A VERDADE:
"No mundo moderno, o conceito de vocação profissional está bem mais desenvolvido do que nos dias em que a Bíblia foi escrita. Além da densidade demográfica ser bem menor do que é hoje, ainda não se conhecia o que o homem de agora conhece, em termos de tecnologia e de avanços científicos; e, enquanto as profissões eram uma continuação natural das atividades desempenhadas pelo pai de família, hoje cada um tem o direito de fazer a escolha que mais lhe agradar".
A VERDADE EXPLICADA:
“...do trabalho das tuas mãos comerás, feliz serás, e tudo te irá bem...” (Sl 128.2)
A Bíblia é um livro completo, pois trata dos interesses do homem, mostrando-lhe caminhos que visam a sua felicidade. Ela se ocupa das experiências comuns da vida como o nascimento, casamento, vocação e morte, revelando o interesse de Deus em atuar em todas essas fases, dando a Sua bênção e oferecendo a Sua orientação.
Muitos homens, cujos nomes foram registrados na Bíblia, fazem-se conhecer a nós com suas respectivas profissões, como Tubal Caim, que era mestre em toda a obra de ferro; Ninrode, que era um caçador; Davi, pastor de ovelhas; Caim, lavrador; José (do Egito), administrador; Bezaleel, hábil artífice; Mateus, cobrador de impostos; Lucas, médico; Pedro, pescador; Paulo, fabricante de tendas; Dorcas, costureira; JESUS, carpinteiro; Lídia, vendedora; Cornélio, comandante de cem soldados, e assim por diante. Desde as mais nobres profissões até as inferiores, como o exercício da magia por Simão (At 8.9) ou a confecção de nichos de prata com a esfinge de Diana (At 19.27), em Éfeso, são-nos apresentados na Bíblia.
Embora apresente várias áreas da atividade humana, tendo por finalidade a manutenção do sustento daqueles cujas vidas são destacadas, a Bíblia tem a sua ênfase na vocação ministerial, por ser o terreno espiritual a sua prioridade. Entretanto, ela faz exigências sobre o trabalho, que devem ser observadas como: “...seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra...” (Ex 20.9), referindo-se ao período de trabalho no decorrer de uma semana; “...se alguém não quiser trabalhar não coma também...” (II Ts 3.10). O apóstolo Paulo lembra aos irmãos de Tessalônica o quanto trabalhou para não depender deles: “...porque bem vos lembrais, irmãos, do nosso trabalho e fadiga; pois, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós...” (I Ts 2.9).
No mundo moderno, o conceito de vocação profissional está bem mais desenvolvido do que nos dias em que a Bíblia foi escrita. Além da densidade demográfica ser bem menor do que é hoje, ainda não se conhecia o que o homem de agora conhece, em termos de tecnologia e de avanços científicos; e, enquanto as profissões eram uma continuação natural das atividades desempenhadas pelo pai de família, hoje cada um tem o direito de fazer a escolha que mais lhe agradar.
O termo “vocação” está bastante secularizado. O Dicionário de Filosofia, de Nicola Abbagnano, diz que o termo foi originalmente usado pelo apóstolo Paulo, em Primeira aos Coríntios (7.20): “...cada um fique na vocação em que foi chamado...” A palavra vocação é hoje um conceito pedagógico e significa a profissão para qualquer ocupação, profissão ou atividade.
Esta é, aliás, uma preocupação que começa com os pais quando o filho é ainda criança e não tem a mínima noção do que pretenderá ser. A experiência de ter um filho que não optou por uma profissão excessivamente honrosa é consideravelmente frustradora para alguns pais. No passado, o trabalho era uma imitação da natureza; hoje, é uma expressão da livre iniciativa humana.
Nos primórdios da civilização, os trabalhos desenvolvidos pelo homem eram manuais. Com o tempo passou dos trabalhos manuais para os artesanais. Começou o homem, então, a produzir coisas por conta própria. Nesse período, o instrumento de trabalho era o utensílio. Mais tarde, o homem entrou na era industrial e, a partir daí, utilizou-se da máquina. Começando com o vapor, depois com o petróleo e a eletricidade, avançou à eletrônica. Vivemos na era dos computadores.
No passado, as áreas de implementações trabalhistas eram restritas; hoje elas seguem uma distribuição ampla dentro de cada setor. Assim, o médico, que antigamente tinha de fazer tudo o que estivesse ao seu alcance para salvar um paciente, hoje cuida apenas de sua especialidade médica; ou cardiologia, ou oftalmologia, ou urologia, ou cancerologia, e assim por diante. O mesmo critério é desenvolvido na engenharia, no direito, na odontologia, na psicologia, como em todas as demais ciências humanas, ampliando o quadro de opções, bem como criando mais oportunidades de trabalho.
Embora não haja na Bíblia nenhuma diretriz para a escolha de uma profissão, de maneira direta, podemos, a partir do bom senso cristão, optar por um caminho coerente, sábio e digno de bênção de Deus. O doutor Trueblood observa: “Se o nosso mundo é de Deus, qualquer trabalho verdadeiro para a melhora da vida do homem é uma tarefa sagrada e deve ser empreendido com este aspecto em mente.”
Há, evidentemente, carreiras que não podem compactuar com a fé cristã. Essas devem ser descartadas, enquanto que outras, nobres, poderão, não apenas trazer realização pessoal, como também servir de ponte para o testemunho ardente de uma vida em Cristo. Médicos tem levado pessoas a Cristo no leito de dor. Professores tem testificado de JESUS aos seus alunos, valendo-se de seu horário de aula. Jornalistas tem-se aproveitado do espaço de sua competência para incluir uma mensagem de Cristo nos jornais. Não há limites para a propagação do Evangelho, e os profissionais crentes, sem pretender roubar o tempo dos seus patrões, podem, de maneira inteligente, valer-se do seu trabalho para comunicarem Cristo ao próximo.
A obra missionária está prejudicada pelo controle imigratório de missionários em muitos países. Eles rejeitam os religiosos, mas clamam por técnicos. Tem sido bom para o Evangelho, técnicos levarem para lá a sua semente. Deus está nisso.
Algumas perguntas que se deve fazer.
Se você está diante de uma escolha e quer saber se esta é a carreira ideal para a sua vida, pergunte a si mesmo:
1. Por que esta profissão?
2. Ela é compatível com a minha fé?
3. Estou escolhendo esta carreira por vocação ou por falta de uma opção melhor?
4. Tenho certeza de que é isto que quero?
5. Sinto que serei uma pessoa realizada nesta profissão?
6. Tenho queda para exercer esta profissão ou apenas acho que posso?
7. Recebo incentivo por esta decisão ou tentam-me desanimar? Por que?
8. Posso fazer desta profissão uma bênção para a minha vida, bem como para a obra de Deus?
9. Costumo interromper tudo o que começo ou sempre vou até o fim?
Tente levantar outras questões em que todas as implicações (positivas ou negativas) possam ser conhecidas, a fim de que não se torne um profissional frustrado, mas feliz e certo de estar no centro da vontade de Deus.
Por: Walter Brunelli
(Fonte: MP 1247/Jan.1991)