A VERDADE:
"Enquanto os sons indescritíveis e o talvez bem intencionado rapaz tentava imitar, ao mesmo tempo, Raul Seixas, Juca Chaves, fuzis M-16, aviões F-15 e mísseis, fui ficando sério, depois foi-me aparecendo um esgar no rosto e, finalmente, não suportando mais, pedi-lhe para desligar o aparelho".
A VERDADE EXPLICADA:
Naquela tarde admito que um jovem da igreja ficou realmente zangado comigo. Ele chegou todo contente, com uma fita cassete, para mostrar-me a música de um conjunto evangélico do qual ele disse gostar muito.
Quando a fita começou a tocar, pensei que havia algo errado com o gravador, ou mesmo com a fita, ou havia qualquer outra interferência semelhante. De dentro daquele aparelho eletrônico começou a sair uma parafernália de sons que jamais pensei serem possíveis a instrumentos musicais, ou à voz de seres humanos. Escutei grasnados, ganidos, trinados, chiados, sussurros, suspiros, roncos, balidos, cacarejos, sibilos, silvados, apitos, zumbidos, zurros, relinchos, estalos, assobios e até espirros!
Ao mesmo tempo pensava escutar britadeiras, betoneiras, rajadas de balas, explosões, serrotes, serras elétricas, esmeris, trovoadas, ventanias, foguetes, rojões, arranhados, estouros, marteladas, zoadas, enfim...
Depois disto o cantor principal do conjunto começou a cantar uma letra esquisita a respeito da crucificação de Cristo, torcendo completamente a doutrina da expiação, falando que o “Sistema” foi o único responsável pela crucificação, esquecendo-se de que Deus enviou o Seu Filho ao mundo para morrer pelos pecadores, independentemente da vontade do tal “Sistema”, o qual foi apenas um indireto cumpridor da vontade soberana de Deus.
Enquanto os sons indescritíveis e o talvez bem intencionado rapaz tentava imitar, ao mesmo tempo, Raul Seixas, Juca Chaves, fuzis M-16, aviões F-15 e mísseis, fui ficando sério, depois foi-me aparecendo um esgar no rosto e, finalmente, não suportando mais, pedi-lhe para desligar o aparelho.
Ele ficou muito zangado. Chamou-me de “quadrado”, “careta”, “retrógrado”, “alienado”, “velho”, “superado”, “reacionário”, “ignorante”, etc, etc, etc... Tudo isto na imaginação, é claro! Seus olhos fuzilantes, petrificantes, vesicantes, enregelantes e inflamados eram o suficiente para eu traduzir tudo o que ele estava imaginando.
Confesso que fiquei um pouco triste. Não por causa dele, mas por causa da influência terrível que a música popular norte-americana, inglesa, alemã, australiana e outras estão exercendo sobre a música brasileira e, por tabela, sobre a música chamada de “evangélica”.
Acredito piamente que a música sacra tem de ser inspirada e inspiradora ao mesmo tempo. Tem que ser influenciada pelos doces sentimentos do céu e não pelos sons revoltantes do inferno. O que muitos jovens infelizmente não sabem é que a música moderna, tocada pelas bandas famosas do mundo é inspirada pela revolta, pela frustração, pelas guerras, pela rebeldia contra Deus, pela apostasia, pelos sentimentos pervertidos de homossexuais, drogados e prostitutas, pelos desejos terrenos, animais e demoníacos, pelos fracassados espirituais, pelos endemoninhados, bruxos e demonistas, por aqueles que odeiam os seres humanos e são materialistas, fazendo do dinheiro o seu único deus.
É claro que, entre esses, existem os inocentes úteis. Úteis à causa primeva de satanás, de destruir o que existe de mais bonito nas pessoas. É claro que entre os grupos evangélicos existem aqueles que estão compondo e cantando músicas realmente inspiradas e inspiradoras. É suficiente ter discernimento espiritual, viver em contato com Deus, através da oração e da devoção pessoal, para descobrir quando uma música nos tira do chão e nos conduz aos portais do Paraíso. O mesmo discernimento dá-nos condições de descobrirmos quando uma música foi feita com o único intuito de chocar, de ser diferente, de revoltar os que a ouvem, ou então com a intenção de promover a vaidade pessoal dos que a compuseram e dos que a tocam, ou ambos.
O que aquele jovem talvez nem desconfie é que eu aprecio demais a música. O problema é que, hoje, para a maioria da juventude, ter bom gosto é um defeito. Gosto de hinos suaves ou vibrantes, lentos ou rápidos. Muitos jovens pensam que os mais velhos só gostam de hinos bem lentos. Não é verdade. Para que um hino mais vibrante, mais forte, mais rápido e, ao mesmo tempo, inspirado e inspirador, do que “Castelo Forte é Nosso Deus”?
Gosto de hinos que empregam címbalos, trompas e outros instrumentos de sopro e de percussão. Gosto de hinos com jeito de marchas militares, com ritmo de batalha, que nos dão a impressão de um exército marchando contra os inimigos espirituais e em direção ao céu. Gosto também de hinos que parecem o suave cicio de um regato cristalino passando entre arbustos e flores. Gosto de tudo o que é realmente bonito e que dá glória a Deus com sua beleza. Se isto é ser “quadrado”, fazer o quê?
Estes hinos que estão compondo e cantando hoje por aí, com vozes roucas, com gritos, com trejeitos, desafinados, sincopados, usando sustenido e bemóis em demasia e fora de hora, com ritmo alucinante, com muitas notas relativas e dissonantes e, ultimamente, com a tal “música progressiva” e “pop” e “tecno-pop” e “funk” e “house” e “hip-hop” e “reggae” e “break” e “tecno-eletrônica”, estou quase dizendo como Davi:
--Socorro, Senhor!
Quero crer que a verdadeira música teria que ser composta com notas bem ordenadas, escalas cromáticas e sons agradáveis aos ouvidos. O que está acontecendo hoje é o mesmo que sempre aconteceu na história do homem e que foi resumido pelo sábio Salomão:
“Deus fez ao homem reto, mas eles buscaram muitas invenções...” (Ec 7.29)
Por: Paulo de Aragão Lins
(Fonte: MP. 1249/Mar.1991)
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