Segundo o mestre Aurélio, pornografia é: "Figura(s), fotografia(s), filme(s), espetáculo(s), obra literária ou de arte, etc..., relativos a ou que tratam de coisas ou assuntos obscenos ou licenciosos, capazes de motivar ou explorar o lado sexual do indivíduo, libidinagem."
O termo "pornografia" vem do grego "pornê" (prostituta) e "porneia" (prostituição), e de "graphein" (tratado). Mas o que a pornografia tem a ver com prostituição? Esta se relaciona com a exploração do corpo humano, negócio em que se envolvem pessoas para quem o corpo é apenas um objeto. E isso tem tudo a ver com pornografia, que trata o corpo e o ser humano como objetos de prazer.
A partir dessa definição podemos retomar o verbete para a pornografia redigido por Aurélio Buarque de Holanda e fazer algumas observações. É evidente que pode haver "figuras, fotografias, filmes, espetáculos, obras literárias ou de arte" que apresentem situações por si só grosseiras, antinaturais, atentadoras contra a dignidade humana. Mas um nu, ou a cena de um casal mantendo relações sexuais não são em si pornográficas? Deus nos criou nus e nos fez de modo que as relações sexuais fossem naturais entre os casais que Ele uniu pelo casamento.
A exploração, porém do nu e dessa relação, com o objetivo de despertar ou estimular o desejo sexual caracteriza a pornografia. Por isso a exposição de órgãos genitais numa situação de provocação das paixões sexuais é pornográfica e a mesma exibição em livro de medicina ou higiene não o é. Tudo muito óbvio? Acontece que temos sido como cristãos, acusados de apontar o sexo como algo sujo, quando, na verdade, o que repudiamos é a "sujeira" que se faz com ele. "Sujeira", nesse caso, é tratar o ser humano como objeto!
É notável que a lista do apóstolo Paulo, para o que ele denominou "obras da carne" (Gl 5.19) tenha começado com "prostituição". Notável, mas não injustificado ou mesmo surpreendente. Acontece que naqueles dias, como hoje, a opinião difundida era de que o corpo deveria ser "usado e abusado". A prostituição, o adultério e o homossexualismo eram praticados abertamente, numa antecipação bimilenar do que chamamos hoje de "transar o corpo numa nice". Diante disso, porém o cristianismo não transige. O cristão não se conforma com esse procedimento por não aceitar a filosofia que o adota. Segundo o apóstolo Paulo, a impudicícia (porneia) e toda sorte de impurezas não devem ser sequer mencionadas. Nenhum incontimente ou impuro (pornê) tem herança no Reino de Deus.
É fundamental a compreensão do ser humano como indivíduo, ou seja, uma unidade não divisível, para se perceber melhor o mal que a pornografia representa. Dotados de espírito, alma e corpo, não podemos buscar atender nossas necessidades em uma dessas esferas apenas. Os que se dedicam à uma vida de ascetismo, de mortificação do corpo, pensando estar apenas com isso a valorizar seu espírito, estão na verdade fazendo mal a si próprios integralmente. Os que se pretendem atender os desejos do corpo sem qualquer preocupação espiritual cometem violência semelhante.
A união dos casais, conforme planejada por Deus, é primeiro espiritual mas também física. Não pode ser só espiritual (I Co 7.3-5) mas também não apenas física (I Co 6.9). Ora, a pornografia ignora esse plano divino e busca apenas acender e alimentar o fogo das paixões sexuais.
O jovem cristão deverá rejeitar tais estímulos porque deverá pensar na união espiritual antes da união física. E os cristãos casados também, porque se recusam a permitir em seu relacionamento sexual qualquer motivação que não tenha nascido do seu amor conjugal. Como uma esposa pode aceitar que o seu marido fique excitado com o que vê ou ouve fora de casa e depois venha satisfazer-se com ela como um desprezível objeto? Também o marido condenará essa baixeza.
Mas, se concordamos todos com a necessidade da pureza em nossa vida sexual, é bom pensar em alguns cuidados, porque todos somos tentados, todos pertencemos ao "grupo de risco":
1. A impureza deve estar fora de nossas conversas (Ef 5.3). Nada de piadas sobre adultério, homossexualismo e degenerações semelhantes. O problema com essas piadas é que passamos devagar a ver tais coisas como naturais e aceitáveis. (Pense em Filipenses 4.8).
2. Com tanta ofensa à nossa volta alguns acham necessário "examinar para conhecer". A verdade é que, após provar o fruto proibido, o homem nunca mais foi o mesmo. A Bíblia nos oferece exemplos tristemente notáveis e suficientes do resultado do pecado na vida das pessoas. Se quisermos ir ao cinema, teatro, assistir TV ou ler revistas, não deve ser com esse objetivo. (Pense em Tiago 4.7)
3. Cuidados com as iscas. As chamadas "revistas masculinas" contém artigos e entrevistas "sérias" para fisgar leitores que não assumem sua fraqueza diante da atração pornográfica. Mas os editores sabem muito bem que se trata apenas de uma "muleta". O que tais leitores procuram é mesmo a pornografia, chamada eufemística e inutilmente de "erotismo" (dá na mesma).
4. Lembre-se do pecado de Acã. Ninguém o viu tomar o despojo de Jericó (Js 7) ou assim pensou ele. Mas Deus está atento. Levar um DVD para casa e assistir sozinho a um filme pornográfico (julgando-se adulto!) é apenas uma versão sofisticada do erro juvenil de trancar-se no banheiro com uma revista imoral. (Pense em Efésios 5.6).
5. Lembre-se do que está atrás da pornografia: a "coisificação" do corpo. Você pode evitar muitas formas de pornografia, mas talvez se relacione egoisticamente com sua esposa ou esposo, ao contrário do que nos ensina a Bíblia (I Co 7.3-5). Quem busca primeira ou unicamente satisfazer seu próprio corpo, sem consideração para com as necessidades, sentimentos e interesses de seu cônjuge, está no mesmo caminho percorrido pelos adeptos da pornografia e da prostituição.
(Claudio Marra)
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