A VERDADE:
A história de Sansão, narrada no livro dos Juízes, pode ilustrar também o desacerto espiritual de um homem escolhido pelo próprio Deus para a Sua obra. O povo de Israel havia transgredido os ensinamentos do Senhor e por isso os filisteus prevaleceram contra ele durante quarenta anos. Mas, um homem dentre o povo, chamado Manoá, da tribo de Dã, residente em Zorá, casou-se com uma mulher estéril. Esta foi visitada pelo anjo do Senhor, o qual lhe declarou que ela teria um filho e este deveria ser nazireu de Deus, isto é, consagrado ao Senhor. Como sinal, deveria trazer os cabelos compridos amarrados em tranças e não deveria cortá-los.
A VERDADE EXPLICADA:
A realidade da ajuda de Deus na solução de problemas e situações difíceis foi confessada recentemente por 65 por cento dos entrevistados pelo Instituto Gallup, nos Estados Unidos. Estas respostas, que correspondem, certamente, ao resultado de uma amostra relativa, não deixam de ser encorajadoras para aqueles que tem problemas aparentemente insolúveis, ou, pelo menos, insolúveis através dos métodos humanos.
Milhões de testemunhas no mundo inteiro atestam que receberam o socorro divino nas suas aflições, nos seus problemas, nas suas enfermidades, em causas jurídicas, nas incompreensões conjugais e em tantos outros casos que o leitor mesmo poderá imaginar.
É perfeitamente lícito considerar que estas pessoas ao depositar sua fé e esperança na provisão divina, confirmaram sua disposição de esperar por ela e, ao ver solucionado o seu problema, atribuíram a essa provisão o resultado satisfatório que obtiveram. Para isto, acreditamos ainda, mantinham uma integridade espiritual, um contato com Deus capaz de atrair a Sua atenção, a Sua vontade e a Sua determinação de atendê-las. É ainda aceitável creditar a estas pessoas a condição de constante obediência e justiça que torna a sua oração “poderosa em seus efeitos”.
Podemos conjecturar que se tais pessoas, incluídas entre as que atribuem a Deus as suas vitórias, são realmente vitoriosas pela sua condição espiritual, será plausível crer que outras que enfrentam as mesmas ou diferentes dificuldades e vão de fracasso em fracasso, chegando à lamentação e ao desespero, terão contribuído com o seu descompasso para que as respostas não se mostrem satisfatórias.
Exemplos disso poderão ser encontrados nas páginas da própria Bíblia, que, aliás, não se ocupa demasiado com o povo em geral, mas exemplifica o desacerto espiritual de profetas, reis e sacerdotes, os quais, embora investidos de responsabilidade inerente ao cargo, se mostraram desatentos aos quesitos necessários à resposta positiva de Deus às suas solicitudes.
Sem desejar uma ordem cronológica nos casos que nos parecem mais do conhecimento geral dos leitores das Escrituras, poderíamos citar de início a vagareza de Eli (I Sm 2.22,23), em repreender seus filhos, que não mantinham intocável o serviço sacerdotal de que foram encarregados. Antes, pelo contrário, divertiam-se com mulheres dispersivas, que vinham em bandos à porta da congregação. Além disso, violavam o costume do provimento (I Sm 2.12-17), chegando a agredir os ofertantes.
Podemos notar que havia uma promessa para a família de Eli (versos 28 e 30) e cremos que ele tenha sido fiel durante algum tempo. Mas, com o passar dos anos, relaxou a vigilância e se deixou dominar pela arrogância dos filhos. Quase cego e sem forças, nos seus noventa e oito anos, talvez estivesse menos disposto a incomodar-se com a obra de Deus. Embora Eli aconselhasse os filhos a agir de maneira correta, não parecia encorajado a falar severamente e isso concorreu para a derrota de Israel na batalha contra os filisteus e acarretou a morte de trinta mil israelitas, do próprio sacerdote, de seus dois filhos, Hofni e Finéias, e da nora além da tomada da arca.
Se este exemplo serve para muitos pais e pastores e para cada uma das pessoas em particular em nossos dias, acreditamos num interesse dos mesmos pelo bem-estar espiritual dos filhos e da Igreja.
A história de Sansão, narrada no livro dos Juízes, pode ilustrar também o desacerto espiritual de um homem escolhido pelo próprio Deus para a Sua obra. O povo de Israel havia transgredido os ensinamentos do Senhor e por isso os filisteus prevaleceram contra ele durante quarenta anos. Mas, um homem dentre o povo, chamado Manoá, da tribo de Dã, residente em Zorá, casou-se com uma mulher estéril. Esta foi visitada pelo anjo do Senhor, o qual lhe declarou que ela teria um filho e este deveria ser nazireu de Deus, isto é, consagrado ao Senhor. Como sinal, deveria trazer os cabelos compridos amarrados em tranças e não deveria cortá-los.
O nascimento de Sansão ocorreu exatamente como o anjo dissera: “Depois teve esta mulher um filho e chamou o seu nome Sansão e o menino cresceu e o Senhor o abençoou. E o Espírito do Senhor o começou a impelir, de quando em quando, para o campo de Dã, entre Zorá e Estaol...” (Jz 13.24,25). É provável que, na sua infância e adolescência, Sansão tenha se comportado de acordo com as diretrizes de seus pais. Mas, após essa idade, julgando-se suficientemente capaz de dirigir-se por conta própria, resolveu comprometer-se com uma mulher do povo que vinha oprimindo a Israel. Todas as ponderações de seu pai e conselhos de sua mãe de nada valeram; antes prevaleceu a sua teimosia e ele casou-se de fato com aquela mulher. O resultado desastroso, a consequente separação e as desídias posteriores mostram que o jugo desigual de que fala o apóstolo Paulo é realmente perigoso (II Co 6.14).
O segundo casamento de Sansão foi ainda mais desastroso, inclusive porque ele prescindiu dos conselhos de sua mãe e de seu pai, que talvez já nem vivessem (Jz 16.31). Descendo à Gaza, o arraial dos filisteus, encontrou-se com Dalila e afeiçoou-se a ela. Esta união não mereceu das Escrituras sequer o nome de "casamento‟, mas apenas de "afeição‟. Desta vez, ao invés de solver enigmas, os filisteus foram mais longe. Quiseram saber em que consistia a sua grande força. Agastado pelas múltiplas questiúnculas de Dalila, ele, depois de protelar e inventar respostas, declarou-lhe o segredo que havia entre eles e Deus. A mulher, que fora instigada pelo seu povo, transmitiu a este as palavras de Sansão, que se viu privado de seus cabelos, de sua força, de seus olhos e, por fim, de sua vida.
Quantos casamentos são feitos na base da "afeição‟ e se transformam em armadilha para o rapaz e para a moça, ou para ambos chegando, por vezes, não somente à separação, mas, em alguns casos, às raias da fatalidade.
As lamentações de Davi em Salmos (51), são a continuação das suas amarguras, já mencionadas em Salmos 41. Parece que a sua transgressão no caso “...da que foi mulher de Urias...”, o fizera contrair uma enfermidade, com a qual seus inimigos se rejubilavam. Sofria de tal forma que ele se achou desencorajado. Sentia a alma enferma, como se seus ossos se secassem. Muitos achavam, inclusive, que ele tinha ‘uma doença má’ e que não se levantaria. Somente a misericórdia do Senhor o reabilitou daquela visitação.
Se voltarmos, porém, ao início da sua vocação, veremos que Davi, um rei “segundo o coração de Deus”, viveu realmente pela fé. A vitória sobre Golias, a luta contra as feras, o livramento da mão de Saul, tudo isso evocava uma vida aprovada por Deus e uma escolha que o tornou evidente através das páginas da Bíblia.
O retrocesso espiritual que sofreu, ele mesmo o atribuiu à sua inconsequência, o que lhe causou um tremendo prejuízo, a ponto de seu próprio filho, o mais querido, talvez, voltar-se contra ele e desejar tomar-lhe o reino. Desse incidente ficou-lhe a marca permanente que até hoje se associa aos seus feitos, por mais admiráveis que eles possam parecer.
Poderíamos continuar palmilhando o Velho Testamento e encontraríamos outros motivos de despertamento para o nosso ensino, conforme pontifica o apóstolo Paulo (Rm 15.4). Como o caso de Saul, que escolhido para ser o rei de Israel, tomou-se de soberba, a ponto de oferecer sacrifício indevido, usurpando o lugar de Samuel. Como o caso de Balaão, que, pelo preço da vaidade, voltou-se contra o povo de Deus e precisou ser repreendido pela jumenta. Outros tantos poderiam ser aventados e todos nos trariam exemplos de pessoas que naufragaram na fé.
Entretanto, o Novo Testamento inclui em suas páginas exemplos do mesmo teor e, entre eles, o caso de Ananias e Safira (At 5.1-10). Esse casal, que deveria ser operante na Igreja, parecia querer seguir os passos daqueles que demonstravam apego à obra de Deus. Não sabemos há quanto tempo Ananias e Safira estavam na igreja, mas deduzimos que eram possuidores de bens. Reparando que alguns crentes prodigalizavam benefícios à comunidade, desejaram também tomar parte na obra de beneficência. Entretanto, não estavam ainda preparados para um desprendimento total e caíram na artimanha do inimigo de nossas almas. Ao ver alguns membros da igreja trazerem o produto de uma transação comercial e depositarem aos pés dos apóstolos, intentaram fazer o mesmo. Colocaram à venda uma propriedade e talvez tenham se assustado com a facilidade do negócio e com o preço alcançado. O certo é que o coração se lhes endureceu e acharam inconveniente entregar à Igreja uma quantia tão grande. Por outro lado, não queriam parecer diferentes daqueles que dispunham de todo o valor. E combinaram declarar um preço fictício, bem menor, porém, de maneira que a sua contribuição parecesse valiosa.
O que eles esqueceram é que tais arrecadações não se destinavam a obra humana, mas se constituíam num serviço a Deus e não podiam ser feitas de maneira enganosa. O resultado, tristemente registrado nas Escrituras, mostra que não podemos dispor do nosso ministério como pensamos e desejamos, mas devemos exercê-lo segundo as diretrizes de Deus.
Alguns cooperadores de Paulo mostraram-se muito operosos e confiáveis. O apóstolo pode contar com eles durante algum tempo, mas, depois de se posicionarem como ministros da Palavra, voltaram as vistas para o "presente século‟, procurando talvez a prosperidade material, sem importar-se com o prejuízo que iriam causar à obra de Deus e particularmente ao companheiro, principalmente quando se achava em situação desfavorável.
Demas, Crescente e Tito simplesmente se afastaram, deixando Paulo sem assistência. Entre estes displicentes havia outros que, embora contados com os ministros, causavam sofrimento ao apóstolo, de maneiras variadas. O certo é que todos esqueceram a caridade que deviam a Paulo e seguiram o caminho que mais lhes conveio.
Podemos sentir a tristeza do apóstolo Paulo ao noticiar esses deslizes e quase acreditamos que havia em tais pessoas uma espécie de culpabilidade, devido a problemas espirituais em suas vidas, que os levaram a afastar-se do ambiente divino e da comunhão com aqueles que viviam santa, justa e retamente. Com certeza não podiam conviver com os que demonstravam andar na presença de Deus, devido ao seu desacerto espiritual.
Devem estar, portanto, em nossas lembranças as palavras do escritor aos Hebreus (2.1-3), sobre “...as coisas que temos visto e ouvido, para que em tempo algum nos desviemos delas...”
Autor: Miguel Vaz
(Fonte: MP. 1203/Jul.1987)
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