quarta-feira, 4 de abril de 2018

VITÓRIA PELO SANGUE

A VERDADE:
"Clamar pelo sangue do Cordeiro é trazer até nós a proteção do Deus Todo-poderoso. Foi este o significado que teve, no Egito, a páscoa e a aplicação do sangue nos umbrais das portas. O próprio Deus abriu Suas asas sobre aquela casa, impedindo que a morte ali entrasse".




















A VERDADE EXPLICADA:
O cristão normal é vitorioso. A derrota, tão comum em nossas fileiras, é uma situação anormal, pois o propósito de Deus para Seus filhos é que sejam vencedores. As armas de que precisamos para conquistar a vitória são apresentadas em Apocalipse (12.10-12), e são três: "Eles, pois, o venceram (o diabo, o acusador dos irmãos) por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho que deram, e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida".

O primeiro recurso que temos para obter a vitória é o sangue do Cordeiro, o penhor da vitória de Cristo e da derrota do inimigo. Contudo, se não houver o empenho da nossa vontade, não obtemos a proteção do sangue. Não é certo utilizar o sangue de JESUS como uma espécie de amuleto, para nos livrar de perigos. Além disso, demonstra uma vulnerabilidade perante o maligno. Não se pode clamar pelo sangue e ao mesmo tempo tolerar o pecado.

Ademais, se não rendemos nossa vontade a JESUS, o Vencedor, para que Ele atue a partir dela, não teremos vitória. Se o inimigo estiver do lado de dentro, abrirá a porta ao inimigo que está do lado de fora. O sangue de JESUS não pode ser visto como uma espécie de manto para encobrir nosso mau gênio, nossa natureza pecaminosa, nosso orgulho, inveja, preocupação, cinismo e vontade própria. Primeiro precisamos remover esses inimigos, confessando-os a Deus, e purificando o coração com o sangue de JESUS. Só então estaremos em condições de conquistar a vitória sobre o inimigo que está do lado de fora, firmando-nos na libertação que para nós foi obtida pelo sangue do Cordeiro, e em seguida avançar para novas conquistas.

O sangue de JESUS constitui para nós recurso contra satanás. Sendo ele o acusador dos irmãos, está sempre procurando colocar os filhos de Deus sob condenação (Ap 12.9-11). A condenação é diferente da convicção de pecados. O Espírito Santo não nos deixa no Sinai, mas nos leva até ao Calvário. Dando-nos a convicção de pecados, Ele não apenas nos revela nossos erros, mas também nos mostra o local onde podemos purificar-nos.

O acusador, porém, fustiga-nos com o chicote da auto-condenação e esconde de nós a possibilidade de restauração. Ele tem grande prazer em imobilizar-nos, e consegue isso embaralhando-nos em nossos próprios fracassos e nos esforços que empreendemos para afirmar nossa justiça própria (Rm 10.3). Tenta iludir-nos levando-nos a procurar sempre algo de bom em nós mesmos, ou a tentar explicar nossos erros para nós mesmos, para os outros e até para Deus.

É desse modo que consegue derrotar-nos, e impedir nosso progresso espiritual. Não é assim que se enfrenta e vence o acusador. É clamando pelo sangue do Cordeiro que nos livramos desse esforço inútil, e temos a capacidade de derrotar satanás. Clamar pelo sangue do Cordeiro é apelar para a justiça d'Aquele que é puro, inocente e imaculado. Cristo não tem nenhum pecado ou mácula. A Sua justiça é total. E ela nos é atribuída quando renunciamos à nossa própria justiça, e nos apropriamos apenas da d'Ele. "Não tendo justiça própria...senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus, baseada na fé..." (Fp 3.9). Cristo JESUS "...se nos tornou justiça..." (I Co 1.30). Deus O fez "...pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus..." (II Co 5.21).

Clamar pelo sangue do Cordeiro é apelar a uma vitória que já está consolidada. Nós vencemos "...por causa do sangue do Cordeiro".

Não estamos simplesmente fazendo uma experiência, tentando esse método para ver se dá certo. JESUS já despojou "...principados e potestades..." (Cl 2.15); não se trata de uma vitória que está sendo obtida agora, mas de uma vitória já consumada. Na medida em que nos apropriamos da vitória de Cristo e declaramos estar com Ele nessa posição de supremacia sobre as forças malignas que desejam atacar-nos -- os demônios, os anjos do mal, as acusações satânicas e até o próprio satanás -- nós experimentamos a vitória.

Por ocasião da crucificação de JESUS esses inimigos foram despojados e subjugados. Cristo imobilizou-os, e quando nos apropriamos da vitória d'Ele sobre esses seres (e a vitória é só d'Ele), eles perdem a ação que poderiam ter contra nós. A obra consumada por Cristo então é a base sobre a qual derrotamos o acusador.

Clamar pelo sangue de JESUS é trazer até nós a proteção do Todo-poderoso. Foi este o significado que teve, no Egito, aplicação do sangue nos umbrais das portas. "Passará o Senhor aquela porta, e não permitirá ao destruidor que entre em vossas casas, para vos ferir..." (Ex 12.23).

O sentido da Páscoa não foi que 'o destruidor' passou de largo pelas portas que estavam marcadas com o sangue, evitando-as e entrando apenas naquelas onde não havia essa marca. Significou, isso sim, que o próprio Deus abriu Suas asas sobre aquela casa, e não permitiu que ele entrasse ali.

O texto de Isaias (31.5) comprova isso, falando da mesma presença protetora de Deus: "Como pairam as aves assim o Senhor dos Exércitos amparará a Jerusalém; protegê-la-á e a salvará, poupa-la-á e a livrará...". Estar ao abrigo do sangue de JESUS significa estar debaixo das asas de Deus: "Cobrir-te-á com as suas penas, sob suas asas estarás seguro..." (Sl 91.4). Quem não gostaria de ter a proteção de tal Libertador? Que segurança pode existir além dessa?

A AUTORIDADE DO "ESTÁ ESCRITO".
Mas os crentes são vitoriosos também "por causa da palavra do testemunho que deram". O que quer dizer isso? Não é referência aos testemunhos que damos num culto, embora devamos de fato dá-los. Tampouco se trata de uma declaração de fé doutrinária, embora a sã doutrina seja como que os andaimes da nossa fé. O sangue do Cordeiro é uma arma de defesa; a palavra de testemunho é uma arma de ataque. Foi ela que JESUS utilizou ao resistir ao diabo durante Sua tentação no deserto. É a eterna, poderosa e inviolável Palavra de Deus. Para atacar realmente o inimigo e obter a vitória contra ele, temos que enfrentá-lo na autoridade do "Está Escrito"!

A palavra de nosso testemunho é a "espada do Espírito" (Ef 6.17). É essa a arma que o Espírito usa. E quando a empregamos deixando que Ele opere por nosso intermédio, ela se torna poderosíssima e invencível nas mãos d'Ele. Na descrição da armadura de Deus, que encontramos em Efésios 6, a Palavra é a peça ofensiva.

Primeiramente, o Espírito usa a espada em nós mesmos. A Palavra "...é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração" (Hb 4.12). Ela é tão afiada que corta sem ferir e sem mutilar. Os seus dois gumes penetram em todas as áreas de nosso ser.

A Palavra releva a diferença entre a alma e o espírito. Na esfera da alma estão as emoções, afeições, ideias e imaginações. Os vencedores de Deus sabem que não podem viver nessa esfera. Se alguém está sempre se sentindo ofendido, isso quer dizer que está vivendo aí. A extrema sensibilidade é uma forma sutil de egoísmo. Uma vida vitoriosa nunca será dominada por ideias e preferências pessoais.

E a Palavra de Deus também divide 'juntas e medulas', sondando e revelando as relações que temos com outros membros do corpo de Cristo por intermédio das juntas. Qualquer desentendimento com outros pode prejudicar nossa batalha espiritual. E se tivermos um relacionamento tão afetuoso com alguém que chegue a ser possessivo e impeça que a Palavra de Deus corte os apegos meramente humanos, ficaremos fracos, sem condições de resistir ao inimigo.

A Palavra penetra até à medula, a área mais interior de nosso ser, revelando os pensamentos do coração. A motivação do coração também é revelada. Os atos puros nascem de intenções puras. O desejo de receber o louvor humano, a estima dos outros, as glórias do mundo, precisam ser extirpados.

A espada terá que fazer cortes nos propósitos mais íntimos, se é que desejamos vencer pela palavra de nosso testemunho. Se alguém tem um forte anseio de receber elogios dos outros é porque está vivendo mais 'na alma', isto é, sua alma está exercendo maior domínio em sua vida. Esse tipo de anseio é corrosivo e muito prejudicial para quem o abriga, pois está em oposição a 'viver no Espírito, e o impede de alimentar-se de Cristo.

CRISTO ENTRONIZADO
Viver na esfera do Espírito significa posicionar-se na nova vida em JESUS. E para sermos vitoriosos temos que viver nesse plano superior (o do espírito regenerado), onde Cristo exerce supremacia sobre todo o nosso ser. Então, a partir desse ponto central onde Cristo Se acha entronizado, o Espírito Santo opera através de nosso corpo e alma.

Somos apenas canais pelos quais Ele atua. O Espírito usa a Palavra também para vencermos nas lutas externas. "Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e, sim, poderosas em Deus, para destruir fortalezas..." (II Co 10.4). O que seriam armas carnais? Paulo cita algumas em I Coríntios. Uma delas é a 'sabedoria do mundo', que Deus tornou louca (I Co 1.20). Outra é gloriar-se em homens. "Quando, pois, alguém diz: Eu sou de Paulo; e outro, Eu, de Apolo; não é evidente que andais segundo os homens?" (I Co 3.4). E ainda outra é 'andar segundo o homem', manifestando 'ciúmes e contendas' (3.3).

Tais armas nunca serão eficazes para destruir as fortalezas de satanás. Não será com elas que venceremos. Mas depois que a espada do Espírito já fez seus cortes em nosso interior com um de seus gumes, nós usamos o outro para cortar esses inimigos de fora. E o resultado será a destruição de "...sofismas e toda altivez que se levante contra todo o conhecimento de Deus, levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo..." (II Co 10.5).

Deus colocou em nossas mãos uma arma espiritual poderosa e capaz. Usando-a da forma adequada, isto é, no poder do Espírito Santo, podemos derrotar o acusador. Além disso, ela não é arma ainda em experiência, mas algo que já foi provado e comprovado. Nós venceremos "...por causa da palavra do testemunho..." que demos. Essa espada já foi testada e aprovada, e sempre opera com sucesso.

RENÚNCIA VOLUNTÁRIA
E há mais uma coisa. Os vencedores citados em Apocalipse (12.11) são pessoas que "...mesmo em face da morte, não amaram a própria vida..." Os dois primeiros recursos para a vitória são meios que Deus coloca em nossas mãos. Agora temos algo que nós colocamos nas mãos d'Ele -- nossa própria vida. Renunciamos ao apego à vida. "Quem ama a sua vida, perde-a.." (Jo 12.25). E essa renúncia tem que ser total, 'mesmo em face da morte'.

Mas esse gesto vai além da renúncia. É uma identificação com Cristo em Sua morte. Não se trata de uma auto-crucificação, mas de uma crucificação conjunta com Cristo; não é um suicídio espiritual, mas uma submissão ao Espírito de Cristo, que opera em nós, o que Cristo fez por nós, ao ser crucificado. "Mas, se pelo Espírito mortificardes os feitos do corpo, certamente vivereis..." (Rm 
8.13).

Essa morte não é um fim em si mesma, mas um meio para se alcançar um fim. É o grão de trigo sepultado com Cristo na aniquilação da cruz, para que, ressuscitando com Ele, possa dar muito fruto (Jo 12.24). Essa vida se acha tão "...oculta juntamente com Cristo, em Deus..." (Cl 3.3), que a vitória é certa.

O acusador não tem nenhum poder sobre tais vencedores. O sangue do Cordeiro é nossa proteção! A Palavra de nosso testemunho, a Palavra de Deus, é nossa arma de ataque.Nossa identificação com Cristo em Sua ressurreição é a atitude que irá permitir que o Espírito opere em nós livremente -- pelo poder da ressurreição de Cristo.

Você é um crente normal, um vitorioso?


Harold M.Freligh
(M.da Cruz/Set.1988)

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