quarta-feira, 18 de julho de 2018

PREPARADOS PARA A VITÓRIA

A VERDADE:
"Mas, como podem simples criaturas humanas atracarem-se com essas forças sobrenaturais invisíveis, intangíveis em lugares celestiais e rechaça-las?"






























A VERDADE EXPLICADA:
"Por que a nossa luta não é..." Lendo estas primeiras palavras com as quais o apóstolo Paulo comenta a natureza do conflito cristão, sou levado a dizer a mim mesmo: Que verdade! Nesta era de janotas e de brincadeiras" onde prevalece um clima de subjetivismo e reina o utilitarismo, a luta em termos espirituais não está entre as muitas atividades das nossas igrejas; oramos, cantamos, louvamos, damos os nossos jantares beneficentes, mas a luta a que Paulo se refere, geralmente não se inclui em nossa vida.

Talvez eu tenha exagerado, mas vou me corrigir: lutamos, sim, mas é uma luta como a de Jacó. Quando Deus nos força a quebrar o espírito de autossuficiência, que fala tão alto em nossos corações, para transformar-nos em Israel, lutamos contra o esforço do nosso Pai.

Paulo, ao escrever sobre o conflito do cristão, dá ênfase ao contraste entre os tumultos e perseguições despertados por fantoches humanos dirigidos pelo poder das trevas e o conflito sobrenatural com as hostes dos espíritos maus. Em II Coríntios (1.8), ele se refere a uma situação literal e real de carne e sangue, a qual ele identifica como a tribulação que nos sobreveio na Ásia. É bem possível que esteja se referindo aos acontecimentos registrados em Atos capítulo 19. Gosto de pensar que os ingredientes que deram forma à "tribulação" ajudaram o apóstolo a descobrir o segredo, para que depois nos ensinasse a nossa luta. 

Guerrear se aprende guerreando em situações de combate, não com teorias e exercícios. Devemos precaver-nos contra as atividades que não nos levam a um confronto com o adversário. Onde quer que Paulo estivesse, suas atividades agitavam o inimigo, fazendo-o agir como um leão furioso. Em Éfeso, Paulo passou por dificuldades que o levaram a se despreparar da própria vida. Por isso preocupou-se muito para que seus amigos tivessem uma perspectiva certa e uma compreensão bem clara da relação que há entre nossa tribulação e nossa luta.

Os cristãos de Éfeso poderiam facilmente ter visto esse conflito armado apenas como uma ameaça física do "Sindicato dos Ourives", sob a orientação de Demétrio; poderiam ter pensado que essas tribulações resultassem de um choque entre o cristianismo e a cultura local. Para corrigir essas ideias, Paulo afasta o pensamento deles das causas humanas e leva-os a compreenderem as verdadeiras fontes da tribulação: "principados e potestades, dominadores deste mundo tenebroso, forças espirituais do mal".

Os ataques físicos que chegam através de circunstâncias, são apenas sintomas da real hostilidade de dirigentes do mundo das trevas sob o poder do príncipe do ar. Temos a obrigação de resistir a esses inimigos invisíveis. Mas, como podem simples criaturas humanas atracarem-se com essas forças sobrenaturais invisíveis, intangíveis em lugares celestiais e rechaçá-las? Paulo esforça-se para dar-nos uma resposta cabal. O clímax da carta de Paulo aos Efésios traria mais satisfação se fôssemos simples leitores de ficção, que leem o fim da história para saberem o que vai acontecer.

No que diz respeito a Paulo, todas as coisas emocionantes acontecem no começo da sua carta. Não é por isso que vamos pensar ser o fim dela um anticlímax e deixá-la de lado; ao contrário, a verdade valiosa acha-se especificamente detalhada, preparando-nos para o grande final no capítulo 6, onde a confrontação com os poderes sobrenaturais sob as ordens de satanás nos é apresentada como a conclusão lógica. Isso é tudo! A luta não começa nos nossos corações. Tem, como fundamento, a vitória poderosa sobre o 'inimigo', que JESUS Cristo conquistou na cruz. Por isso, tudo o que Deus fez com Ele, como resultado direto dessa vitória, também o fez conosco quando "...para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à Igreja...", o Seu corpo.

A exaltação da Cabeça "...acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio..." (Ef 1.21), longe de separá-la do Seu corpo na terra, tornou-nos participantes de tudo o que Deus deu a ela; assim, estamos assentados "...à sua direita nos lugares celestiais". No dizer de Paulo: "Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder..." (Ef 6.10). Ele nos mostra as verdades fundamentais, que já havia revelado antes. Satanás é um inimigo derrotado, com a cabeça esmagada. Nele não há poder; nada o fará destronar o Vencedor do Calvário, assentado à direita do Poder. Esta é a verdade que nos ajuda e fortalece. Há algo mais: tudo o que Deus fez para a Cabeça, fez para o corpo também! Significa que, pela cabeça, estamos em lugares celestiais também. Nosso fortalecimento no Senhor é aperfeiçoado à medida que, pela fé, reconhecemos o que Deus afirma haver realizado.

"A verdadeira regra de fé", diz o Dr.Stuart Holden, "não é que vivamos uma vida terrena com a visão do céu, mas que somos chamados para uma vida celestial com a visão na terra". Oh! que todos os crentes possam reconhecer continuamente a glória que Deus nos prometeu em Sua Palavra, apropriar-se dela e ser fortalecidos por tudo o que Ele fez, desenvolvendo, assim, uma musculatura espiritual para poderem cumprir a vocação que lhes foi proposta! Mesmo que nossos pés estejam caminhando na terra, posicionalmente nossa vida está oculta juntamente com Cristo, em Deus.

Portanto, vamos à batalha, não da perspectiva de nossas circunstâncias aqui na terra, mas de cima, de nossa posição em Cristo.

Esta nossa posição com Cristo não é um terrível monte Evereste, que temos de escalar com nossas próprias forças. Deus já nos colocou lá em cima, no cume, pela virtude dessa posição, Sua vontade seja feita aqui na terra, como é feita nos céus, através dos que creem n'Ele. Não temos de lutar pela vitória porque "...somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou...". Nossa luta provém da Sua vitória; e desta situação tão favorável, revigorados pela força de Cristo e envolvidos pela armadura de Deus, as forças do mal são compelidas a recuar, à medida que resistimos a elas.

As palavras que Paulo mais enfatiza, ao desenvolver o conceito de conflito contra "...as forças espirituais do mal, nas regiões celestes..." (Ef 6.12), são: "resistir" e "permanecer inabaláveis". Nossa armadura de defesa garante total segurança, quando revestida pela oração, porque, em essência, o cinto, a couraça, o capacete e o escudo são JESUS Cristo. N'Ele nos completamos. A ênfase que se repete de "resistir", sugere que o perigo para o cristão e a vantagem para o inimigo é o crente abandonar sua posição e atacar o problema em nível humano, de carne e sangue. 

Para conseguir que o crente reaja dessa forma, o inimigo faz explodir uma tempestade num lago, um verdadeiro tumulto, ou as bestas ferozes de Éfeso trazendo-nos pânico e não dando tempo a que nos apeguemos as fatos tão objetivos das promessas de Deus. O diabo é um artista de pânico e joga pesado com a nossa consciência, principalmente nas situações de emergência. J.O.Fraser interpreta esse fato da seguinte forma: 

"Toda vez que, ao enfrentar uma dificuldade, seu espírito é derrotado e se desfalece, você perde o domínio sobre as forças das trevas, isto é, você fica por baixo, em vez de permanecer por cima delas, com Deus. O mesmo ocorrerá se seu ponto de vista for terreno, porque estará sob a força das trevas. Portanto, o domínio sobre elas depende do seu espírito permanecer acima delas, isto é, de você conhecer a perspectiva de Deus, o pensamento de Deus, o plano de Deus e os caminhos de Deus, habitando com Cristo, em Deus".


Arthur Mathews
(A Seara nª 325/Jul.1992)

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