A VERDADE:
Deus pode usar um vaso de ouro em funções humildes e vasos de barro em situações de destaque. Assim todos são honrados, desde que vasos de ouro ou vasos de barro, são todos feitos pelas mãos de Deus.
A VERDADE EXPLICADA:
Embora a visita de Jeremias à casa do oleiro tivesse uma função específica para o propósito de Deus (Jr 18.4), acreditamos que ele viu naquela oficina muitos outros vasos além daquele em que o artífice trabalhava. Enquanto recebia a mensagem divina, o profeta poderia admirar as belas obras já enfileiradas nas prateleiras ou encostadas a um canto. Algumas polidas, à mostra, talvez coloridas, para chamar a atenção dos pretendentes. Alguns vasos não estariam ainda em condições de uso e outros podiam parecer sem atração, permanecendo na loja mais tempo do que o vendedor pretendesse. Jeremias teria outras lições a colher daquela visita e ele mesmo empregaria a sua própria retórica para o ensino do povo. Mesmo que fossem apenas objetos de barro, aqueles vasos representavam a natureza humana em sua beleza, em sua utilidade, no seu emprego e no seu valor.
Os vasos do templo
Para o aparelhamento do templo, Salomão encomendou diversas espécies de vasos (I Re 7.48), e diz a Palavra que ele mandou preparar os vasos que convinham à casa do Senhor. Pressupõe-se que o rei tomava parte ativa na construção do templo e que havia antes planejado com seus conselheiros, desenhistas e artífices e isto após consultar as tradições e as escrituras antigas que falavam de objetos existentes nos templos anteriormente construídos.
Cremos ainda que ele fez uma cuidadosa triagem entre os vasos que seriam realmente aproveitáveis e outros que estariam apenas ocupando lugar, dando trabalho e juntando poeira. Depreende-se que a sua escolha foi criteriosa, de modo que ficou registrada a sua opção pelos que de fato convinham à casa do Senhor. E a ênfase parece querer demonstrar que nem todos os vasos apresentavam a devida utilidade.
Dessa maneira ficou estabelecido que somente entrariam no serviço do templo os que realmente conviessem. Se há uma lição nesta exposição da preferência do rei, de seus assessores, na aprovação pelos anciãos e sacerdotes, ainda assim, a glória não seria dos vasos úteis que de nada se poderiam orgulhar.
Vasos sem prazer
Entre outras, a Bíblia fala duas vezes de “vasos dos quais ninguém se agrada” (Jr 22.28; Os 8.8). Esta especificação não parece muito lisonjeira e até a poderíamos julgar um tanto austera, não fosse ela a exata expressão da verdade, alicerçada na própria Palavra de Deus. Para ser um vaso de que ninguém se agrada, o objeto se qualifica como imprestável em todo e qualquer ponto de vista. Não tem atrativos, apresenta rachaduras, não tem beleza para ser colocado em lugar de destaque e não é maleável, isto é, não pode ser movido de um lado para outro. Não será demais acreditar que esteja sujo por dentro e por fora, cheio de limo, ou de ervas daninhas. Alguns podem mesmo conter águas estagnadas produtoras de insetos doentios.
Vasos de valor
Ao falar sobre Saulo de Tarso, o próprio JESUS disse a Ananias que o convertido de Damasco era para Ele um vaso escolhido para levar o Seu Nome aos gentios e aos grandes. Paulo, mais tarde, fala de vasos para honra (Rm 9.21; II Tm 2.21); e retroagindo aos versículos 16 a 18, ele mostra de que o crente se deve purificar para não ser vaso de desonra. E ele alude a vasos de ira, que contrastam com os vasos de misericórdia, preparados com antecedência, entre os quais ele qualifica o crente e, por coletivo, a Igreja.
O apóstolo cita vasos de ouro, de prata, de pau e de barro, uns para honra, ou seja, para uso mais distinto, mais exposto e outros de uso mais discreto, mais escondido. É defeso, porém, dizer-se que pode haver vasos de ouro que são postos em desonra e vasos de barro que recebem um tratamento mais honroso. Não parece ser a feitura, a matéria prima do vaso que rege o seu uso, mas a importância que o seu sentido lhe dá.
Deus pode usar um vaso de ouro em funções humildes e vasos de barro em situações de destaque. Assim todos são honrados, desde que vasos de ouro ou vasos de barro, são todos feitos pelas mãos de Deus.
Vasos preparados
O importante na vida do crente é colocar-se na condição de vaso conveniente. Aquele que se adapta a qualquer serviço e qualquer posição e apresenta as qualidades suficientes para ocupar o lugar que Deus lhe tem destinado. Não há por que considerar-se mais honroso, se a posição ocupada não o foi pelos próprios méritos, mas por escolha de Deus.
Na verdade pode haver crentes mais preparados, mais versados e com maiores experiências na vida cristã. E isso lhes dá a oportunidade de apresentar um trabalho melhor na salvação das almas e na doutrinação do rebanho do Senhor. Para isso é preciso somente que os tais obedeçam aos conselhos da Palavra de Deus, às advertências dos apóstolos, para que o seu preparo seja notório aos demais (II Tm 2.15; I Tm 4.11-13; I Pe 3.15). De posse destas condições, é claro que tais crentes serão tidos como mais convenientes ao serviço de Deus. Destes se pode esperar um desempenho especial que, por metáfora, se atribuirá a vasos de ouro e vasos de prata.
Autor: Miguel Vaz
(Fonte: Mensageiro da Paz nº 1204/Ago.1987)
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