quarta-feira, 4 de novembro de 2020

A FALSIFICAÇÃO DOS DONS ESPIRITUAIS

 A VERDADE:

E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição...” (II Pe 2.1)   


A VERDADE EXPLICADA:

No autêntico exercício dos dons espirituais o Espírito Santo é soberano. O fato registrado em Atos (19.11,12), não significa doutrina sobre o assunto, nem modelo para ser copiado. Por outro lado, o costume hoje em dia praticado por certos elementos, de reunir endemoninhados, praticar expulsão de demônios à moda de exorcismo, à prestação, manipulando as pessoas como se os demônios estivessem saindo da vítima aos poucos, é prática reprovável e antibíblica.

Os demônios são expulsos, sim, em Nome de JESUS, por direção e poder do Espírito Santo, mas de maneira bíblica, original, sem deixar dúvida, confusão, nem escândalo.

JESUS nos mandou chamar pecadores e expulsar demônios, mas em muitos lugares estão hoje fazendo o inverso: chamando demônios e expulsando pecadores. Sim, porque estes saem confusos, desiludidos, escandalizados. Saem pior do que chegaram. É isso operação de dons espirituais? Nunca! Poder manifesto de Deus não produz escândalo, grosseirismo, e puro emocionalismo aliado à ignorância e à credulidade, que uma vez passados, só resta frustração, engano, medo e revolta. 

Isto é mais operação diabólica, para confundir os neófitos e perturbar a boa marcha do trabalho do Senhor. O diabo não pode impedir a obra de Deus mas pode atrapalhar, usando os instrumentos de que dispõe.  

Tenhamos cuidado! Está dito na Palavra de Deus, que houve, no passado, entre os fiéis, falsos profetas, e que os mesmos continuarão existindo. Deus não é de confusão. A ausência de continuado e metódico ensino bíblico sobre o Espírito Santo e Suas genuínas operações contribui para isso. O inimigo sabe muito bem tirar proveito da ignorância. Ele não somente fomenta a mentira, mas também faz crer nela, o que pode ser ainda pior. Há demônios cuja missão principal é enganar. (I Tm. 4.1).   

O inimigo aproveita enquanto os trabalhadores dormem, para semear a má semente, especialmente aqueles que dormem de noite e descansam de dia. Não se confunda gritos, trejeitos, gestos desconexos, pulos, linguagem impressionante, barulho emotivo e algaraviada pública, com o real poder do Espírito Santo. 

Profunda espiritualidade e poder de Deus não implicam desordem e escândalo para gregos, judeus e a Igreja de Deus.   

Há, no momento, sendo acolhidos por certos grupos, alguns pretensos obreiros, desautorizados, promovendo por si próprios, movimentos ditos carismáticos, mas sem a devida base bíblica, sem conhecimento da doutrina específica, sem experiência cristã e ministerial, sem cultura bíblica e secular, sem ordem de ministério irregular, irreverentes, gananciosos, explorando o povo e as igrejas, iludindo a boa-fé dos incautos e aproveitando-se da credulidade das massas, prosseguindo, assim, até que os escândalos provoquem uma reação negativa geral e acabe tudo em decepção, sem que ninguém os detenha.   

Os tais, ostentando a coleção inteira de sinais de um falso profeta, em lugar de procurarem expulsar demônios e praticar curandeirismo, eles é que deviam ser expulsos! Dizendo-se autorizados por Deus, arrogam-se autoritários, não aceitando qualquer conselho bíblico, chegando a ponto de quererem provar seus erros pela Palavra de Deus!   

Poder, sinais e maravilhas devem caracterizar um genuíno avivamento, pleno de renovação espiritual, mas livre de escândalo, engano, mistificação. Dentro da decência e ordem que a Palavra preceitua.   

O certo é que tais pseudo-obreiros estão causando sérios estragos dentro e fora da Igreja, pretextando expulsão de demônios, curas, revelações, visões, arrebatamentos, profecia e línguas estranhas.   

Não duvidamos que muitas dessas pessoas tenham a princípio recebido de Deus um ministério de poder, mas estragaram-no, porque começaram a laborar fora do plano divino como revelado nas Escrituras e continuaram assim pensando que Deus estava aprovando seus erros. Como em II Reis (6.5), perderam o ferro do machado. Só tem agora o cabo. Se deram fruto a princípio, não permaneceram assim, por persistirem no erro. Os frutos produzidos não permaneceram, como JESUS falou. (Jo 15.16).   

Caro amigo, se você reconhece que tem recebido um ministério de pregação acompanhado de sinais e maravilhas, exerça-o, mas segundo a doutrina bíblica, apegado sempre à Palavra. Deus concede poder, mas não é responsável pelo uso desse poder. Não é possível um tal ministério frutificar mais e mais e permanecer sempre assim, se o instrumento humano não se conservar na pureza doutrinária da Palavra de Deus.   

Um obreiro pode receber de Deus o mais rico ministério de libertação e conservar-se profundamente bíblico e dentro dos ditames da ética ministerial. Se alguém reconhece que tem recebido dons espirituais para um ministério de poder, o primeiro passo não é sair fazendo demonstrações pueris, escandalosas e antibíblicas. Não! O primeiro passo é conhecer o que a Bíblia ensina sobre tal ministério. 


Autor: Antonio Gilberto 

(Fonte: Mensageiro da Paz 1196/Dez.1986)

quarta-feira, 28 de outubro de 2020

SINAIS DA VOLTA DE JESUS

 A VERDADE:

"Assim como houve sinais preditos e cumpridos sobre o primeiro advento de JESUS, do mesmo modo há inúmeros sinais preditos nas Santas Escrituras sobre o segundo advento do Senhor. Estes sinais estão hoje todos manifestos. Dirá alguém: “Então, por que JESUS ainda não voltou?” É que muitos desses sinais estão manifestos ou cumpridos em parte, segundo a vontade do Senhor, que governa todas as coisas. Daremos, a seguir, alguns sinais da volta de JESUS."


A VERDADE EXPLICADA:

Sinais nos meios políticos

“...e haverá sinais no sol e na lua e nas estrelas; e na terra angústia das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas...” (Lc 21.25)  Foi-se o tempo em que as nações internamente tinham paz e tranquilidade. Hoje, até as nações mais adiantadas, de maior capacidade de defesa e que gozam de estabilidade política e econômica, vivem sobressaltadas por suas crises internas e ameaças externas. O termo perplexidade na referência acima, literalmente significa “um beco sem saída”. Isto se intensificará cada vez mais, até que este sinal atinja a sua plenitude, em relação à volta de JESUS. Chegará ao ponto de desespero, quando então as nações suspirarão por um que possa socorrê-las e garantir-lhes a paz e prosperidade interna e externa. Somente JESUS, na Sua vinda e no Seu Reino, fará isso.  

 Sinais nos meios sociais

“...porém, aquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas unicamente meu Pai. E, como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do Homem. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca, e não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do Homem...” (Mt 24.36-39)  O que vemos aí neste sinal é a prevalência do materialismo e a indiferença do homem para com Deus. Consultando o texto paralelo de Lucas (17.26-30), vê-se que o humanismo e o materialismo aumentarão, enquanto o apego a Deus diminuirá; isso, entre os cristãos professos. Estamos vendo isso acontecer. Há inúmeros crentes, famílias e congregações que, enquanto eram simples e humildes, buscavam a Deus, mas hoje, porque melhoraram de vida estão se distanciando cada vez mais d’Ele.  

 Sinais nos meios científicos  

“...e a ciência se multiplicará...” (Dn 12.4)  Quando, a partir da segunda década deste século, começaram a surgir as primeiras obras de ficção científica, o público julgava ser aquilo sempre um passatempo, por julgarem impraticáveis o que liam e viam. Nos dias atuais a ciência atingiu um nível nunca sonhado. Agora já estão prontos para lançamento os aparelhos comandados pela voz do operador. A eletrônica e outros ramos da tecnologia prometem coisas assombrosas para a presente década, juntamente com outras ciências. A passagem de Daniel supracitada  concerne à volta de Cristo.    Sinais nos meios naturais  “...e haverá, em vários lugares, grandes terremotos, e fomes e pestilências; haverá também coisas espantosas, e grandes sinais no céu...” (Lc 21.11).  A história registra terremotos e outras catástrofes correlatas desde que o homem começou a registrá-los, na mais remota antiguidade; mas, de tempos recentes para cá, esses fenômenos vêm-se registrando com acelerada frequência e intensidade. Lugares totalmente alheios a terremotos são, hoje, palcos deste fenômeno destruidor que, como aqui abordado, prenuncia a volta de Cristo.  

 Sinais nos meios religiosos   

“...e nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne...” (At 2.17)  Este sinal da volta de Cristo, que começou de maneira limitada no início deste século, avança mais e mais, todos os dias, entre as igrejas da comunidade cristã. Não há hoje ponto do globo que não tenha crentes batizados com o Espírito Santo, conforme relato de Atos dos Apóstolos, capítulo 2.  

 Sinais nos meios domésticos  

“...sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos;  porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te. Porque deste número são os que se introduzem pelas casas e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências...” (II Tm 3.1-6)  Aí vemos a família sendo palco de mutações subversivas e destruidoras, sob vários aspectos. A família é o elo básico da Igreja, da sociedade e do Estado. Uma vez este elo enfraquecido, esfacelado e destruído, tudo o mais relacionado com o gênero humano se arruinará. Estamos vendo isso acontecer por toda parte. Por todo o mundo a família está enfrentando crises as mais desafiantes, à que ela não resiste, e fracassa. A não ser que a família se acerque de Deus, em arrependimento, santidade e temor, observando o que a Palavra prescreve para o pai, a mãe, o marido, a mulher e os filhos, não há esperança de vitória.  

 Sinais nos meios trabalhistas  

“...eia pois agora vós, ricos, chorai e pranteai por vossas misérias, que sobre vós hão de vir. As vossas riquezas estão apodrecidas, e os vossos vestidos estão comidos da traça. O vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram, e a sua ferrugem dará testemunho contra vós, e comerá como fogo a vossa carne. Entesourastes para os últimos dias. Eis que o jornal dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras, e que por vós foi diminuído, clama, e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos Exércitos. Deliciosamente, vivestes sobre a terra, e vos deleitastes: cevastes os vossos corações como num dia de matança. Condenastes e matastes o justo; ele não vos resistiu..” (Tg 5.1-6).  Aí vemos um sinal que torna-se cada vez mais patente. São os choques e lutas entre empregados e patrões. Os sindicatos e sindicalistas que deviam ser instrumentos moderadores, mediadores e promotores da concórdia, justiça social no sentido correto, e direito, no trio patrão-empregado-governo, cuidam mais da desordem e da subversão, sem se darem conta que estão, desta maneira, servindo a Satanás. Os patrões, por sua vez, cometem desatinos, distorções, usura, lesando empregados e governo. O governo, de igual modo, aprova leis puramente humanistas que o impedem de governar retamente, inclusive no que tange ao que estamos abordando. Deviam todos buscar a Deus, para d’Ele receberem direção sobre como agir e proceder numa área tão vital para uma nação como é a de patrão-empregado-governo.    


Autor: Antonio Gilberto

(Fonte: Mensageiro da Paz nº 1246/Dez.1990)   

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

A ÁGUA NA TERRA

 A VERDADE:

"Nada sobrevive sem água. Num planeta onde não exista esse líquido, é impossível conceber-se um tipo de vida como na Terra. Os animais ingerem as substâncias fabricadas pelas plantas, direta ou indiretamente. Depois de aproveitadas, é a água que elimina as substâncias tóxicas, pela urina e suor, e desempenha papel importante nas reações químicas".


A VERDADE EXPLICADA:

Se de outros planetas é possível ver o nosso, provavelmente a Terra seria chamada Água pelos hipotéticos habitantes que lá existissem. Pois esse líquido, com efeito, predomina na superfície terrestre: ocupa cerca de três quartos do total da área do globo. A vida sobre a Terra começou na água. E alguns seres só puderam conquistar o meio terrestre desenvolvendo no próprio organismo estruturas que mantém soluções aquosas sob forma de sangue, plasma e fluídos intercelulares. Cerca de 72% do peso de um ser humano é constituído de água. Em alguns vegetais, a proporção é ainda maior, alcançando até 98%, como é o caso da melancia.  

Desde sua criação, o homem compreendeu a necessidade desse líquido e uniu sua vida às reservas d’água. Nelas aplacou a sede e descobriu alimentos: os peixes. Junto aos rios encontrou bom solo para cultivo, desenvolvendo a agricultura. Aí, formaram-se agrupamentos humanos. Pouco a pouco, os cursos d’água passaram a servir como ótimas estradas: foram aquáticos os primeiros meios de transporte – o homem viu que, usando os rios para se locomover, podia economizar a energia que dispenderia andando a pé. Foi perto dos rios e do mar que surgiram as grandes civilizações da antiguidade: a egípcia, a fenícia, a cretense, a grega, a etrusca, a romana, a chinesa, a indiana.  

A água e as religiões 

E, à água passou-se a atribuir um poder sobrenatural. No antigo Egito, o Nilo era divinizado. Os gregos imaginavam que as águas fossem habitadas por gênios e ninfas. Os antigos germanos na Europa e os aborígenes da América rendiam culto a esse elemento fertilizador da terra. Os hindus ainda hoje consideram sagrado o rio Ganges, onde se banham, para purificar o corpo e a alma. No cristianismo, a água aparece como símbolo de purificação, especialmente no ato do batismo.  

Uma das histórias religiosas a respeito da água que mais impressiona a curiosidade dos estudiosos, é a que se encontra registrada na Bíblia, acerca do Dilúvio Universal. Esse relato, mais conhecido biblicamente, surge na tradição de vários outros povos, embora distantes entre si – sumérios, normandos, habitantes de ilhas do Pacífico; e foi comprovado pela Arqueologia. As escavações permitiram encontrar uma camada lamacenta, chamada diluviana, que separa duas outras, com vestígios de vida humana. Essa camada data de cerca de quatro mil anos antes de Cristo. O fato torna evidente que a água, fonte de vida, pode ser também instrumento de devastação e morte.  

A água por cima  

A água é a mais abundante das substâncias encontradas na crosta terrestre. Oceanos e mares cobrem aproximadamente 361.000.000 de quilômetros, ou seja, cerca de 71% da superfície total. Em muitos lugares existem profundidades de 8 mil metros (e mais). O volume total é estimado em 1.330.000.000 de quilômetros – o suficiente para cobrir toda a Terra, com 2.800 metros de profundidade.  

Em relação com tal volume, a quantidade de água doce é relativamente pequena. Não ultrapassa ½.700 do total da salgada. Ainda assim, são quase 500.000 quilômetros, que poderiam cobrir a Terra com mais ou menos um metro de profundidade. Há um constante e intenso intercâmbio entre as águas doces e salgadas que, no fundo, são apenas salgadas, porque recebem depósitos de sal dos rios. Este intercâmbio denomina-se ciclo hidrográfico; sem ele, não haveria a vida tal como a conhecemos.  

Esse ciclo se inicia com a evaporação da água, isto é, sua lenta transformação em vapor. Ao nível do mar, nas regiões tropicais, o ar é quente e conserva grande proporção de vapor. Em maiores altitudes, o ar esfria e diminui a sua capacidade de retenção. Então, uma parte do vapor se condensa, transformando-se outra vez em água. Esta água, constituída de numerosas gotículas, forma então o que chamamos nuvens. As pequenas gotas unem-se nas nuvens formando gotas maiores que, pesadas, dificilmente ficam suspensas. A isso chamamos saturação. As nuvens saturadas desfazem-se sob a forma de chuva. Parte da chuva evapora-se logo que cai; outra, penetra na terra; o restante corre para os rios, lagos e para o mar. As plantas absorvem a água do solo, utilizam-na e a perdem sob forma de vapor, o que nada mais é senão a transpiração das plantas. Assim, completa-se o ciclo hidrológico. Os índices pluviométricos variam bastante. Em certas regiões do Pacífico e da Índia, atingem cifras assombrosas, ao passo que no Saara e outras zonas desérticas praticamente não chove.  

Água quase pura  

Aristóteles, sábio grego, considerava a água um dos elementos fundamentais do mundo. Os outros seriam o ar, o fogo e a terra. A água é composta de dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio. Daí a fórmula H2O. A água não é quimicamente pura. Essa pureza se obtém, em parte, pela destilação. A água destilada a 4 graus centígrados é tomada como unidade de densidade. À pressão atmosférica de 760 mm (nível do mar), ela ferve a 100 graus e solidifica-se a zero grau. Ao congelar, aumenta de volume, diminuindo a densidade (por isso o gelo flutua na água líquida: é mais leve que ela).  

Não há vida sem água  

Nada sobrevive sem água. Num planeta onde não exista esse líquido, é impossível conceber-se um tipo de vida como na Terra. Os animais ingerem as substâncias fabricadas pelas plantas, direta ou indiretamente. Depois de aproveitadas, é a água que elimina as substâncias tóxicas, pela urina e suor, e desempenha papel importante nas reações químicas.    

 

(Fonte: Mensageiro da Paz nº 1203/Jul.1987

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

VASOS CONVENIENTES

A VERDADE:

 Deus pode usar um vaso de ouro em funções humildes e vasos de barro em situações de destaque. Assim todos são honrados, desde que vasos de ouro ou vasos de barro, são todos feitos pelas mãos de Deus.  


A VERDADE EXPLICADA:

Embora a visita de Jeremias à casa do oleiro tivesse uma função específica para o propósito de Deus (Jr 18.4), acreditamos que ele viu naquela oficina muitos outros vasos além daquele em que o artífice trabalhava. Enquanto recebia a mensagem divina, o profeta poderia admirar as belas obras já enfileiradas nas prateleiras ou encostadas a um canto. Algumas polidas, à mostra, talvez coloridas, para chamar a atenção dos pretendentes. Alguns vasos não estariam ainda em condições de uso e outros podiam parecer sem atração, permanecendo na loja mais tempo do que o vendedor pretendesse. Jeremias teria outras lições a colher daquela visita e ele mesmo empregaria a sua própria retórica para o ensino do povo.  Mesmo que fossem apenas objetos de barro, aqueles vasos representavam a natureza humana em sua beleza, em sua utilidade, no seu emprego e no seu valor.  

 Os vasos do templo   

Para o aparelhamento do templo, Salomão encomendou diversas espécies de vasos (I Re 7.48), e diz a Palavra que ele mandou preparar os vasos que convinham à casa do Senhor.  Pressupõe-se que o rei tomava parte ativa na construção do templo e que havia antes planejado com seus conselheiros, desenhistas e artífices e isto após consultar as tradições e as escrituras antigas que falavam de objetos existentes nos templos anteriormente construídos.  

Cremos ainda que ele fez uma cuidadosa triagem entre os vasos que seriam realmente aproveitáveis e outros que estariam apenas ocupando lugar, dando trabalho e juntando poeira. Depreende-se que a sua escolha foi criteriosa, de modo que ficou registrada a sua opção pelos que de fato convinham à casa do Senhor. E a ênfase parece querer demonstrar que nem todos os vasos apresentavam a devida utilidade.  

Dessa maneira ficou estabelecido que somente entrariam no serviço do templo os que realmente conviessem. Se há uma lição nesta exposição da preferência do rei, de seus assessores, na aprovação pelos anciãos e sacerdotes, ainda assim, a glória não seria dos vasos úteis que de nada se poderiam orgulhar.  

Vasos sem prazer  

Entre outras, a Bíblia fala duas vezes de “vasos dos quais ninguém se agrada” (Jr 22.28; Os 8.8). Esta especificação não parece muito lisonjeira e até a poderíamos julgar um tanto austera, não fosse ela a exata expressão da verdade, alicerçada na própria Palavra de Deus. Para ser um vaso de que ninguém se agrada, o objeto se qualifica como imprestável em todo e qualquer ponto de vista. Não tem atrativos, apresenta rachaduras, não tem beleza para ser colocado em lugar de destaque e não é maleável, isto é, não pode ser movido de um lado para outro. Não será demais acreditar que esteja sujo por dentro e por fora, cheio de limo, ou de ervas daninhas. Alguns podem mesmo conter águas estagnadas produtoras de insetos doentios. 

Vasos de valor  

Ao falar sobre Saulo de Tarso, o próprio JESUS disse a Ananias que o convertido de Damasco era para Ele um vaso escolhido para levar o Seu Nome aos gentios e aos grandes. Paulo, mais tarde, fala de vasos para honra (Rm 9.21; II Tm 2.21); e retroagindo aos versículos 16 a 18, ele mostra de que o crente se deve purificar para não ser vaso de desonra. E ele alude a vasos de ira, que contrastam com os vasos de misericórdia, preparados com antecedência, entre os quais ele qualifica o crente e, por coletivo, a Igreja.  

O apóstolo cita vasos de ouro, de prata, de pau e de barro, uns para honra, ou seja, para uso mais distinto, mais exposto e outros de uso mais discreto, mais escondido. É defeso, porém, dizer-se que pode haver vasos de ouro que são postos em desonra e vasos de barro que recebem um tratamento mais honroso. Não parece ser a feitura, a matéria prima do vaso que rege o seu uso, mas a importância que o seu sentido lhe dá.  

Deus pode usar um vaso de ouro em funções humildes e vasos de barro em situações de destaque. Assim todos são honrados, desde que vasos de ouro ou vasos de barro, são todos feitos pelas mãos de Deus.  

Vasos preparados  

O importante na vida do crente é colocar-se na condição de vaso conveniente. Aquele que se adapta a qualquer serviço e qualquer posição e apresenta as qualidades suficientes para ocupar o lugar que Deus lhe tem destinado. Não há por que considerar-se mais honroso, se a posição ocupada não o foi pelos próprios méritos, mas por escolha de Deus.  

Na verdade pode haver crentes mais preparados, mais versados e com maiores experiências na vida cristã. E isso lhes dá a oportunidade de apresentar um trabalho melhor na salvação das almas e na doutrinação do rebanho do Senhor. Para isso é preciso somente que os tais obedeçam aos conselhos da Palavra de Deus, às advertências dos apóstolos, para que o seu preparo seja notório aos demais (II Tm 2.15; I Tm 4.11-13; I Pe 3.15). De posse destas condições, é claro que tais crentes serão tidos como mais convenientes ao serviço de Deus. Destes se pode esperar um desempenho especial que, por metáfora, se atribuirá a vasos de ouro e vasos de prata.    


 Autor: Miguel Vaz 

 (Fonte: Mensageiro da Paz nº 1204/Ago.1987)




quarta-feira, 7 de outubro de 2020

O CRISTÃO ATUAL

 A VERDADE:

"O cristão tem que fazer de sua vida uma mensagem que causa impacto nesta geração carente, ter um forte amor para com Deus e refletir um compromisso com Sua pessoa. Viver para fazer a vontade d'Ele acima de todas as decisões mostra que JESUS ocupa em sua vida o lugar que Lhe é de direito".


A VERDADE EXPLICADA:

A mensagem do Evangelho de JESUS Cristo deve alcançar o homem como um todo. Estamos passando por um período dentro da igreja de Cristo em que o verdadeiro cristão deve estar preparado e pronto para enfrentar os ataques de satanás e as investidas deste sistema egoísta contra a pessoa que, decididamente, vive uma vida correta com Deus. Gostaríamos de fazer algumas considerações a respeito deste assunto:

I - Consiste na falsidade deste sistema. O princípio que rege a sociedade é o de "levar vantagem em tudo"., sendo assim, as pessoas tornam-se desconfiadas e tudo para elas gira em torno da falsidade. Embora o sistema seja corrupto, no que dizemos e em nossa maneira de viver, devemos ter a mesma ousadia que Cristo teve para enfrentar o sistema hipócrita de Sua época.

II - Está no exemplo. Nossa geração precisa de exemplos. Hoje em dia não temos bons modelos para seguir; as crianças tem como exemplos artistas de cinema e televisão cheios de conflitos interiores mal resolvidos. Muitos deles, incentivados apenas pela fobia financeira, são capazes de vender sua própria alma por um contrato milionário; os jovens tem como exemplos grupos de rock que na verdade (em sua grande maioria) são inspirados por satanás, propagando músicas que incentivam à violência, ao abuso sexual e ao culto a demônios; os adultos são influenciados pelas novelas e outros que tais. As senhoras e senhores brasileiros recebem muito mais influência da televisão em seus lares do que qualquer outro instrumento. Uma coisa interessante é que esta mesma sociedade que pratica tais coisas não está contente com este padrão de vida, nem com o sistema vigente. A sociedade precisa de exemplos: está atrás de vidas corretas e honestas em quem possam confiar e até imitar de uma certa forma.

O cristão tem que fazer de sua vida uma mensagem que causa impacto nesta geração carente. O cristão atual precisa saber no que crê; muitos hoje em dia não sabem explicar sua fé. Muitas pessoas estão nas igrejas apenas por causa de sentimentos ou procurando respostas para suas frustrações pessoais ou algum tipo de doença. Pessoas que não estão interessadas em saber no que creem, não são capazes de explicar sua fé. Temos que entender JESUS, precisamos crer e saber em que cremos. Creio em JESUS porque Ele é o próprio Deus encarnado, que nasceu de forma humana e viveu entre nós, foi morto e crucificado por meus pecados e pelos de toda a humanidade. Como já dizia um famoso0 pregador: "Crer também é pensar...". Não acreditamos em JESUS apenas porque sentimos Sua presença, mas sim por aquilo que podemos entender d'Ele e por aquilo que Ele fez em nossa vida.

ZELANDO PELA CONSCIÊNCIA

O cristão atual deve ser altamente rigoroso consigo mesmo com respeito aos aspectos básicos da vida cristã. Paulo, o apóstolo, já disse que devemos nos esforçar diante de Deus e dos homens para ter uma consciência limpa.

Devemos zelar por nossa consciência, vivendo de tal maneira que nada possa nos acusar. Caso venhamos a cometer um mal contra alguém, coisa que pode acontecer a qualquer um, devemos voltar e corrigir o erro. A Bíblia também diz que se queremos oferecer no altar uma oferta e lembrarmos que nosso irmão tem alguma coisa contra nós (Mt 5.23,24), devemos voltar e nos reconciliar com ele. Geralmente, o homem ou a mulher que zela por sua consciência tem grande autoridade para ministrar a Palavra de Deus.

Os grandes pecados que produzem impacto negativo em vários níveis da sociedade começam com um pequeno. Adultério começa com um pequeno pensamento impuro em sua mente; o roubo com uma pequena cobiça. Devemos ser auto-exigentes a respeito deste assunto: zelar por nossa consciência para podermos enfrentar este sistema egoísta. Se errar, volte e conserte. Seja com quem for, e dependa do que depender.

O cristão atual deve ter um forte amor para com Deus e refletir em sua vida um compromisso com Sua pessoa. JESUS mesmo disse: "Ama a Deus de todo o coração, de toda a alma, de toda a força e todo o entendimento...". Este tipo de vida demonstra a intensidade do amor para com o Senhor, tal qual Abraão o demonstrou quando ofereceu seu filho, Isaque, em sacrifício. 

Viver para fazer a vontade d'Ele acima de todas as decisões mostra que JESUS ocupa em sua vida o lugar que Lhe é de direito. Que Ele exerce o senhorio sobre você e predomina em todas as áreas de sua vida. Ama mais a Deus do que os valores deste mundo? Ama mais a Deus do que a seus projetos pessoais? Como já dizia um antigo pregador: "Acho que não há expressão mais adequada para explicar este tipo de devoção do que morrer para si mesmo".


Por: Cícero Manoel Bezerra

(Fonte: A Seara 311/Abril 1991)

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

ENCONTRO MARCADO POR DEUS

 A VERDADE EXPLICADA:

Era quase meia-noite. Estavam chegando a uma casa humilde, pequena, no subúrbio de uma cidade russa. Àquela hora da noite o bairro inteiro parecia dormir. As ruas desertas, escuras, silenciosas, escondiam em suas sombras os dois homens, um deles morador daquela região, o outro, um turista europeu.

Entraram na casa e qual não foi a surpresa do turista ao encontrar ali um grupo de 15 a 20 pessoas reunidas, como que aguardando-os. Os homens estavam de pé, ao redor do cômodo; as mulheres ocupavam as poucas cadeiras que havia e a cama que fazia as vezes de banco. Algumas crianças sentaram-se no chão, perto do turista europeu, que na verdade era um missionário clandestino. Sendo fluente no russo, ele conseguira permissão para viajar pelo país e lograra êxito em contatar membros da igreja subterrânea.

Após cumprimentar os presentes, o missionário abriu sua Bíblia, leu alguns versículos e começou a expor a Palavra de Deus. Todos o escutavam com atenção, mas seus olhos não estavam no missionário, e, sim, na Bíblia que ele trazia nas mãos. Algumas daquelas pessoas fazia anos não viam uma Bíblia completa. Aquele livro era para eles uma preciosidade rara, um verdadeiro tesouro.

Concluída a pregação, o missionário abriu sua maleta e acrescentou:

--"Trago também saudações muito 'especiais' dos vossos irmãos em Cristo de outros países". E em seguida retirou da maleta algumas Bíblias de bolso impressas em russo.

Mais tarde, falando de suas experiências nessa viagem, o missionário confessou: "Jamais conseguirei descrever a surpresa e a alegria incontida daqueles irmãos quando viram o presente que lhes trouxera. Lágrimas de gratidão lhes vieram aos olhos ao sentirem que seis irmãos ao redor do mundo os amavam em JESUS e estavam-se lembrando deles em oração".

Depois de distribuídas as bíblias, uma senhora levantou-se e foi falar com o missionário:

--Irmão", começou ela timidamente, "por acaso não tem uma Bíblia para o meu povo também?" 

"Não de para entender...", continuou o missionário. "Eu acabei de distribuir as bíblias... a que povo ela se referia? Não seriam os presentes ali 'seu povo'?" Percebendo minha confusão, o irmão que me levara à reunião aproximou-se e cochichou ao meu ouvido: "Ela está hospedada aqui nesta casa. Chegou há alguns dias, vinda da Sibéria, à procura de uma Bíblia para levar o seu povo".

Da Sibéria!!! Eu não podia acreditar. Quer dizer que aquela mulher tinha atravessado o país -- dez mil quilômetros de distância -- para conseguir uma Bíblia?! Não era possível! Com certeza eu não entendera direito. Mas meu companheiro confirmou: "Sim irmão, ela viajou essa distância toda. Na região onde mora, os crentes tem apenas partes da Bíblia, copiadas à mão. Faltam-lhes muitos capítulos e até livros inteiros".

Os crentes da região haviam ajuntado seus parcos recursos e enviado aquela mulher numa viagem de busca. Ela precisava achar uma Bíblia, uma só, mas completa, da qual todos fariam cópias à mão. Ela iniciara a viagem havia muitos dias. Procurara outros crentes, fora às igrejas oficiais controladas pelo Estado e em nenhum lugar pudera encontrar uma Bíblia disponível. Sua busca desesperada levara-a, finalmente, àquela casa de subúrbio, no extremo oposto do país. Seu tempo e dinheiro estavam no  fim. Teria que voltar em breve... e de mãos vazias. Sua missão fracassara. Mas, na noite anterior, ela havia orado insistentemente: "Senhor, mostra-me para onde ir e o que devo fazer". E na noite seguinte lá estava ela na reunião, quando o missionário chegou.

Ouvindo o comovente relato, o missionário abriu mais uma vez sua maleta e dela tirou, não uma, mas dez bíblias. A mulher ficou olhando fixamente para os livros enquanto o missionário os passou, um a um, às suas mãos. Por alguns momentos ela permaneceu assim, estática, como se não acreditasse no que via. Lentamente, as lágrimas começaram a rolar.

Deus não havia Se esquecido dela, nem do seu povo. Ele a tinha guiado milhares de quilômetros até aquela casa distante, para que estivesse ali exatamente naquela ocasião. Duas pessoas -- o missionário e a crente siberiana -- sem nada saberem um do outro haviam encetado viagem para se encontrarem, naquele dia, à meia-noite, naquele lugar. Deus os guiara até ali.

No dia seguinte, ela iniciou o longo caminho de regresso, mas não de mãos vazias. Levava um sorriso nos lábios e um embrulho de valor inestimável: as dez bíblias para o seu povo da Sibéria. 

Como são maravilhosos os caminhos de Deus!


Fonte: MENSAGEM DA CRUZ nº 79/Jan.1988











quarta-feira, 19 de agosto de 2020

LIBERDADE RELIGIOSA E DE EXRESSÃO AMEAÇADAS

 A VERDADE:

"TSE decide criar, para valer já nas eleições deste ano, um novo crime que veda, na prática, a participação religiosa no processo eleitoral brasileiro".

 

A VERDADE EXPLICADA:

No dia 25 de junho, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) encampou uma tese nova que afronta a liberdade religiosa. O ministro Edson Fachin (STF), oficiando no TSE, abriu nesse dia a discussão sobre a possibilidade de um político perder o mandato se tiver a sua candidatura veiculada à religião ou tiver votos pedidos em cultos ou meios religiosos. Em sua decisão, o ministro Fachin disse estar preocupado com o que ele chamou de "extorsão do consentimento eleitoral". Segundo ele, o meio religioso, que ele chama de "poder religioso", exerce "práticas abusivas" de cunho eleitoral. A votação sobre o assunto foi interrompida temporariamente no TSE ainda no dia 25 de junho por um pedido de vista do ministro Tarcísio Vieira de Carvalho, mas foi agendado para continuar neste mês de agosto.



"A imposição de limites às atividades eclesiásticas representa uma medida necessária à proteção da liberdade de voto e da própria legitimidade do processo eleitoral, dada a ascendência incorporada pelos expoentes das igrejas em setores específicos da sociedade", afirmou o ministro Fachin no julgamento da ação que pede a cassação da vereadora Valdirene Tavares dos Santos (Republicanos), que é pastora na Assembléia de Deus de Madureira, Campo de Luziânia (GO). Ela está sendo acusada de usar a posição dela na igreja para promover a sua candidatura, influenciando o votos dos fiéis.

O ministro Fachin é relator do caso e votou contra a cassação do mandato da vereadora justamente por não haver na legislação eleitoral brasileira previsão de crime para essas situações. Porém, na continuidade do seu voto, ele pediu que o TSE aproveite esse julgamento para criar um entendimento que torne esse crime real (o que é, na prática, o judiciário legislando , ou seja, invadindo as prerrogativas do poder legislativo); e ele propõe também que tal decisão venha a valer já para as eleições deste ano. O crime novo seria o "abuso de poder religioso", uma tese antiga de juristas que são avessos a qualquer participação religiosa nas discussões políticas.

Na legislação eleitoral, só são previstas as seguintes ilicitudes eleitorais: abuso do poder político, abuso de poder econômico e abuso dos meios de comunicação; com o adendo de que os princípios contidos nas ideias de abuso de poder econômico e de abuso dos meios de comunicação já são aplicados nos casos dos candidatos ligados a uma religião, proibindo que entidades religiosas financiem campanhas eleitorais e proibindo que sejam usados meios de comunicação religiosa para fazer campanha para um candidato. E a distribuição de propaganda eleitoral dentro dos templos também é proibida. Mesmo assim, neste último caso -- de propaganda eleitoral irregular -- , a legislação só prevê a multa e não a perda do mandato. Lembrando ainda que quando a legislação eleitoral fala de "abuso de autoridade", ela se refere a uma autoridade que exerce um cargo público, e não a alguém que exerce uma função de autoridade dentro de sua atividade na sociedade civil.

Além de a proposta do ministro Fachin se configurar mais um caso de ativismo jurídico no país, com um ente do poder judiciário fazendo as vezes do legislativo, ela também, pela forma como é colocada pelo ministro Fachin, abre espaço para as mais elásticas interpretações sobre quais seriam as possíveis práticas que se enquadrariam nessa nova ilicitude. Por exemplo: nos termos imprecisos colocados por ele, fazer um culto público ou mesmo fazer uma oração por um candidato poderiam muito bem já serem considerados casos de "abuso de poder religioso".

Caso a decisão do ministro Fachin seja recepcionada pela maioria dos seus pares no TSE, a participação cristã no processo eleitoral será seriamente comprometida, pois, na prática, não serão mais permitidas candidaturas que estejam vinculadas a um grupo religioso, nem igrejas e pastores poderão mais declarar publicamente apoio de alguma forma a algum candidato, pois serão punidos. Isso é um contrassenso, porque veda ao discurso religioso o direito de participar das discussões políticas. E os principais afetados seriam exatamente os evangélicos, que são o grupo religioso que mais cresce no país e que tem demonstrado nos últimos anos ter maior capacidade de eleger representantes para o parlamento, além de ser muitas vezes decisivo em eleições para o executivo. Isso significa diminuir as vozes conservadoras nos parlamentos regionais e nacionais, já que sabe-se que os candidatos evangélicos costumam ter posicionamento mais conservadores em questões morais.

Criar o crime eleitoral de "abuso de poder religioso" é como criar o crime de "abuso de poder ideológico", ou de "abuso de poder sindicalista", ou de "abuso do poder ambientalista", etc. Tal tese fere o princípio do estado democrático de direito, pois elege que um grupo específico da sociedade e seus líderes não tenham o direito de opinar sobre candidatos em disputa em um pleito ou mesmo influenciar pessoas de sua comunidade sobre as eleições a partir de valores e princípios que eles acreditam. O líder de um partido político pode fazer isso, um empresário ou líder de um grupo empresarial pode fazer isso, o sindicalista pode fazer isso, o ambientalista pode fazer isso, o produtor rural pode fazer isso, quaisquer entidades civis e líderes de entidades civis podem fazer isso, mas, caso essa tese absurda vença no TSE, o pastor ou uma entidade religiosa não poderiam fazer isso.

Sobre a tese absurda do "abuso do poder religioso", a CPAD lançou há dois anos o livro Entre a Fé e a Política, que trata desse assunto em um de seus capítulos. O autor (Valmir Nascimento) é jurista pós-graduado em Estado Constitucional e Liberdade Religiosa pela Universidade Mackenzie, Universidade de Coimbra e Oxford University; professor universitário de Direito Religioso, Ética e Teologia; membro e diretor de Assuntos Acadêmicos da Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure); e analista jurídico da Justiça Eleitoral. Em 1 de julho, o jurista assinou um artigo no jornal Correio Braziliense em parceria com o juiz federal William Douglas tratando sobre o assunto e combatendo a tese proposta por Fachin.

No referido artigo, os dois jutistas evangélicos lembram muito bem que o próprio TSE,  ao julgar o RO 265.308, em 2017, decidiu que a Constituição e as leis eleitorais não contemplam a figura do abuso do poder religioso porque o Congresso jamais criou essa figura. Se o judiciário criasse esse crime eleitoral, haveria um ativismo inaceitável, com mais uma invasão das competências do Legislativo -- além do desrespeito ao texto constitucional. A tipificação do ilícito eleitoral em face somente dos religiosos também seria flagrante discriminação, uma perseguição religiosa. Não há debates dessa natureza sobre outros setores. Ainda que possa haver excessos e até coação psicológica para direcionar os votos em outros nichos, não está postam a hipótese de criar, por exemplo, o crime de "abuso de poder ambientalista", "ruralista" ou "sindicalista". Nessas situações, a influência é considerada legítima, como o simples exercício da liberdade de pensamento. Religiosos não poderiam falar sobre política porque são imaturos ou incapazes de abordar temas complexos e fundamentais para o país? Isso chega a soar ofensivo.

"A coação moral de natureza eleitoreira é muito mais frequente em universidades em shows multitudinários do que nas igrejas. O Estado Democrático de Direito não admite tratamento diferente para liberais e conservadores, sindicatos e igrejas, artistas e ministros religiosos. Isso, sim, configuraria um Estado fascista", enfatiza os juristas.


Fonte: MP/Ago2020

 

 


 





quinta-feira, 13 de agosto de 2020

HIDROXICLOROQUINA: POR QUE TAMANHA CENSURA EM TORNO DE UMA MEDICAÇÃO?

A VERDADE

"Essas medicações não devem ser politizadas. Devem sim, ser estudadas e consideradas por todos como uma esperança de cura.

 

A VERDADE EXPLICADA:

Recentemente, um vídeo que defendia o uso da hidroxicloroquina contra a Covid-19 foi censurado pelas redes sociais  Facebook, Twitter e YouTube. Até mesmo o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seu filho, Donald Trump Jr., compartilharam a publicação, que chegou a ser vista por mais de 14 milhões de pessoas apenas no YouTube antes de ser retirada do ar.

 Um grupo de médicos dos Estados Unidos tinha se reunido em Washington, capital do país, para contar aos habitantes que há tratamentos efetivos para a Covid-19. De acordo com a médica Stella Immanuel, os melhores remédios são a hidroxicloquina, o zinco e a azitromicina. Na gravação, a médica disse ter usado os medicamentos com sucesso em 350 pacientes.

 O que provocou espanto foi que todos os compartilhamentos desse conteúdo foram bloqueados. Diante disso, a pergunta que fica é: por que tamanha censura em torno de uma medicação? Seria o custo do tratamento que é muito baixo ou a vontade de evitar promover aqueles que inicialmente defenderam o seu uso? A verdade é que a cloroquina e sua derivada, a hodroxicloroquina, utilizadas para o tratamento da malária e doenças reumatológicas há mais de 60 anos, se tornaram uma arma política desde que o Presidente JAIR BOLSONARO e o Presidente DONALD TRUMP passaram a defender seu uso.

Aqui no Brasil isso ganhou reforço quando, em abril, depois de ser curado da Covid-19, um importante médico, então coordenador do Centro de Contingência contra o Coronavírus em São Paulo, se recusou a informar quanto ao uso da substância em seu tratamento. Gerou, dessa forma, um questionamento: não responder seria uma forma de não dar destaque a BOLSONARO, por conta do cargo que exercia no governo do estado de São Paulo, considerando que o governador João Dória segue em disputa política com o presidente? No entanto, o diretor-geral do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês, hoje curado da Covid-19, tornou público que fez sim uso da medicação.

Neste cenário, a médica oncologista e imunologista Nise Yamaguchi ganhou destaque por defender a cloroquina. Ela chegou a ser cotada pelo Presidente JAIR BOLSONARO para ser ministra da Saúde, depois que Nelson Teich pediu afastamento. A impressão que fica é que, por ter sido o Presidente JAIR BOLSONARO quem sugeriu o uso da cloroquina no país, muitos, receosos do sucesso, defendem o contrário. Assim como a cloroquina, muitos outros medicamentos ainda não tem eficácia comprovada e pesquisadores do mundo todo tem buscado encontrar tratamento e até a cura para a Covid-19.

Uma pesquisa feita pela rede Prevent Senior, por exemplo, apontou resultados positivos em idosos que apresentavam apenas os sintomas e foram medicados com a droga e o antibiótico azitromicina. No estudo, o uso dos medicamentos foi capaz de reduzir em mais de duas vezes o número de internações, comparando com pacientes que não tomaram os remédios. Segundo os pesquisadores, o tratamento poderia evitar ao menos uma internação em cada grupo de 28 pessoas que recebesse os medicamentos, diminuindo o sofrimento dos pacientes.

Outro estudo, realizado por membros do Sistema de Saúde Henry Ford, em Detroit, Michigan, apresentou resultados positivos acerca do uso de hidroxicloroquina. A pesquisa mostrou que o grupo que utilizou a droga teve a taxa de mortalidade reduzida pela metade. A equipe analisou o quadro clínico de 2.541 pacientes. 

Infelizmente, o que se tem visto é que todos que defendem o uso da cloroquina bem como os estudos que comprovam alguma eficácia são perseguidos. Está acontecendo uma verdadeira guerra político-ideológica. Mas, diante das mortes, é preciso questionar: a política está acima da vida de tantas pessoas? Essas medicações não devem ser politizadas. Devem, sim, ser estudadas e consideradas por todos como uma esperança de cura.


Fonte: FOLHA UNIVERSAL 1478



 

 


quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

A SANTIFICAÇÃO

A VERDADE:
"Falo como homem, por causa da fraqueza da vossa carne. Pois assim como apresentastes os vossos membros como servos da impureza e da iniquidade para iniquidade, assim apresentai agora os vossos membros como servos da justiça para santificação". (Romanos 6.19)


A VERDADE EXPLICADA:
Um dos assuntos mais importantes da Bíblia Sagrada é, sem dúvida alguma, a santificação. "Sede santos, porque eu sou santo..." (Lv 11.44), disse o Senhor; ainda está escrito que sem a santificação ninguém verá o Senhor (Hb 12.14).

O salvos são constantemente chamados "...os santificados pela fé..." (At 26.18), "...os chamados santos..." (Rm 1.7; I Co 1.2), "...os santos e fiéis em Cristo..." (Ef 1.1), "...sacerdócio santo..." (I Pe 2.5), e outras expressões correlatas.

Paulo escreveu aos crentes em Corinto, dizendo-lhes: "O santuário de Deus, que sois vós, é santo". (I Co 3.17).

Os racionalistas e incrédulos argumentam que é impossível obter-se a santificação vivendo-se aqui no mundo sujeito às contingências do tempo e do espaço: também, religiosos há que tentam alcançá-la mediante a prática do ascetismo (=doutrina filosófica que defende a abstenção dos prazeres físicos e psicológicos, acreditando ser o caminho para atingir a perfeição e equilíbrio moral e espiritual), e outras exterioridades, coisas vazias de significação, e, aliás, contrárias à Palavra de Deus.

O "crente", porém que tem experimentado uma transformação radical no caráter e na vida, mediante a manifestação da graça de Deus, sabe que é perfeitamente possível guardar-se imaculado da corrupção que, pela concupiscência, há no mundo. Deus, que é Santo, em Sua essência, exige do Seu povo absoluta santificação; entretanto, Ele não seria justo e equitativo se não Se comprometesse a nos proporcionar os meios para atingirmos a santificação, depois de havermos desprezado este mundo, onde o pecado e a miséria campeiam desabridamente, atraindo sobre as nações, coletivamente, e sobre os indivíduos, em particular os grandes cataclismas sociais e morais, que são um atestado inconcusso da ira de Deus. Sim. Ele não seria justo e equitativo, se não nos proporcionasse os meios para servirmos a Si próprio e para aguardarmos dos céus o Seu Filho JESUS, que nos livra da ira futura (I Ts 1.10).

Graças a Deus que, na Sua grande misericórdia, no Seu acendrado (=livre de impurezas) amor para com as Suas criaturas, proporcionou tudo o que se relaciona com a nossa felicidade e bem-aventurança, desde a morte de Seu Filho para a nossa redenção, até o batismo com o Espírito Santo, que é o penhor da nossa herança (Ef 1.14) e que nos dá uma vida cheia de frutos e santificação, para a glória do Seu grande Nome!

É na Palavra de Deus que podemos encontrar as instruções e as regras indispensáveis à nossa vida, como cidadãos dos céus e herdeiros dum reino que não será abalado.

JESUS disse na Sua oração sacerdotal: "Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade" (Jo 17.17. Abramos, pois, a Bíblia Sagrada e inclinemos os nossos ouvidos para os seus ensinos, para os quais os próprios anjos, desejam atentar (I Pe 1.12).

Quando o Altíssimo chamou Moisés para libertar o Seu povo, que gemia sob o despotismo (=forma de governo na qual uma única entidade governa com poder absoluto) férreo dos faraós, disse-lhe: "...tira os teus sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa" (Ex 3.5).

A frase: "...ser-me-eis santos..." é frequentemente repetida na Lei, ao antigo povo de Deus, como o alvo colimado (=do que se tem em vista, em mira) da Sua chamada, dentre as demais nações.

Os sacerdotes do Senhor conduziam, sobre a testa uma lâmina de ouro puro, com a inscrição: "Santidade ao Senhor" (Ex 28.36). E, se Deus exigia santidade absoluta do Seu povo, que vivia debaixo da Lei, sob sombras e tipos, como não exigirá muito mais dos que hoje vivem na dispensação da Graça, no ano aceitável por Ele mesmo instituído? Sim, eis a recomendação apostólica: "E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo..." (I Ts 5.23), pois Deus não nos chamou para a imundície, mas para a santificação (I Ts 4.7).

Davi, rei cantor, orou do íntimo do seu coração, do mais recôndito do seu ser, depois do grande pecado que cometera: "Purifica-me com hissopo, e ficarei puro; lava-me, e ficarei mais alvo do que a neve..." (Sl 51.7). Assim, mais tarde ele podia cantar: "Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto..." (Sl 32.1).

Isaías, o profeta das glórias milenárias, sentiu-se imundo e vivendo no meio dum povo imundo de lábios; todavia, um anjo do Senhor tocou nos seus lábios com uma brasa viva, que tirara do altar, e a sua iniquidade foi queimada, o seu pecado purificado; então, ele podia se apresentar apto para o serviço do Senhor e dizer: "Eis-me aqui, envia-me a mim..." (Is 6).

A santificação não consiste na moral de muitas doutrinas, nem tampouco no ascetismo e exterioridade das diversas religiões, mas, sim na operação direta do Espírito Santo e da Palavra de Deus no coração e na alma do crente em JESUS, tudo na base do sacrifício de Cristo, o qual, por Deus nos foi feito, sabedoria, justiça, santificação e redenção (I Co 1.30).

Ao crente cabe separar-se para Deus, em virtude da redenção efetuada pela oblação (= ato de fazer uma oferta a Deus) do corpo de Cristo, feita uma vez para sempre (Hb 10.10); só então, em experiência, será santificado pela obra do Espírito Santo, mediante as Escrituras (Jo 17.17). "Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor de Deus...) (II Co 7.1), para que possamos unir as nossas vozes às do coro angelical: "Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória!" (Is 6.3)


(De: Pontos Luminosos/ATG)