sexta-feira, 31 de março de 2017

A FALSA DOUTRINA DA REENCARNAÇÃO DO ESPÍRITO HUMANO APÓS A MORTE

A VERDADE:






























A VERDADE EXPLICADA:

A falsa doutrina da reencarnação do ser humano é uma das principais doutrinas falsas do espiritismo; a outra é a da comunicação dos vivos com os mortos.

Para o espiritismo, especialmente o kardecista, o espírito sobrevive à morte do corpo e pode entrar em comunicação com os vivos. Todos os espíritos são criados simples e ignorantes e se instruem e progridem através das lutas e tribulações da vida corporal. O número dessas vidas ou reencarnações não é determinado. Uns espíritos evoluem mais rapidamente do que os outros. De modo geral eles podem ser classificados em quatro categorias:
1 - Os imperfeitos, que são ignorantes e cheios de vis paixões;
2 - Os bons, cheios de desejos do bem, já bastante elevados na sabedoria, ou no domínio das paixões;
3 - Os superiores, com desenvolvimento na ciência, sabedoria e bondade;
4 - Os puros, já sem nenhuma influência da matéria, e com superioridade intelectual e moral absoluta sobre os outros. Só estes últimos não estão mais sujeitos à reencarnações. Todos os espíritos chegam, mais cedo ou mais tarde ao último estágio.

Estes são alguns dos ensinos do espiritismo sobre o assunto. Numa palavra: a doutrina da reencarnação invalida a obra da redenção do pecador, mediante a morte de JESUS Cristo. O homem salva-se a si mesmo. Sim, a reencarnação é uma crença que admite o aperfeiçoamento de cada um por si próprio, em sucessivas encarnações, sem precisar de redentor algum. Nega, portanto, a redenção divina, que é a verdade básica do Cristianismo.

Imagine, um pecador em desespero por salvação, necessitando resposta urgente sobre isso, como o carcereiro de Filipos (At 16.31): "Senhores, que devo fazer para me salvar...?", e tendo como resposta o seguinte: "...daqui a quinze reencarnações (ou existências) você será salvo..."

A reencarnação é uma das doutrinas de demônios; é totalmente antibíblica. Examine as seguintes passagens bíblicas sobre o assunto: João 9.2,3; Hebreus 9.27; Lucas 16.22-29; II Coríntios 5.6-8; Filipenses 1.21-24; Apocalipse 14.13; I Samuel 12.23; Jó 10.21.

Citam João 3.3-6 em favor da reencarnação. JESUS aí não estava tratando do nascimento segundo a carne, isto é, da suposta reencarnação, pois no verso 6 Ele diz "...o que é nascido da carne é carne; o que é nascido do Espírito é espírito...", logo, estava falando do novo nascimento no sentido espiritual, como bem o mostra o verso 5.

Citam João Batista como sendo Elias reencarnado. Para isso, tomam Malaquias 4.5, Mateus 11.14 e Lucas 1.17. Vejamos o assunto de Elias e João à luz das Escrituras.
A missão de Elias e João tinha muitas similaridades, a saber:
- Apareceram perante a nação israelita de modo repentino (I Re 17.1; Mt 3.7).
- Ministraram em época de grande decadência espiritual (I Re 16.29; Mt 3.7).
- Pareciam-se no traje (II Re 1.8; Mt 3.4).
- Seus ministérios foram de caráter nacional (I Re 18.31, 19.16; Mt 3.5).
- Repreenderam reis perversos (I Re 16.17,18; Mt 14.3,4).
- Foram perseguidos por rainhas malvadas (I Re 19.23; Mt 14.6-8).
- Ambos enfrentaram crises espirituais, desânimo (I Re 19.4,5; Lc 7.18-22).

João no "espírito e virtude de Elias" (Lc 1.17)
- Isto tão somente significa que João tinha um caráter como o de Elias: enérgico, positivo, impetuoso, zeloso, espiritual. Este é o sentido.
- O próprio João Batista declarou que ele não era Elias (Jo 1.21). Daí, ou JESUS teve um precursor mentiroso, ou o espiritismo é uma grande impostura. Nesse ponto, ficamos com a Bíblia.
- Para que Elias reencarnasse em João, deveria ter morrido. Ora, Elias não morreu! (II Re 2.11).
- A reencarnação, segundo o espiritismo, promove o aperfeiçoamento da pessoa, entretanto João Batista não foi melhor que Elias. Elias foi para o céu em corpo, sem passar pela morte; João foi decapitado de modo frio e caprichoso. João, segundo a reencarnação, deveria estar mais aperfeiçoado do que Elias. Era de se esperar que tivesse maiores privilégios, o que não se deu...
- Se Elias estivesse reencarnado em João, na Transfiguração (Mt 7), era João quem devia ter aparecido no monte, não Elias.
- Admira também o fato que o espírito de Moisés, durante mais de dois mil anos ainda não tivesse reencarnado noutro corpo, uma vez que o próprio Moisés apareceu na maravilhosa cena.
- Se houvesse reencarnação o mundo teria sempre o mesmo número de habitantes desde a criação, visto que na reencarnação não há multiplicação; há apenas continuação da vida. Aqui, os espíritas se defendem afirmando que há habitantes noutros planetas. Tal declaração não está na Bíblia, nem a Ciência o tem comprovado. E, se por acaso houver, terão constituição diferente da nossa. Leiamos Atos 17.26; Salmos 115.16.

A falsa doutrina da necromancia (evocação dos mortos)  
Os espíritas creem que os espíritos dos falecidos comunicam-se com os vivos aqui na terra. Já temos estudado que tal ensino é falso e muito antigo. O que realmente se passa nas sessões espíritas é a manifestação de demônios personificando os mortos. Os espíritas usam a Bíblia por conveniência, para contradizer os evangélicos. Por exemplo, eles tem uma predileção especial pelos capítulos 28 de I Samuel e de 17 de Mateus, os quais passaremos a apreciar.

I Samuel 28 - Saul consultando a pitonisa de Endor.
- Saul está caído e reprovado por Deus quando consultou a necromante (I Sm 15-31). Estava também endemoninhado (I Sm 18.10).
- Saul, quando fiel ao Senhor, perseguiu o espiritismo (verso 9).
- Saul só buscou a necromante porque Deus não lhe respondeu (versos 5,6), e depois que o Espírito Santo dele se afastara (I Sm 16.14).
- Saul usou de engano, disfarce, ao consultar a necromante (verso 8). A horrível morte de Saul foi em parte por ter consultado a necromante (I Cr 10.13).
- Samuel em vida verberou contra o espiritismo (I Sm 15.23); agora tomaria parte numa sessão espírita? Pura incoerência!
- Se Deus não respondeu a Saul quando O buscou (verso 6), o responderia agora em atenção a uma necromante?
- A necromante não afirma que viu Samuel, e sim "deuses" (verso 13). Ela, ou estava enganando Saul, ou vendo, literalmente, demônios.
- A descrição que a mulher faz de Samuel (verso 14) é porque o conhecia. Samuel, quando juiz e profeta, percorria toda a nação ocupado no trabalho do Senhor (I Sm 7.15-17).
- No verso 12 vê-se uma trama da mulher. Ela, pelo pedido de Saul (verso 11), descobriu que o consulente era o rei. Por que não descobriu antes dele fazer-lhe o pedido?
- Saul não viu a Samuel, apenas "entendeu" que era ele (verso 14).
- As palavras do verso 15 (Samuel disse a Saul), não é uma declaração da Bíblia, e sim um registro de declaração, feito pelo escritor do livro, quanto a cena que ali passou-se. A declaração da Bíblia sobre o caso de I Samuel 28, está em I Crônicas 10.13.
- As palavras de Samuel nos versos 15 a 19, são na realidade da feiticeira, a qual se encontra num compartimento interior (verso 21): "...então veio a mulher..." Quando Saul desmaiou (verso 20), a mulher aproximou-se, provando que estava distante.
- As palavras do verso 19, "...amanhã tu e teus filhos estareis comigo...", não podem ter sido de Samuel e sim do demônio enganador, porque a batalha de Bilbom, em que Saul e seus filhos caíram, travou-se muito tempo depois (I Sm 31.1-6); além disso, os ímpios (como Saul) ao morrerem, não ficam juntos com os justos como Samuel (verso 19).
- O Senhor JESUS mostrou em Lucas 16.26-31, que é impossível os mortos se comunicarem com os vivos aqui na terra.

Conclusão: há três casos a considerar:
- Samuel não apareceu;
- Se a necromante foi sincera, então foi um espírito demoníaco familiar que apareceu e personificou Samuel, enganando a todos. Em I Reis 22.5-23, temos um caso de demônios enganando reis e cortesãos;
- Se a mulher usou de fraude, enganou a Saul e seus criados.
- A declaração da própria Bíblia sobre o caso de Saul aqui em tela, está em I Crônicas 10.13, onde o original deixa claro que Saul consultou um espírito demoníaco.

A declaração da Bíblia sobre o caso de Saul, em I Samuel 28.
A declaração que a Bíblia mesma dá no caso de Saul (isto é, a declaração da própria Bíblia), quanto ao caso em apreço é a que está em II Crônicas 10.13, isto é, mostrando (inclusive no original torna-se mais claro) que a mulher de fato consultou um espírito demoníaco.

Isaías 8.19 - os espíritos familiares da antiga feitiçaria

Por que esses espíritos demoníacos são chamados "espíritos familiares"?
1 - Porque a operarem entre os homens, imitam seres humanos falecidos e conhecidos. Em hebraíco, "familiar" que é "owb" igual a chilrear (imitando o falecido). São os "espíritos enganadores" de I Timóteo 4.1.
2 - Porque ficam habitando onde estavam os seres humanos falecidos que eles ocupavam (Lc 11.24-26), como em família.
3 - Porque não são espíritos de violência e destruição física, e sim do tipo aparentemente brando, pois podem habitar no corpo de suas vítimas, como em família. Há demônios que não são do tipo violento, imoral, destruidor. Sua função é outra, enganar, isto é apresentar o falso como sendo verdadeiro (I Tm 4.1).
4 - Mais passagens sobre "espíritos familiares": Deuteronômio 18.11; II Reis 21.6; 23.24; I Crônicas 10.13; II Crônicas 33.6; Isaias 19.3; 29.4

Mateus 17 - A Cena da Transfiguração
Os espíritos ensinam que a maravilhosa cena da transfiguração do Senhor JESUS, foi uma autêntica sessão espírita. Jamais! Vejamos:
- Moisés falecido há mais de 2000 anos ainda não estava reencarnado, pois apareceu na ocasião.
- Elias apareceu, quando era João Batista quem devia aparecer, pois dizem os espíritas que Elias reencarnara em João. Entretanto, Elias nem sequer morreu...
- Se os espíritas estivesse certos, JESUS estaria participando do espiritismo, coisa que Deus condena tão claramente nas Escrituras (veja Êxodo 22.18; Deuteronômio 18.9-12; Isaias 8.19,20).
- Na cena da Transfiguração houve muita luz no ambiente. O rosto de JESUS brilhou; Suas vestes também; uma nuvem de glória iluminou o local. Onde, nas sessões espíritas os rostos brilham com a luz do céu, os vestidos resplandecem e nuvem de glória divina dominam o ambiente?
- Há mais: na Transfiguração, Deus falou com voz audível. Moisés e Elias falaram com JESUS assuntos celestiais. Nas sessões espíritas a voz que se fazia ouvir é a do príncipe das trevas ou de seus acólitos.

Portanto, qualquer transação com o espiritismo significa contaminação ou mancha (Lv 19.31). O atual avanço do espiritismo sob tantos nomes e formas é um sinal dos tempos do fim, que culminarão com a Grande Tribulação, ocasião em que o próprio satanás manifestar-se-á personificando o Anticristo (II Ts 2.6-10). Uma das últimas mensagens da Bíblia é uma advertência aos praticantes da espiritismo, mostrando que os mesmos irão para o inferno se não abandonarem suas práticas, para seguirem a JESUS (Ap 22.15; 9.21). 

Não é só o espiritismo em ponto grande que Deus condena, mas também as práticas consideradas inofensivas e sem importância, mas ligadas a feitiçaria como leitura do futuro, da sorte, adivinhação, horóscopo, hipnotismo, ioguismo, faquirismo, manuseio de serpentes, meditação transcedental, Hare Khrisna, etc (Dt 18.10-12).

Os dois pontos capitais do espiritismo são, repetimos, a reencarnação e a comunicação com os espíritos (ou demônios). Toda a doutrina espírita vem dessa "revolução", isto é, a pretensa comunicação com os espírito (ou demônios).

A base doutrinária do espiritismo não é bíblica; está nessa pretensa comunicação com os espíritos (ou demônios).


(Autor: Antonio Gilberto/MP 1197/Jan.1987) 


quinta-feira, 23 de março de 2017

A PROMESSA É PARA HOJE!

A VERDADE EXPLICADA:
Nada existe mais importante na vida do crente em JESUS do que a experiência gloriosa do batismo com o Espírito Santo. Embora alguns façam objeção ao emprego do vocábulo batismo, preferimos esse termo para falar dessa experiência que o Senhor JESUS concede aos Seus servos, capacitando-os para uma vida vitoriosa, batizando-os para dar-lhes poder e intrepidez para o seu serviço. Poder é força, coragem, dinamismo, capacidade para vencer.

Temos, nas Escrituras, várias referências diretas ao batismo com o Espírito Santo, senão vejamos: Mateus 3.11, Marcos 1.8, Lucas 3.16, João 1.33. O batismo com o Espírito Santo é, também chamado "o poder do Alto", "promessa do Pai" (Lc 24.49; At 1.4), "o dom do Espírito Santo" (At 2.38), "o dom de Deus" (At 8.20), "o selo da promessa" (Ef 1.13).

O termo, também, foi empregado pelo próprio Senhor JESUS (At 1.5): "João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias..." João dizia: "Eu batizo com água...mas ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo..." (Lc 3.16). O batismo de João simbolizava o arrependimento, mas ele se referia a um outro batismo mais poderoso: o batismo com o Espírito Santo e com fogo. O batismo em água é diferente do batismo com o Espírito Santo. O primeiro é efetuado por um ministro de Deus; o segundo, só o Senhor JESUS pode efetuar.

Os profetas também falaram sobre esta promessa: "...e há de ser que, depois derramarei do meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos mancebos terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito..." (Jl 2.28,29). Não há pregador, evangelista ou pastor, por mais brilhante, eloquente ou persuasivo que seja que consiga produzir na Igreja um derramamento de poder: só o Espírito Santo.

É natural que todo ser humano aspire a ter uma vida de vitória. É certo, também, que isto nem sempre acontece. Na maioria das vezes, as pessoas são traídas pelos seus próprios planos, deixando-as derrotadas e decepcionadas. Daí a necessidade de buscarmos esse revestimento de poder para termos vitória, e para podermos sair ao combate evangelístico e ter sucesso. O poder natural é insuficiente para conquistar almas e arrancá-las do mundo onde gemem as consequências do pecado.

O batismo com o Espírito Santo é imprescindível à vida do crente, para torná-lo testemunha eficaz do Evangelho: "...e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra". (At 1.8). Precisamos de poder e unção. Não há limite de idade para o recebimento da promessa. Ela é concedida quando as condições necessárias para que Deus opere são satisfeitas.O Espírito Santo é zeloso das coisas de Deus e é muito sensível.

Uma senhora, de quase 80 anos, escreveu a um programa de rádio cristão dizendo que é crente há quase 50 anos e que, apesar de haver durante todo esse tempo buscado o batismo com o Espírito Santo, com jejum e oração, ainda não havia tido essa maravilhosa experiência em sua vida espiritual. Foi-lhe respondido dizendo que ela fizesse um autoexame e verificasse se não era algo que estava sendo negligenciado, ou, se ela, por acaso, não estava se furtando de alguma coisa diante do Senhor. Dias depois recebemos uma outra carta, na qual ela confessava que não era dizimista, mas que passou a crer também nesta promessa e, no primeiro culto em que levou seu dízimo e o entregou, JESUS a tinha batizado com o Espírito Santo.

As condições para se receber esse batismo encontramo-las nos capítulos 14 e 15 do Evangelho segundo João e não há distinção entre servo ou livre, preto ou branco, empregado ou patrão. Todos podem receber o maravilhoso batismo com o Espírito Santo -- a promessa pentecostal -- e falar línguas estranhas louvando e magnificando a JESUS, pois o Espírito Santo está aqui desde que desceu no dia de Pentecoste.

Há quem diga, erroneamente, que o Espírito Santo foi concedido apenas no dia de Pentecoste. Quando, porém, analisamos essa objeção à luz dos acontecimentos que se seguiram, vemos que o Pentecoste marcou uma nova fase da vida espiritual das pessoas: houve avivamento não só em Jerusalém, mas em Samaria, Cesaréia, Éfeso, Antioquia e outros lugares. Tal refutação falece por si mesma, pois destituída de qualquer fundamento bíblico, denota apenas, o que é lamentável, qual seja, falta de fé.

Antes do Pentecoste eram poucos os que foram cheios do Espírito Santo, e isso para fins especiais (Ex 35.31; II Cr 20.14-17). Porém o derramamento do Espírito Santo está destinado a toda carne, isto é, a todas as nações do mundo.

Qualquer embaraço com ideias teológicas, por simples questões de especulação a esta maravilhosa experiência, torna o crente em JESUS inapto à obra do Senhor, pois o Espírito Santo é dom de Deus para a Igreja e é, também, uma prova da ressurreição e glorificação do Senhor JESUS.

Precisamos examinarmo-nos à luz da Palavra de Deus e orar para que o Espírito nos revele aquilo que impede a Sua operação em nós. Louvemos a Deus pelo glorioso batismo com o Espírito Santo e que o Senhor nos ajude a sermos cuidadosos no trato para  com o Seu Espírito. Amém!


(Josué F.Barreto/MP 1197 Jan.1987)

 


terça-feira, 21 de março de 2017

O ANJO ENCARCERADO

A VERDADE EXPLICADA:
No mês passado, desembarquei em Bizâncio, onde me aguardava o Teólogo Divino. Como já era noite, conduziu-me ele, sem muito preâmbulo, a uma hospedagem rústica, mas gentilmente acolhedora. Ali, banhei-me à maneira otomana, fiz uma refeição leve e recolhi-me a pensar na visita que, no dia seguinte, faríamos a um anjo encarcerado. Enquanto conciliava o sono, pus-me a folhear as teologias que se enfileiravam em minha estante virtual. Em nenhuma delas, quer patrística quer medieval, encontrei um anjo que fosse débil ou que se deixasse aprisionar. Daquelas páginas, todos eles avultavam-se fortes, enérgicos e sempre prontos a servir ao Senhor dos Exércitos. Por essa razão, foi-me difícil atinar com a história do ser angelical metido num cárcere romano.

Teologando, adormeci profundamente.
Com os primeiros raios de sol, o Ancião veio despertar-me. Ele trazia um bornal surrado, no qual apertavam-se quatro pães, duas porções de frutas passas, uma capa rústica e três livros. Ao ver-me, levantou o ofertório e, movendo-o, balbuciou algo que beirava à liturgia do último domingo: "É para o anjo..."Confirmei-lhe a litania com um reverente "...assim seja...". Entretanto, não conseguia livrar-me das interrogações.

Se o preso era anjo, por que os pães? Comida de anjo é maná, não trigo. Não insisti na observação, pois os seres que visitaram Abraão até churrasco comeram. Então, que lhe regalemos com uvas e broas. Só não entendia a razão da capa. Não são belas e resplandecentes as vestes angelicais? Então, por que a rusticidade do manto? Logo, o pano é dispensável. Quanto aos livros, acalmei-me. Os anjos são inteligentes e sábios, mas não sabem tudo. 

Entre a consciência angélica e a onisciência divina, vai todo um abismo de inquisições. Que o nosso encarcerado, pois, se dê à leitura. Informou-me ainda o Divino Teólogo, que portava uma carta do Cordeiro ao anjo. Nesse ponto, resolvi interromper-lhe a narrativa, a fim de impacientá-lo com uma pergunta, cuja resposta parecia-me óbvia.: "Por que o Leão de Judá não lhe envia brigadas e legiões para libertá-lo? Será que as falanges do demônio são mais poderosas que os batalhões angélicos?"

Envolto em seu interrogativo silêncio, o Ancião constrangeu-me amavelmente. Lembrei-me, então, de um provérbio chinês que rezava mais ou menos assim: "É indelicadeza fazer perguntas das quais conhecemos as respostas". É claro que os exércitos de Jeová são imbatíveis; basta um querubim para destruir ajuntamentos e multidões. Avexado, corei-me. Vendo-me sem jeito, acudiu o bom homem: "Daqui a pouco, veremos por que o Senhor ainda não libertou o Seu anjo..."

Decorridos quarenta minutos, adentramos Esmirna. Litorânea e bela, a cidade é afamada por seu porto, que, mesmo ao longe, recende uma essência rara e quase lendária. Mercadores chegam de vários extremos para adquiri-la. E, carregados, levantam âncoras, perfumando oceanos e mares. Se atentarmos às ruas e praças de Esmirna, logo concluímos que ela em nada fica a dever a Éfeso ou à Laodicéia. Orgulhosa, presume-se a principal metrópole da Ásia Menor.

Na avenida central da cidade o Divino Teólogo quebra o silêncio: "O cárcere do anjo fica um pouco mais além...". E, assim, respirando algum receio, andejamos outras centenas de metros. Já no final do logradouro, avisto um começo de periferia; descolorido, lúgubre, sujo. Aquele perímetro em nada lembrava o aroma da mirra; o cheiro, agora, recordava afronta, degradação e morte. Já no imenso pavilhão, minha liberdade esmaeceu-se; tive a impressão de que jamais voltaria a respirar o ar de Jacarepaguá.

Quanto ao presídio de Esmirna, como descrevê-lo? Lembra a prisão Mamertina junto ao fórum de Roma. Sua frieza e rigidez em nada diferiam-no de um sepulcro. Ali, entre cubículos de pedras, homens sepultavam-se à espera da sentença final. Definitivamente, não é lugar para seres humanos, nem para entes angélicos. No entanto, ali estava o nosso anjo.

Acompanhados pelo chefe da carceragem, descemos uma tortuosa escada e, depois de alguns volteios, paramos em frente à cela, onde era guardado o preso do Senhor. Seu rosto, embora sofrido e descarnado, irradiava uma esperança que ia além da esperança. Um guarda, então, destranca a porta, e dá-nos dez minutos, para nos espremermos naquela escura e fétida câmara. Depois dos cumprimentos iniciais, o Ancião entrega-lhe a oferenda. Em seguida, passa-lhe às mãos a carta do Cordeiro. O anjo, quebrando o selo da epístola, põe-se a lê-la em voz alta:

"Ao ano da igreja em Esmirna escreve: Estas coisas diz o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver: Conheço a tua tribulação, a tua pobreza (mas tu és rico) e a blasfêmia dos que a si mesmos se declaram judeus e não são, sendo, antes, sinagoga de satanás. Não temas as coisas que tens de sofrer. Eis que o diabo está para lançar em prisão alguns dentre vós, para serdes postos à prova, e tereis tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte". (Apocalipse 2.8-11).

Finda a leitura, consolamo-nos. O prisioneiro, apesar das grades, sentia-se livre. Quanto a nós, embora livres, deixamo-nos aprisionar pelo amor que ele consagrava a Cristo e às ovelhas de seu rebanho. Sua detenção entrava no sétimo dia. E, pelo que inferi da missiva, no sábado seguinte, nosso irmão seria solto, voltaria às suas ovelhas; assim, toda angústia e tribulação seriam esquecidas. Nessa esperança, despedimo-nos do pastor da igreja confessante da Ásia Menor.

Já na rua, eu disse ao Teólogo Divino: "Pelo que entendi, logo o pastor de Esmirna será posto em liberdade..." Ante minha observação, ele deteve-se, olhou-me com penetrante complacência, e declarou-me: "Para nós, que seguimos a Cristo, o martírio também é libertação. Por isso, exorta-nos o Cordeiro de Deus: "Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida".


(Claudionor de Andrade/MP 1581 Fev.2017)


quinta-feira, 16 de março de 2017

ESTE ANO SERÁ DIFERENTE!

A VERDADE EXPLICADA:

Todo final de ano é assim: as pessoas se permitem refletir sobre como foi o ano, em uma espécie de balanço interior, e algumas, após essa reflexão, acabam deprimidas ao perceberem que muito pouco ou quase nada mudou em suas vidas. É nesse momento que surge o pensamento: "Este ano será diferente!"

O final ou início do ano sempre mexe com as emoções, fazendo com que revivamos experiências da nossa infância e das nossas relações familiares, independentemente se elas tenham sido boas ou más. Algumas pessoas se deprimem quando recordam de situações traumáticas, como alcoolismo na família, perdas importantes, etc... Outras até entram em um estado de euforia, como se fossem aquela criança com suas boas lembranças e a sensação do esplendor das festas, em um processo lúdico. Algumas passam por euforia no sentido de que o ano está acabando, e em suas mentes buscam deixar para trás o dia 31, almejando ansiosamente os 365 dias do novo ano, acreditando assim que as novas possibilidades chegarão e tudo será diferente. Decidem assim que, a partir do dia 1, tudo será diferente, quando sabemos que essa mudança de 2016 para 2017 é uma mera troca de nosso calendário gregoriano. Há pessoas que utilizam dos mecanismos de defesa da mente -- como o da negação -- para não entrarem em contato com seu próprio eu interior. Assim, cada pessoa reage de maneira diferente.

A partir dessa compreensão entendemos as famosas listas de sonhos e desejos. Mesmo após a retrospectiva e a análise interna de suas frustrações por não terem conquistado seus altos intentos anteriores, surge uma nova lista, não raramente com itens repetidos de listas antigas. Não são poucas as pessoas em que seus sonhos não saem de suas listas de desejos.O que ocorre é que geralmente as pessoas fazem listas enormes e, por que não dizer, inatingíveis. Listas que englobam uma infinidade de desejos, como viajar bastante, emagrecer, mudar de casa, de trabalho, voltar a estudar, ficar rico, ter um filho, etc...

As listas tornam-se por vezes inatingíveis, não porque sejam absurdas, mas porque certos sonhos são, na verdade, ilusões e delírios. Por exemplo: a pessoa quer enriquecer em um ano, comprar um carrão, mas dorme o dia todo e não trabalha, nem tampouco tem fontes de renda. O primeiro passo é arrumar um trabalho ou estudar e se preparar para conquistar o possível, de degrau em degrau, de conquista em conquista e, após uma árdua jornada, talvez o carrão nem faça mais parte da sua lista, pois a maturidade pode ter te mostrado que o mais importante é uma casa própria.

Muitos querem conseguir as coisas de forma mágica,mas isso dificilmente existe. O que verdadeiramente existe é a atitude. A pessoa que quer conquistar seus sonhos precisa tomar decisões e deixar a zona de conforto, o que implica tomada de atitude e principalmente sacrifícios. Decidir sem atitude não resolve. Habilidade sem atitude também não. Conhecimento sem atitude é um livro fechado esperando ser lido. É muito comum ouvir no consultório pessoas dizerem que querem mudanças, mas quando observo percebo que isso está apenas no campo do desejo, são apenas falas, porque na verdade não estão dispostas a pagar o preço para conseguirem atingir seus objetivos.

O ser humano é responsável por suas escolhas, e alguns cristãos tendem a dizer: "Se for da vontade de Deus, os meus sonhos e desejos tornar-se-ão realidade..." Amém! Claro que sim! Sempre a vontade diretiva ou permissiva de Deus prevalecerá, porém o que depende de você, de suas atitudes e determinações, Deus não fará por você! Lembre-se de Moisés no deserto. Disse Deus: "Diga ao povo que marche!" Você fez a sua parte e Deus, por Seu insondável amor, abre o mar.

Agora, pergunto: você quer realmente fazer mais uma lista para 2017? Se sim, qual o objetivo de sua lista? Por quantos dias do ano novo você irá se manter entusiasmado com ela? Sua lista terá datas precisas para início, meio e fim de cada ação ali descrita? Sendo mais incisiva: você vai sair da zona de conforto? Se você estiver realmente disposto a realizar mudanças em 2017, crie estratégia e trace planos para que você alcance seus objetivos. É importante que você sonhe, analise, planeje, coloque datas, insira tudo isso na sua agenda diária e evite a procrastinação, vulgo "empurrar com a barriga".

Um exemplo interessante é o da pessoa que quer emagrecer 10 quilos em um mês e quando emagrece 2 quilos no mês fica frustrada. As pessoas precisam ter coerência em suas atitudes. A pessoa precisa observar quais benefícios terá com o emagrecimento. Melhor a pessoa conseguir emagrecer 10 quilos em seis meses, com saúde e de forma equilibrada e saudável, comemorando quilo a quilo, do que adoecer por desequilíbrio. Quando falamos de sonhos, metas e conquistas, um aspecto muito importante é que a pessoa consiga trabalhar suas questões emocionais, principalmente a ansiedade e a tolerância à frustração.

É importante deixar claro que não importa o quão longe está a realização dos seus sonhos: o importante é você ter atitudes reais e possíveis, para que de passo em passo você saiba que está mais perto do que antes para a concretização de seus sonhos. Outro destruidor muito comum da concretização de sonhos é o medo. Embora seja natural sentirmos medo do desconhecido ou em frente ao novo, é importante possuir o entendimento de que, independentemente da mudança gerar medo e ansiedade, o que não pode acontecer é se deixar paralisar.

Com disciplina, determinação, fé em Deus e dependência naquilo que somente Ele pode fazer, com persistência e coragem, você poderá alcançar muitas coisas boas, uma a uma. As mudanças em sua vida ocorrerão a partir de sua atitude. Além disso, embora não possamos mudar o outro, as nossas mudanças poderão interferir nos que nos cercam, incentivano-os a uma mudança mútua e mais natural.

Seja sincero com você mesmo, analise o que você realmente quer para sua vida. Se nos últimos anos você tem feito lista, sejam elas escritas ou em forma de oração, não importa. Nada contra as listas. O importante é você reconhecer que o teu pedido a Deus é bom e sincero, que sua parte você está fazendo, e continuar na dependência e dispensação d'Ele para fazer o além, o mais, o sublime na sua vida.

Agradeça a Deus pela Sua infinita misericórdia, que te permitiu estar vivo, lendo este artigo. Que Deus possa te dar um 2017 repleto de bênçãos, e possibilite a você renovar a sua mente para que aquilo que cabe a você, aquilo que você pode realizar com coragem e ousadia, seja realizado crendo que tudo é possível àquele que crê.

Não se desespere! Aprenda a viver cada dia de sua vida da melhor forma possível, pois, como disse o rei Salomão: "...a bênção do Senhor é que enriquece e não traz consigo dores..." (Pv 10.22)


(Valquíria Salinas/MP 1581 Fev.2017)

terça-feira, 14 de março de 2017

CONSELHO DE LUTERO AOS GOVERNANTES.






























A VERDADE EXPLICADA:
Em fins da Idade Média e início dos Tempos Modernos, eram comum entre grandes pensadores escreverem ou dedicarem suas obras à autoridades constituídas com a intenção de dizer como os príncipes e reis deveriam governar seus súditos. Citando uns poucos exemplos temos Erasmo de Roterdã (1463-1535), Thomas Morus (1480-1535) e Nicolau Maquiavel (1469-1527). Estes três pensadores redigiam pareceres, opiniões e até mesmo conselhos de como se deveria governar.

Maquiavel, por exemplo, considerado o fundador da Teoria do Estado Moderno, publicou em 1532 a obra "O Príncipe", dedicada e oferecida como "presente" ao príncipe Lorenzo de Médice, da cidade italiana de Florença. Seu objetivo era transmitir como os "principados hereditários podem ser governados e mantidos". Seus "conselhos", hoje, não são considerados sadios, a ponto de se lhe atribuir a máxima "Os fins justificam os meios".

Se atualmente os escritos de Maquiavel não são aplicáveis nas modernas democracias ocidentais, o mesmo não podemos dizer de algumas orientações dos escritos de Lutero que, mesmo redigidos na segunda década do século XVI, continuam atuais em função da coerência bíblica pelo qual se orientava.

É oportuno contextualizar o reformador aos nossos dias. Ele não escrevia aos nossos presidentes, governadores e prefeitos, e, sim, aos príncipes das cidades alemãs. No entanto, a aplicação de muitos de seus conselhos é não somente atual, mas necessária. É o que estaremos demonstrando.

Temos em Martinho Lutero (1483-1546) um texto de 1523 em que o reformador, de forma coerente, bíblica, cristã e diferentemente dos pensadores acima citados, apresenta vários conselhos ao príncipe João, Duque da Saxônia, conforme ele mesmo disse, "pela necessidade e pelas solicitações de numerosas pessoas, e pelo desejo de Vossa Alteza". Embora estejamos a 500 anos de distância no tempo, cremos que seus conselhos são atuais e deveriam nortear a prática dos governantes.

Não há aqui nenhuma intenção em melindrar ou ferir quem quer que seja. Nossa intenção é que cada representante do nosso povo, diante desta grande responsabilidade que lhe é atribuída, possa ler e meditar o "lado espiritual" de sua administração, e também constatar a visão deste profeta do século XVI.

Em primeiro lugar, Lutero diz que o governante deve sempre ter em vista os governados e colocar seu coração na disposição que para isso convém. Neste mesmo conselho, ele cita o exemplo de Cristo: "Cristo veio e se pôs a meu serviço; não procurou como poderia adquirir poder, bens e honra nele e por ele". Lutero conclui essa assertiva dizendo que "não é impossível ser ao mesmo tempo príncipe e cristão".

Em segundo lugar, Lutero afirma que não se deve desprezar nenhum homem, por mais modesta que seja a sua condição. Nesta assertiva, Lutero vai ser contundente ao afirmar que não se deve governar somente para os "grandes senhores e seus conselheiros", e "não ficar cativo deles".

Em terceiro lugar, diz Lutero que o governante deve vigiar para proceder como é devido com os malfeitores. Lutero cita o caso do rei Davi, que tinha um capitão, Joabe, e o mesmo feriu de morte a dois inocentes, devido ao mau exemplo do pai destes dois inocentes (II Sm 3.26-29). Assim Lutero afirma que deve-se castigar os maus, no entanto sem prejudicar o inocente. Cita também que às vezes um governante, para atingir um adversário, irresponsavelmente sacrifica um inocente.

Em quarto lugar, o governante deve se comportar de modo cristão para com seu Deus também, ou seja, lhe ser submisso com toda confiança e rogar para que lhe dê sabedoria, a fim de que possa reinar com correção. Lutero afirma: "O príncipe deve envidar esforços em quatro direções: para Deus, com toda confiança e sinceras orações; para seus súditos, com amor e para servi-los de modo cristão; para seus conselheiros, com livre razão e inteligência imparcial; contra os malfeitores, com rigor e severidade sabiamente medidos". E conclui: "Fazendo isso, porém deve se preparar para suportar muita inveja e confusão. E muito depressa, essa empresa será uma cruz muito pesada para carregar".


(Vantuil G.Santos/MP 1581 Fev.2017)

quinta-feira, 9 de março de 2017

ATITUDES CONDENATÓRIAS (III)




A VERDADE:
"Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas. Condutores cegos! que coais um mosquito e engulis um camelo". (Mt 23.23,24)


A VERDADE EXPLICADA:
Os escribas e fariseus eram muito rigorosos no que tange ao recolhimento dos dízimos. Não estavam errados nisso. O Senhor JESUS não os censurou por isso. Censurou-os por sua injustiça na avaliação dos valores éticos e espirituais da religião. Desciam às minúcias no terreno do dizimar. Dizimavam até as mais insignificantes hortaliças condimentares e desprezavam as coisas mais importantes como as que o Senhor aponta adiante.

Repitamos ainda uma vez que eles não estavam errados no que respeitava ao recolhimento dos dízimos. Dízimo é a décima parte de tudo quanto ganhamos, não importa sejam grandes ou pequenos ganhos, sejam grandes ou pequenas coisas que resultem em ganho. Por menor que seja o ganho ou aquilo que o determine é parte de todo e a Palavra de Deus diz que é para trazer todos os dízimos e não parte apenas dele. Por menor que seja a fração, quando retirada do todo, já não permite que o restante seja todo. Estavam certos, portanto, em dizimar até a hortelã, o endro e o cominho. Erravam na prática injusta do descumprimento de coisas mais importantes.

Notemos que eles não apenas se omitiam no que diz respeito à prática do juízo, da justiça e da fé mas desprezavam-na, julgavam-na de somenos importância. O seu julgamento era parcial e tendencioso. Julgavam de acordo com os seus sentimentos, com suas convicções e com seus interesses particulares. O tratamento que davam ao Senhor é um exemplo claro disto que estamos afirmando. Nem se davam ao trabalho de avaliar devidamente a importância do que fazia JESUS nem ao menos no que se referia ao bem da população. Apenas porque Ele, com os Seus feitos, empanava o seu brilho (deles) julgavam esses feitos como maus e dignos de reprovação. Não eram capazes de ver o alcance total do que fazia e ensinava o Senhor JESUS. Viam apenas a ameaça em que isso se constituía ao seu status social.

A sua prática da justiça ou seu julgamento e declaração daquilo que é justo e aceitável perante Deus nada tinha a ver com a realidade das coisas e sim com seus interesses pessoais. Não podiam enquadrar as obras de JESUS no rol das coisas aceitáveis a Deus porque se situavam no terreno meramente material dos interesses pessoais e não do bem comum e muito menos do culto.

Não eram capazes de ver a integridade pessoal de JESUS e, consequentemente, daquilo que Ele fazia. JESUS tinha vida correta no pensar, sentir e agir mas eles não tinham condição de subir até ao Seu nível para apreciá-Lo nesses aspectos e então, feridos no seu orgulho, O menosprezavam e condenavam.

Não eram capazes de avaliar a excelência da fé que despertava o Senhor JESUS naqueles que O ouviam e seguiam, em direção a Deus. A doutrina do Senhor JESUS levava o homem a um estado aceitável por parte de Deus, estado este que cabe ao homem mediante a fé pela qual ele abraça a graça divina "que se lhe oferece na morte expiatória de JESUS Cristo" -- (Thayer). Mas tudo isso era muito alto para eles e não podiam alcançar. Se apenas não pudessem alcançar mas permanecessem humildes e prontos a aprender com o Mestre não teriam cometido pecado, mas, não podendo alcançar, se viraram contra Aquele que a tão elevadas paragens pode e deseja levar o homem. Nisso consistia o seu pecado. Faltava-lhes humildade para caminhar nesse terreno, logo o seu maior pecado aqui consistia no orgulho presunçoso que desaguava no desinteresse em aprender o que era certo.

Quantas pessoas ainda hoje procedem do mesmo modo! Nem todos os crentes escapam a essa situação. Quanta inveja dentro das próprias igrejas! E, o que é pior, quando se julgam espoliados no terreno do seu orgulho pessoal e se dão conta de que estão sendo empanados pelo brilho de uma vida a serviço do Senhor, ao invés de procurarem corrigir os seus erros se levantam contra esta. Quantos pastores se veem obrigados a deixar um pastorado abençoado em sua igreja porque sua doutrina e sua cultura espiritual ultrapassa o nível dos pretensos donos da mesma! Apegam-se a pequeninas coisas e a elas se mantém fiéis e desprezam as coisas mais importantes que realmente consultam aos interesses espirituais. E, o pior é que ainda esses mesmos condenam com muita espontaneidade os fariseus do tempo de JESUS.

Os fariseus desprezavam a prática da misericórdia. A começar pelo seu nome que significa separados. Viviam de fato separados dos demais o que tanto bastava para que não sentissem misericórdia de ninguém. Quem não pode se misturar com o povo não pode ter misericórdia. Que tristeza contemplar certos líderes e, por que não dizer, pastores que não se misturam com o povo! Julgam-se grandes demais para se chegar aos pequenos. JESUS não era assim! Misturava-se com os mais humildes do Seu tempo, falava-lhes ao coração, curava-os e abria-lhes novas perspectivas de vida com Deus!

A palavra misericórdia no Novo Testamento significa sentimento divino ou humano em relação aos infelizes, sentimento que identifica aquele que o experimenta com aquele que se acha necessitado. Como entender que crentes abastados possam continuar gastando seu dinheiro, muitas vezes, até em coisas supérfluas enquanto seus irmãos menos favorecidos continuam a passar necessidades! Podem estes, em sã consciência emitir julgamento contra os fariseus do tempo de JESUS?

Misericórdia é sentimento divino ou humano por aqueles que estão se perdendo sem a salvação de Cristo. Pode um crente que não experimenta esse sentimento pelos perdidos se considerar em harmonia com Deus? 

Se cada crente estivesse disposto a deixar um pouco pelo menos o seu comodismo para ir à busca de pessoas que não estão ao abrigo do perdão de JESUS o mundo se transformaria num paraíso de um momento para outro.

Convém nos exercitarmos neste terreno, pois do contrário, estaremos, como aqueles, coando mosquitos e engolindo camelos. Amém!


(Paulo N.Coelho/Jornal de Oração)

terça-feira, 7 de março de 2017

ASA BIBI: HÁ SETE ANOS PRESA POR SUA FÉ.

A VERDADE:
"Condenada à morte no Paquistão, ela tem esperança de reverter sentença".

(A jovem cristã Asa Bibi teve a audiência de apelação para reversão da sua condenação adiada para 2017; cristãos de todo o mundo oram por ela.)






















A VERDADE EXPLICADA:
A cristã paquistanesa Asa Bibi (foto) passou seu sétimo Natal na prisão depois que seu apelo à sentença de morte foi suspenso no final do ano passado, quando um juiz se recusou a ouvir o caso. A mãe de cinco filhos foi condenada à morte em 2010 por acusações de blasfêmias depois que duas colegas muçulmanas a acusaram de insultar o profeta Maomé, algo que ela nega.

A alegação de blasfêmia de Bibi vem de um desentendimento ocorrido em junho de 2009 entre ela e um grupo de muçulmanas na cidade de Sheikhupura, na província de Punjab. Bibi e as mulheres estavam colhendo bagas e as muçulmanas ficaram furiosas quando Bibi bebeu da mesma tigela de água que elas bebiam. Como Bibi era cristã, as mulheres a consideravam impura. Depois de uma discussão entre elas, as muçulmanas foram à polícia e acusaram Bibi de dizer algo como "Meu Cristo morreu por mim, o que fez Maomé por você?"

Bibi deveria descobrir na audiência de apelação final no Supremo Tribunal do Paquistão, ocorrida no final do ano passado, se ela seria ou não executada, mas essa decisão foi adiada indefinidamente depois que um dos juízes seniores, que estava prestes a presidir a apelação, renunciou de repente. A mídia local disse que o juiz Iqbal Hameed recusou o caso sem dar uma razão específica.

William Stark, gerente regional da Ásia do Sul da International Christian Concern (ICC), organização que defende os cristãos perseguidos em todo o mundo, disse em entrevista por telefone para o site "The Christian Post" que a luta de Bibi é "o principal caso que mostra os problemas da lei da blasfêmia".

O caso de Bibi está no que eles chamam de "um período de espera". "Esperamos que, em 2017, o Supremo Tribunal paquistanês forme um novo banco que seja capaz de ouvir seu caso", disse Stark. "E, francamente, se o caso for ouvido sobre os méritos, a Suprema Corte não tem outra opção senão liberá-la".

Stark disse ainda que está otimista com o caso de Bibi, baseado em decisões recentes dos tribunais sobre os direitos das minorias religiosas e conversas que teve com seu advogado. Said Mallok, que é muçulmano. Se o tribunal rejeitar seu apelo, no entanto, Bibi seria a primeira mulher no Paquistão a ser executada por blasfêmia.

"O caso de Bibi é um relâmpago dentro do próprio Paquistão", disse Stark, referindo-se ao assassinato em 2011 do governador de Punjab, Salman Taseer (foto abaixo), um defensor de Bibi.





















(MP 1581/Fev.2017)