quinta-feira, 9 de março de 2017

ATITUDES CONDENATÓRIAS (III)




A VERDADE:
"Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas. Condutores cegos! que coais um mosquito e engulis um camelo". (Mt 23.23,24)


A VERDADE EXPLICADA:
Os escribas e fariseus eram muito rigorosos no que tange ao recolhimento dos dízimos. Não estavam errados nisso. O Senhor JESUS não os censurou por isso. Censurou-os por sua injustiça na avaliação dos valores éticos e espirituais da religião. Desciam às minúcias no terreno do dizimar. Dizimavam até as mais insignificantes hortaliças condimentares e desprezavam as coisas mais importantes como as que o Senhor aponta adiante.

Repitamos ainda uma vez que eles não estavam errados no que respeitava ao recolhimento dos dízimos. Dízimo é a décima parte de tudo quanto ganhamos, não importa sejam grandes ou pequenos ganhos, sejam grandes ou pequenas coisas que resultem em ganho. Por menor que seja o ganho ou aquilo que o determine é parte de todo e a Palavra de Deus diz que é para trazer todos os dízimos e não parte apenas dele. Por menor que seja a fração, quando retirada do todo, já não permite que o restante seja todo. Estavam certos, portanto, em dizimar até a hortelã, o endro e o cominho. Erravam na prática injusta do descumprimento de coisas mais importantes.

Notemos que eles não apenas se omitiam no que diz respeito à prática do juízo, da justiça e da fé mas desprezavam-na, julgavam-na de somenos importância. O seu julgamento era parcial e tendencioso. Julgavam de acordo com os seus sentimentos, com suas convicções e com seus interesses particulares. O tratamento que davam ao Senhor é um exemplo claro disto que estamos afirmando. Nem se davam ao trabalho de avaliar devidamente a importância do que fazia JESUS nem ao menos no que se referia ao bem da população. Apenas porque Ele, com os Seus feitos, empanava o seu brilho (deles) julgavam esses feitos como maus e dignos de reprovação. Não eram capazes de ver o alcance total do que fazia e ensinava o Senhor JESUS. Viam apenas a ameaça em que isso se constituía ao seu status social.

A sua prática da justiça ou seu julgamento e declaração daquilo que é justo e aceitável perante Deus nada tinha a ver com a realidade das coisas e sim com seus interesses pessoais. Não podiam enquadrar as obras de JESUS no rol das coisas aceitáveis a Deus porque se situavam no terreno meramente material dos interesses pessoais e não do bem comum e muito menos do culto.

Não eram capazes de ver a integridade pessoal de JESUS e, consequentemente, daquilo que Ele fazia. JESUS tinha vida correta no pensar, sentir e agir mas eles não tinham condição de subir até ao Seu nível para apreciá-Lo nesses aspectos e então, feridos no seu orgulho, O menosprezavam e condenavam.

Não eram capazes de avaliar a excelência da fé que despertava o Senhor JESUS naqueles que O ouviam e seguiam, em direção a Deus. A doutrina do Senhor JESUS levava o homem a um estado aceitável por parte de Deus, estado este que cabe ao homem mediante a fé pela qual ele abraça a graça divina "que se lhe oferece na morte expiatória de JESUS Cristo" -- (Thayer). Mas tudo isso era muito alto para eles e não podiam alcançar. Se apenas não pudessem alcançar mas permanecessem humildes e prontos a aprender com o Mestre não teriam cometido pecado, mas, não podendo alcançar, se viraram contra Aquele que a tão elevadas paragens pode e deseja levar o homem. Nisso consistia o seu pecado. Faltava-lhes humildade para caminhar nesse terreno, logo o seu maior pecado aqui consistia no orgulho presunçoso que desaguava no desinteresse em aprender o que era certo.

Quantas pessoas ainda hoje procedem do mesmo modo! Nem todos os crentes escapam a essa situação. Quanta inveja dentro das próprias igrejas! E, o que é pior, quando se julgam espoliados no terreno do seu orgulho pessoal e se dão conta de que estão sendo empanados pelo brilho de uma vida a serviço do Senhor, ao invés de procurarem corrigir os seus erros se levantam contra esta. Quantos pastores se veem obrigados a deixar um pastorado abençoado em sua igreja porque sua doutrina e sua cultura espiritual ultrapassa o nível dos pretensos donos da mesma! Apegam-se a pequeninas coisas e a elas se mantém fiéis e desprezam as coisas mais importantes que realmente consultam aos interesses espirituais. E, o pior é que ainda esses mesmos condenam com muita espontaneidade os fariseus do tempo de JESUS.

Os fariseus desprezavam a prática da misericórdia. A começar pelo seu nome que significa separados. Viviam de fato separados dos demais o que tanto bastava para que não sentissem misericórdia de ninguém. Quem não pode se misturar com o povo não pode ter misericórdia. Que tristeza contemplar certos líderes e, por que não dizer, pastores que não se misturam com o povo! Julgam-se grandes demais para se chegar aos pequenos. JESUS não era assim! Misturava-se com os mais humildes do Seu tempo, falava-lhes ao coração, curava-os e abria-lhes novas perspectivas de vida com Deus!

A palavra misericórdia no Novo Testamento significa sentimento divino ou humano em relação aos infelizes, sentimento que identifica aquele que o experimenta com aquele que se acha necessitado. Como entender que crentes abastados possam continuar gastando seu dinheiro, muitas vezes, até em coisas supérfluas enquanto seus irmãos menos favorecidos continuam a passar necessidades! Podem estes, em sã consciência emitir julgamento contra os fariseus do tempo de JESUS?

Misericórdia é sentimento divino ou humano por aqueles que estão se perdendo sem a salvação de Cristo. Pode um crente que não experimenta esse sentimento pelos perdidos se considerar em harmonia com Deus? 

Se cada crente estivesse disposto a deixar um pouco pelo menos o seu comodismo para ir à busca de pessoas que não estão ao abrigo do perdão de JESUS o mundo se transformaria num paraíso de um momento para outro.

Convém nos exercitarmos neste terreno, pois do contrário, estaremos, como aqueles, coando mosquitos e engolindo camelos. Amém!


(Paulo N.Coelho/Jornal de Oração)

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