A VERDADE:
"Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o fazeis filho do inferno duas vezes mais do que vós". (Mt 23.15).
A VERDADE EXPLICADA:
A significação do verbo percorrer é "andar à roda ou rodeando" que dá a ideia de que andavam à procura em todas as direções, por todos os lugares. Eram diligentes nesse mister. Tinham a preocupação no sentido de catequizar os gentios para o judaísmo. Catequizar quer dizer "doutrinar uma pessoa nos princípios de uma religião qualquer".
Eles se preocupavam no sentido de doutrinar os gentios nos princípios do judaísmo e nisso não estavam errados pois o judaísmo tinha a missão de encaminhar o mundo para Deus.
JESUS não os censurou pelo fato de se preocuparem com isto mas pelo fato de o fazerem de maneira errada e maldosa. No tempo do Senhor JESUS havia mais de seiscentas tradições. Tal era a situação que muitas vezes uma pessoa para cumprir uma tradição corria o risco de violar uma outra. As tradições se tornaram um verdadeiro emaranhado que, em última análise, acabava por escravizar as pessoas ao invés de ajudá-las na prática da lei mosaica.
Outra coisa que devemos notar é que eles o faziam por costume. O fato de o verbo ter sido empregado pelo Senhor JESUS no presente comprova isso, pois o presente indica ação costumeira, constante.
O apóstolo Paulo nos diz que tudo quanto foi escrito para nosso ensinamento o foi, portanto convém pararmos um instante aqui, comparar com o que estamos fazendo hoje e verificarmos se não estamos, porventura, incorrendo no mesmo erro dos escribas e fariseus dos tempos de JESUS e, por conseguinte, tornando-nos passíveis de reprovação como eles. Faz parte da natureza das igrejas evangélicas o desejo de evangelizar os incrédulos. Aliás, é bom que se diga que a razão principal de ser de uma igreja é o evangelismo. Tudo nela deve se voltar para essa finalidade e culminar nela. Se assim não for perdeu ela a sua razão de ser. Assim sendo é justo que procuremos evangelizar e doutrinar. Devemos, entretanto, verificar de que maneira o estamos fazendo.
Li há tempos atrás um livro intitulado O TEU DEUS NÃO CHEGA AO CÉU de um autor cujo nome não me recordo. Diz ele no capítulo que tem como título O DEUS DA IGREJINHA que as igrejas estão condicionando o poder salvador de Deus às suas regras criadas por elas. Isso é verdade! Qualquer pessoa pode constatar que as igrejas, de modo geral, estão agindo exatamente assim. Uma igreja de uma determinada denominação tem as suas regras e o indivíduo só pode se salvar, segundo ela ensina, se as cumprir tal como são elas apresentadas.
Vem uma outra igreja, de outra denominação que também tem o seu elenco de regras e o impõe ao interessado na salvação como condição sem a qual ele não pode se salvar. Noutras palavras, cada uma apresenta a Deus as regras pelas quais fica Ele autorizado a salvar as pessoas. Aí está o grande mal. Os escribas e fariseus foram campeões nessa prática, não só dificultando às pessoas que queriam entrar no judaísmo mas escravizando-as a ponto de se tornarem ainda mais incrédulas.
Inoculavam no prosélito as suas falsidades e maldades de tal modo que este se tornava ainda muito pior do que eles. E não é isso o que estamos assistindo ainda hoje por parte de igrejas e líderes? Sobre estes pesa o "aí" de JESUS como pesou sobre os fariseus hipócritas do Seu tempo e o Senhor JESUS não tem meias palavras para reprovar. Diz aquilo que realmente é preciso dizer. Cuidado igrejas e líderes!
Reprovamos o costume católico de colocar a "tradição" em pé de igualdade com a Bíblia e de, em tendo de se definir por uma ou por outra, acabar ficando com a "tradição" em prejuízo da Bíblia, e fazemos muito bem, pois acima da Palavra de Deus nada deve ser posto. Ela deve ser tida como a autoridade maior. Mas, perguntemos e respondamos honestamente: não estão muitas senão todas as denominações evangélicas procedendo da mesma maneira? Lamentavelmente esta é uma realidade que não se pode negar. Quantos líderes estão por aí defendendo com unhas e dentes as tradições de suas denominações, muitas vezes até mesmo quando estas estão em flagrante oposição à Palavra do Senhor! Precisamos voltar à Bíblia Sagrada e deixar que ela tenha, como deve ter, a última palavra em tudo!
"Depois o fazeis filho do inferno..." A palavra traduzida por inferno é "geena", um lugar que ficava no Vale do filho de Hinom, próximo de Jerusalém e onde era despejado todo o lixo da cidade. Todo o refugo, isto é, tudo o que não prestava mais para nada era lançado ali e era queimado.
JESUS usou a figura da "geena" para nos falar do estado intermediário do incrédulo que morre sem arrependimento, onde vai aguardar o dia do juízo final. O lixo que era ali jogado queimava constantemente, pois todos os dias se acrescentavam novas quantidades do material ali lançado. Por se tratar de lixo o fogo não levanta labaredas, o que faz com que o processo de queima seja demorado. Também o fato de se tratar de lixo atrai para si toda espécie de bichos nojentos, daí dizer o Senhor JESUS que o seu fogo nunca se apaga e o seu bicho nunca morre, dando a entender que o sofrimento do incrédulo será eternamente renovado na lembrança de tudo quanto fez de mau aqui no mundo.
"Duas vezes mais do que vós". O mal é sempre progressivo. Não é estático como poderia parecer a alguns. Entrando na vida de uma pessoa ele sempre progride. Entrando na vida da sociedade humana, por sua própria natureza, também sempre progride. Isso nos leva a entender que, segundo o ensino de JESUS, cada discípulo mal doutrinado ou mal formado se torna pior do que aquele que o doutrinou e com isso a sociedade humana vai se deteriorando cada vez mais.
Demos uma olhada ao nosso redor, para o mundo que está de costas para Deus: não é isso o que verificamos a cada passo, à medida que o tempo avança? Deus nos faça ver aquilo em que estamos errando a tempo de corrigir antes da reprovação do Senhor. Amém!
(Paulo N.Coelho/Jornal de Oração)
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