quarta-feira, 2 de maio de 2018

QUANDO O MEDO BATE À PORTA.

A VERDADE:
"...medo é que ele rasteja nos recônditos e nossa mente, debaixo da superfície de nossos pensamentos, e sai do esconderijo de vez em quando para nos atormentar e nos lembrar de que ele existe".





















A VERDADE EXPLICADA:
A maçaneta da porta da frente chacoalhava com um som ameaçador. Eu e minha irmã mais nova tentávamos nos esconder atrás do sofá da sala; o coração pulsando forte, o corpo retesado. A maçaneta chacoalhou novamente, enquanto nosso vizinho tentava arrombar a porta. Estávamos em casa sozinhas! Não havia nenhuma tranca mais forte, e a maçaneta era daquele modelo simples com apenas um pequeno botão do lado de dentro, que a mantinha travada. O homem empurrou o joelho contra a porta, mas a maçaneta suportou o esforço. Sentindo-se derrotado, ele retornou para sua caminhonete e deu ré pela longa entrada da garagem enquanto nós observávamos, tremendo, enfraquecidas pelo medo.

Medo. Todos já tiveram essa sensação, a menos que você seja meu amigo, Bill. Corria um boato de que ele nunca havia sentido medo. Eu achava difícil acreditar nisso, porque sempre fui uma garota medrosa. Então, decidi escrever uma carta para o Bill e checar se o boato era verdadeiro. Agora, ele tem 76 anos, mas, quando jovem, serviu como piloto missionário entre os esquimós nas planícies nevadas do Canadá. Ele respondeu à minha carta:

"Realmente não me lembro de algum dia ter sentido medo. Já estive sobressaltado, e houve situações em que não tinha certeza de como as circunstâncias iriam se desenrolar - quer fosse voando ou quando tive de passar dois verões num barco na baía Hudson rebocando suprimentos para a missão. Naquela vez, o clima ficou muito tempestuoso e não havia como prever o que aconteceria. Mas, mesmo quando jovem, não me lembro de ter sentido medo"

Obviamente, Bill é uma exceção. A maioria das pessoas sente medo. A prova disso é a ordenança mais frequente na Bíblia: "Não temas...!" O medo não é necessariamente ruim; é uma sensação criada por Deus para garantir nossa sobrevivência, para nos impedir de saltar na frente de um carro em movimento ou pegar uma cobra venenosa. A reação de "fugir ou lutar" que temos diante de uma situação perigosa é uma maneira de o Senhor nos ajudar a reagir ao perigo. Substâncias liberadas em nossa corrente sanguínea nos capacitam a lutar para defender a vida ou fugir em busca de segurança.

Entretanto, nem sempre o medo está relacionado com a sobrevivência. Existem tipos nocivos de medo que nos limitam e debilitam; que, em vez de nos ajudarem a sobreviver, nos aprisionam. Esse tipo de medo, às vezes, é chamado de fobia -- "um medo intenso e persistente que não está baseado em nenhuma sensação racional de perigo iminente e previne o envolvimento em atividades que podem estimulá-lo".  Estive às voltas com esse tipo de medo nocivo pouco depois que nossa filha mais nova, Patrícia, nasceu. Pelo fato de não termos planejado a gravidez, imediatamente comecei a procurar motivos de Deus nos ter enviado outro bebê. E os encontrei bem rápido! Ela parecia muito com nossa filha mais velha, Reesha, quando pequena. Então pensei um pouco e cheguei a uma conclusão errônea: Patrícia havia nascido para substituir Reesha, pois ela iria morrer!

Meu medo começou como um pensamento simples -- Por acaso... Será que... -- e cresceu à medida que eu lhe dava mais espaço na mente. Espiritualizar a situação deixou o sentimento ainda mais forte: "Será que Deus está me dizendo isso?" Um medo irracional cresceu dentro de mim como um tumor e comecei uma vigília incessante -- não apenas para com Reesha, mas também, com Patrícia, esforçando-me para prever e evitar qualquer acidente. E o pior, não compartilhei o que eu estava passando com ninguém.

Uma característica desse tipo de medo é que ele rasteja nos recônditos de nossa mente, debaixo da superfície de nossos pensamentos, e sai do esconderijo de vez em quando para nos atormentar e nos lembrar de que ele existe. E então torna a se esconder, pois não deseja ficar exposto muito tempo.

Como podemos nos livrar desse medo paralisante? A seguir, apresento algumas sugestões.

1. Descubra a afirmação falsa por trás da verdade.
Você se lembra daquelas questões de "verdadeiro ou falso" que respondia nos tempos de escola? Elas eram capciosas, porque sempre havia uma parte da verdade incluída na pergunta. Essa foi a estratégia da serpente com Eva. O diabo começou inquirindo: "É assim que Deus disse...", e então deturpou as palavras de Deus, misturando porções da verdade com suas mentiras para enganar a mulher. 

Em seu livro Help Yourself to a Healthy Mind (Desenvolva uma mente saudável), meu cunhado, LeRoy Dugan, apresenta uma estratégia simples que pode nos ajudar a discernir pensamentos falsos. Escreva ou fale sobre seu medo, começando cada frase assim: "O Pai celeste me disse..." Por exemplo, se você tem muito medo de estar com câncer, diga: "O Pai celeste me disse que vou morrer de câncer", ou então: "O Pai celeste me disse que meu filho irá falecer em um acidente de carro", ou ainda: "O Pai celeste me disse que estou ficando louco". Agora, pense: por acaso nosso Deus amoroso nos atormentaria com tais pensamentos? Você, como pai ou mãe amoroso que é, alguma vez disse algo assim para seus filhos? Traga seus medo à luz espiritual do amor de Deus. Os pensamentos falsos serão revelado facilmente.

2. Substitua os pensamentos falsos pela verdade.
Se há uma afirmação falsa, o oposto dela também tem de existir. Empregue a mesma estratégia do item anterior e complete a frase com alguma verdade presente na Palavra de Deus. "O Pai celeste me disse que (não estou morrendo de câncer, mas sim que) para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro". (Fp 1.21). É necessário mencionar que, se você receia estar doente, consulte um médico. Devemos ser bons mordomos de nosso corpo e nem sempre a solução será "espiritual". Por exemplo, quando perguntei à minha mãe se ela tinha alguma experiência relacionada ao medo para compartilhar comigo, ela disse que, quando criança, tinha muito receio de usar o banheiro durante a noite, pois ele ficava fora de casa. "Mas isso", acrescentou ela, "podia ser resolvido facilmente levando uma lanterna!" Você tem medo de ficar louco? Então afirme: "O Pai celeste me disse que não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação" (II Tm 1.7). Procure verdades nas Escrituras a respeito daquilo que você teme.

3. Compartilhe seus temores com alguém em quem confia.
Creio que esse é o passo mais importante. Trazer seus temores à luz os deixa expostos, e contar seu problema a outra pessoa anula o poder do medo. Foi exatamente o que eu fiz. Após guardar por muito tempo o medo de perder minha filha, Reesha, por fim reuni coragem e contei tudo ao meu marido. Não foi algo fácil. O diabo lutou contra a revelação de nosso medo, porque sabe que a verdade fará com que ele perca o controle sobre nós. Satanás tenta nos impedir de contar a outros sobre nosso medo, afirmando que as pessoas vão pensar que somos tolos. Não dê ouvidos ao diabo! Meu marido me ajudou a perceber que meu temor era totalmente contrário ao caráter de Deus Aquela verdade me libertou e eu fiquei tão aliviada que desejei compartilhar minha experiência. Talvez alguém mais estivesse passando pelo mesmo problema. O primeiro aniversário de Patrícia estava se aproximando e decidi contar meu testemunho durante a festa. Pouco depois uma das convidadas me confessou que estava  sentindo o mesmo com relação à sua filha. Naquela noite celebramos uma segunda vez, agora pela libertação de minha amiga de seus temores que eu e meu marido oramos por ela. Em quem você confia? Conte a essa pessoa sobre seu medo e seja liberto.

4. Rejeite a mentira
Essa deve ser uma atitude deliberada e consciente de sua parte. Ore da seguinte maneira: "Em Nome de JESUS, rejeito essa mentira, pois é contrária ao caráter de Deus e escolho crer na verdade".

Nossos pensamentos errôneos não vão nos abandonar facilmente. Talvez o mau hábito de cultivar  ideias erradas seja antigo, mas podemos substituí-lo com persistência. Devemos rejeitá-las sempre que se manifestarem: hoje, amanhã e sempre. Isso exige disciplina, mas, quando fazemos nossa parte, Deus faz a d'Ele. II Coríntios (10.4,5), afirma: "As armas com as quais lutamos não são humanas; ao contrário, são poderosas em Deus para destruir fortalezas. Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo". (NVI)

Imagine uma gaiola imensa no céu onde Deus lança todos os falsos pensamentos que lhe entregamos. Ele é o único que tem as chaves do cadeado! A nós cabe entregar-lhe qualquer temor -- que na verdade são mentiras. Ao levarmos a Deus as mentiras nas quais temos acreditado, frustramos o plano de satanás. Isso nos liberta da prisão que o medo constrói! Você não deseja entregar seus temores a Deus agora mesmo?

O tempo provou que o medo que eu sentia de perder minha filha estava baseado em uma mentira. Reesha e Patrícia cresceram e se tornaram belas mulheres. E elas, por sua vez, estão aprendendo a lidar com o medo em sua própria experiência. Em vários períodos de minha vida, novos temores surgiram e tive de enfrentá-los com base nessas mesmas diretrizes.

Ao longo de toda nossa existência às vezes o medo baterá à porta -- como meu vizinho ameaçador -- mas, se seguirmos estas instruções simples, sempre conseguiremos manter a porta bem trancada.


NEDRA DUGAN
(M.da Cruz 149/Abr.2010)

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