domingo, 22 de janeiro de 2017

COMO ENTENDER GÊNESIS 1.26,27?

A VERDADE:
 "Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido". (I Co 2.15).

A VERDADE EXPLICADA:
A passagem de Gênesis 1.26,27, que estamos destacando como título para a nossa reflexão, é sempre motivo de alguma controvérsia; alguns evitam fazer comentários a respeito, talvez porque lhes faltem argumentos (e por que não dizer conhecimento?) sobre  o assunto, outros ainda por não serem suficientemente maduros espiritualmente falando para a discussão. Na realidade, o que não falta ao final da "argumentação" são as dúvidas que acabam, via de regra, a permanecer sem que sejam perfeitamente solucionadas.

Mas vamos passar a algumas conclusões a respeito da referida passagem para termos base para nossa reflexão. Vejamos: 

(I)"Façamos...: Deus estava falando, não somente para aquilo que o Novo Testamento revela como a Trindade(?), mas para todo o exército dos céus, incluindo os anjos. Nossa imagem refere-se, provavelmente, a qualidades tais como razão, personalidade e intelecto, além da capacidade de relacionar, ouvir, ver e falar. Tudo isto é característica de Deus, que Ele escolheu reproduzir na raça humana". (Bíblia de Estudo Plenitude).

(II) "Tem sido dadas muitas explicações no decorrer da História. Alguns comentaristas dizem que esse foi meramente um caso em que Deus estava se referindo aos anjos. Mas isto é improvável, já que no verso 26, Ele diz: 'Façamos o homem à nossa imagem...' e que o verso 27 esclarece '...e criou Deus...o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou...', não à imagem dos anjos. Outros tem declarado que o plural refere-se à Trindade(?). No Novo Testamento (p.exemplo, João 1.1) está claro que o Filho estava envolvido na criação(?) dos céus e da terra. Gênesis 1.2 indica ainda que o Espírito Santo também estava envolvido no processo da criação(?). Entretanto, estudantes da gramática hebraica destacam que o plural é requerido simplesmente porque a palavra empregada no original para 'Deus' é elohim, que é uma palavra no plural (também disse Deus (elohim, no plural). Consequentemente, argumentam eles, esta afirmativa não pode ser usada para provar a doutrina da Trindade(?)". (Norman Geisler/Thomas Howe)

(III) "Façamos o homem... A criação do homem é, como vimos, o apogeu da obra criadora de Deus. É o Pai quem delibera, sem qualquer intervenção ou consulta feita aos anjos. À nossa imagem , conforme a nossa semelhança. São sinônimos os substantivos, e compreende-se à face do paralelismo da poesia hebraica. Trata-se duma semelhança natural e moral". (F.Davidson)

(IV) "Antes da criação do homem, houve uma 'conferência divina'(?) entre as pessoas da Trindade(?), o que não aconteceu em qualquer outro estágio da criação..." (Warren W.Wiersbe)

(V) "A expressão façamos insinua o conselho e a atividade do Deus Trino, bem como o plano e o propósito redentor divino preconcebido para o homem sobre a terra..." (Merril F.Unger).

(VI) "Façamos o homem à nossa imagem... Embora a palavra Elohim, que se encontra neste versículo seja a forma plural, ela não apresenta a pluralidade de pessoas na Divindade, mas o PLURAL MAJESTÁTICO de Deus, a plenitude da força divina, a soma dos poderes manifestos por Deus. No idioma hebreu antigo (o idioma da Bíblia) Elo-him é a forma plural de outro nome hebreu em singular para Deus, usado comumente em Jó e Daniel, que se conhece como ELO-AH (mencionado nesses livros como ADONAY e EL SHADAY, em outras versões do hebreu moderno), e que significa  segundo alguns eruditos bíblicos, judeus e comentaristas bíblicos de um modo geral, precisamente DEUS ÚNICO, ETERNO e DE ISRAEL, mencionado tanto em forma plural e singular muitas vezes nas Sagradas Letras para expressar a existência, excelência, grandeza e majestade do único e verdadeiro Deus dos hebreus como '2' ou '3' deuses formando '1' composto, pois contraria sua própria característica monoteísta absoluta e radical que foi revelado a eles, desde Gênesis 1.1. Estes homens estudiosos das Escrituras (judeus ou gentios) afirmam claramente em seus comentários, dicionários e enciclopédias bíblicas que o termo ELO-HIM pode ser aplicado ao mesmo tempo de forma singular ou pluralista. No versículo 27, como também no capítulo 9 verso 6, encontramos que Deus fez o homem à Sua imagem". (Bíblia Monoteísta).

De tudo o que acima foi exposto, fica claro que nada foi resolvido ou esclarecido. A Teologia, como letra, realmente é "um tiro no pé" de quem busca respostas daquilo que é espiritual em instrumentos materiais, carnais, humanos. Mencionamos cinco fontes distintas para tentar chegar próximo a uma conclusão acerca de um assunto que é, e sempre foi, tema de debates e questionamentos, e a conclusão, como apresentamos, está longe de ser conhecida, pelo menos nos moldes apresentados. 

Ora, a Bíblia é um livro espiritual, inspirado pelo Espírito Santo que "usou" homens como nós, com falhas, erros, pecados e fracassos para que Sua vontade fosse conhecida, Sua obra fosse concretizada e os efeitos dessa obra (as Sagradas Escrituras) pudessem alcançar o maior número possível de pessoas ao redor do mundo, em todos os tempos a fim de que o plano de salvação e redenção do homem fosse abrangentemente conhecido. A Palavra de Deus afirma que Deus criou o homem perfeito (Ec 7.29), porém este desvia-se constantemente por caminhos que considera serem os mais certos e via de regra os fazem distanciar-se ainda mais do conhecimento do Deus verdadeiro. Assim também relativamente à Sua Palavra. 

Ora, uma vez que estamos tratando de coisas espirituais, melhor é que busquemos respostas espirituais para algo dessa natureza. Senão vejamos:

Quando o Senhor Deus diz: "Façamos o homem..." (Gn 1.26), realmente fica explícita a ideia de que Este estivesse falando com "alguém", e este "alguém" não seria absolutamente algum anjo, pois, pegando "carona" na observação de Geisler e Howe (ítem II), os anjos não são agentes criadores, são espíritos ministradores (Hb 1.14), enviados a favor dos herdeiros da salvação. Entendemos que os mesmos estavam presentes quando da criação (Jó 38.7), porém o Criador é Deus, e Este não precisou de sugestões ou conselheiros para levar à cabo a Sua obra (Jó 41.11).

Sabemos que a Bíblia afirma que JESUS é o primogênito de toda a criação (Cl 1.15), ou seja, a primeira "obra" criada por Deus foi JESUS. Antes mesmo da criação dos céus e da terra relatada em Gênesis, JESUS já havia sido criado. Mas, como foi Ele criado? Onde Ele estava? Com que corpo Ele se apresentava? Ora, Ele deveria, em tudo, ter a preeminência (Cl 1.18)! Já em Gênesis 1.1 é relatada a criação material dos céus e da terra, onde todo o plano divino encontraria palco. A Bíblia afirma que toda a criação não foi por mero acaso, mas para que nela, na terra, se desenrolasse toda a obra da redenção da criatura humana, que, evidentemente, iniciou-se com a criação de JESUS, o primogênito de toda a criação. 

JESUS não estava fisicamente com Deus quando Este criava a terra, pois Ele veio a existir apenas na "...plenitude dos tempos..." (Gl 4.4). Então, onde estava JESUS? Com que corpo estava? Ora, se Ele é chamado de o primogênito de toda a criação, e se, racionalmente falando, entendemos que seria impossível "um homem" estar presente na eternidade, uma vez que carne e sangue não herdam os céus (I Co 15.50), onde estaria JESUS senão na mente, no coração de Deus? Entender que Deus criou céus e terra aleatoriamente, sem um fim específico, seria entender que Deus estava agindo sem propósitos, sem "por que?"

JESUS, na forma como veio ao mundo através de nascimento humano, foi criado, primeiramente, na mente de Deus, que O guardou, o protótipo do homem perfeito, a fim de enviá-Lo ao mundo quando a iniquidade estivesse no seu auge, quando o cálice da iniquidade estivesse prestes a transbordar. E como entender o "FAÇAMOS..."? Ora, JESUS é a "forma de Deus" (Fp 2.6), ou seja, a encarnação ocorreria em tempo aprazível, e naquele corpo sem mácula, culpa ou pecado, Deus habitaria em toda a Sua plenitude (Cl 2.9). Entendemos que Deus criou em Sua "mente", em Seu "coração" a imagem de "alguém" que, num futuro distante, seria a Sua própria imagem, Sua semelhança e, baseado no homem perfeito que acabara de conceber, projetou o homem para habitar a terra, que nasceria, não de Sua ordem, mas do pó da terra, a fim de que entendesse que veio de lá e para lá deveria retornar. JESUS, porém veio do próprio Deus, da vontade criadora de Deus, e glorificado, para reinar como o próprio Deus, voltaria para o céu.

Assim, o homem é a imagem de Deus porque através de JESUS, Deus Se encarnou. Deus usou o protótipo, JESUS, para criar o tipo, Adão, o primeiro homem a habitar a terra. JESUS tinha o DNA de Deus, afinal veio diretamente do Seu coração, da Sua vontade, do Seu desejo criador. Quando o autor do Gênesis, inspirado por Deus, escreveu "Façamos...", este o fez porque o Deus espírito, Criador dos céus e da terra, personificou-Se em JESUS (Jo 1.14; Hb 1.1-3). Ora, se na cena da criação relatada em Gênesis estavam presentes ou não os anjos, pouco ou quase nada importa. O que realmente conta é que Deus, ao projetar a imagem do homem perfeito em JESUS, começava a debelar as astutas artimanhas do anjo decaído, Lúcifer, que fora destituído de sua posição e lançado à terra, o que a fez sem forma e vazia, e onde teria palco toda a batalha entre JESUS Cristo e as forças representadas por Lúcifer e seus demônios, os anjos que o acompanharam em sua destituição.

Como citamos acima, no início desse tratado, a passagem de I Coríntios 2.15 para acentuar que para se entender com clareza e revelação a Palavra de Deus, ressaltamos igualmente que a letra da Teologia pouco, ou quase nada, irá acrescentar quando tentamos explicar fatos que se desenrolam na esfera espiritual. Não estamos com isso desqualificando o ensino teológico, porém como entendemos que a Palavra de Deus é revelação (Mt 11.27), assim preferimos nos colocar de joelhos perante o Pai de nosso Senhor JESUS Cristo, a fim de obter aquilo que somente o espiritual pode revelar do que é gerado pelo Espírito. 

Essas verdades jamais as encontraríamos em qualquer Instituto Bíblico, em qualquer compêndio de Teologia Sistemática ou qualquer Faculdade Teológica, porque, primeiro não é esta a forma que os teólogos atuais veem a revelação e, segundo, porque não é interesse que as verdades capitais da Palavra de Deus sejam conhecidas, pois necessário seria que tudo o que anteriormente foi escrito e ensinado nas respectivas instituições fosse repensado e, assim, muitos conceitos tacanhos e toscos tivessem que ser revistos e reescritos. Mas, preferimos ficar com a revelação do Espírito Santo, o autor das Escrituras e, à medida que Este nos revelar Suas pérolas, com alegria e satisfação as revelaremos a fim de que a Palavra Original seja plenamente conhecida, ou, se não crida pelo menos teremos nossa consciência para com Deus aliviada e tranquila por podermos ser portadores de Suas verdades essenciais.


Eli G.Maria
    






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