Messias, o Senhor JESUS Cristo, rejeitou-O e O rejeita ainda hoje. Cidade que fez da perseguição aos profetas do Senhor um costume. Veja-se a maneira como o Senhor JESUS fala a respeito disso: "...estás matando os profetas e apedrejando aqueles que te tem sido enviados!" A colocação da acusação contra ela nestes termos significa que ela passou a fazer da perseguição aos enviados do Senhor um costume. Deixou não apenas de dar crédito à palavra do Senhor mas até de considerar a mensagem a ela enviada, para ver se era ou não coerente e digna de ser ouvida.
"Quantas vezes quis ajuntar os teus filhos..."
Embora em espírito o Senhor tenha estado à frente dos cuidados da cidade nos tempos do Velho Testamento, o Senhor JESUS nunca este ausente da história humana. Sempre Se fez presente e, todas as vezes que as Escrituras falam de "o anjo do Senhor" é d'Ele que está falando, em aparições em forma angelical. Note-se, por exemplo, que Moisés, quando se virou para a sarça para ver o que era aquilo que estava acontecendo, começou por falar com o anjo do Senhor. Na continuação da conversação com o mesmo anjo este é chamado de Deus.
Esse "anjo" sempre aceitou a adoração do homem e o ser chamado de Senhor, o que não aceitava nenhum outro anjo. Na encarnação do Verbo, JESUS Se fez presente entre os homens para ser presente com a criatura por Ele criada, e sempre esteve no mundo Se esforçando para levar o Seu povo a crer na revelação. Pena que foi e continua a ser rejeitado por esse povo até os dias atuais!
(Jornal de Oração/Jul.1984)
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