A VERDADE EXPLICADA:
Na Espanha 70% das crianças em idade escolar já foi vítima de alguma forma de bullying, tanto na vida real quanto na internet. O número é assustador em diversos países da Europa, América Latina, incluindo no Brasil. Especialistas afirmam que esse tipo de assédio já se tornou comum em todas as sociedades humanas. Por isso é preciso que os pais estejam atentos e que as escolas aceitem que esse problema é real, pois só assim poderão implementar medidas para a prevenção desse tipo de abuso.
BULLYING QUE CHOCOU O MUNDO
Aos 3 anos de idade, Bethany Thompson foi diagnosticada com tumor cerebral, e foi nessa idade que a sua luta contra o câncer começou. Ela teve que passar por vários tratamentos médicos, incluindo a quimioterapia, e embora tenha se livrado do câncer em 2008, o tratamento acabou causando danos em seus nervos do rosto que mudaram o sorriso da menina. Então, mesmo a família tendo vencido a luta pela vida de Bethany contra o câncer, a pré-adolescente tornou-se vítima fatal de bullying.
Bethany morava em Ohio, era estudante da sexta série do ensino fundamental e suicidou-se no último semestre de 2016. O pai da menina chamou a ambulância, mas já era tarde demais. Segundo os policiais, Bethany havia encontrado uma arma escondida em sua casa e atirou em si mesma. Wendy, a mãe de Bethany, disse que nunca havia contado aos filhos onde a arma estava e sempre a mantivera em um local seguro. "Bethany sempre será e é uma constante em nossa vidas. Sinto que há um espaço vazio dentro de mim que nunca será preenchido...", disse Wendy. "Ela era a minha princesa, minha vida girava em torno dela...", disse o pai de Bethany, Paul Thompson.
PAIS E A ESCOLA
Segundo a mãe de Bethany, a escola estava ciente do problema do bullying. Ela havia falado com o diretor uma semana antes da morte de Bethany e ele havia dito que estavam investigando o caso. "Alguma coisa precisa ser feita, tem algo errado com o sistema escolar neste sentido e existem maneiras de solucionar o problema antes que outros pais percam os seus filhos...", disse Wendy.
A mãe conta que havia solicitado que o diretor conversasse com os pais das crianças que debochavam e perseguiam sua filha. Pensava que assim eles iriam perceber que havia algo de errado e fariam alguma coisa para mudar o mau comportamento de seus filhos.
O superintendente do distrito escolar, Chris Piper, confirmou que a escola estava ciente do caso de bullying. "No último ano letivo, investigaram uma queixa levantada pela própria estudante e haviam 'resolvido' o caso. Assim como muitos outros distritos estão fazendo atualmente nos EUA, o distrito escolar do município em que Bethany frequentava está empreendendo esforços para reforçar o treinamento anti-bullying...", disse Piper em um comunicado.
Bethany estudou na mesma escola durante toda a sua vida. A família considerou transferi-la para outra, mas achou que seria mais seguro mantê-la na escola na qual todos conheciam a sua história de luta contra o câncer, motivo de sua deficiência facial.
A mãe chegou a levar a pequena ao terapeuta para desenvolver mecanismos de enfrentamento e lidar melhor com sua autoestima e com alguns colegas de classe que a intimidavam. No último dia de aula de Bethany, ela e uma amiga haviam ido até a secretaria com cartazes anti-bullying. Mas os supervisores da escola não permitiram. Um dos slogans era: "Devemos ser amigos, não perseguidores".
APOIO DA IGREJA
Quase 400 pessoas compareceram na Igreja Metodista Unida de Lewisburg para orar pela família e levantar fundos que cobrisse o funeral. O jantar arrecadou mais de 5.500 dólares, além de 2.000 dólares oferecidos em doações, disse Ashley Cozad, um amigo da família que organizou o evento. Doações e mensagens de condolências vieram de vários países que souberam da notícia. A família planeja usar o restante da arrecadação para aumentar a consciência anti-bullying ajudando outros pais a não perderem seus filhos.
MÉTODO KIVA: COMO A FINLÂNDIA ESTÁ ACABANDO COM O BULLYING
A Finlândia é um país com grandes recursos destinados à educação. Nos últimos anos, o país nórdico se propôs a acabar com o bullying e melhorar ainda mais o seu sistema educacional, que já era considerado um dos melhores do mundo. No entanto, o mesmo não era perfeito e vinha sofrendo muito com o bullying nas escolas. Então, surgiu a questão: Qual ferramenta utilizar para erradicar o bullying? Assim, o governo finlandês criou o programa Kiva.
O QUE É E COMO FUNCIONA.
O termo Kiva vem da união das palavras "Kiusaamista e vastaan" (em finlandês, anti-bullying). Graças a essa proposta o país está conseguindo erradicar o bullying de suas esclas. Este método já é aplicado em 90% das escolas finlandesas e o seu sucesso foi tão grande que os pais preferem matricular seus filhos nas que utilizam esse tipo de método. E até mesmo os professores preferem lecionar nessas escolas.
O método Kiva não se concentra na dialética e confronto entre o agressor e a vítima (nem incentiva a vítima a ser mais extrovertida, ou tenta fazer com que o agressor desenvolva empatia), mas ataca o que psicólogos perceberam o que motiva a perpetuação da prática nociva: as testemunhas não rirem da situação. O perseguidor ou agressor precisa de reconhecimento para continuar com o assédio moral. Uma vez que não tem mais platéia, a brincadeira perde a graça. Em suma, o método se baseia em não rir da situação. É extremamente simples, mas eficaz.
Após alguns anos da implantação em fase experimental, foi realizado um estudo (um dos maiores já feitos no país) para ver o impacto que teve sobre os estudantes. E os resultados foram incríveis: o programa Kiva havia reduzido todos os tipos de bullying em 80% nas escolas e faculdades, o que despertou a atenção da comunidade internacional. Fica o exemplo para todas as nações.
A atenção dos pais e participação dos mesmos nas escolas de seus fihos são cruciais para prevenir tragédias como essa que os pais de Bthany Thompson viveram.
(CNN/Psiconlinews/MP Jan.2017)
Nenhum comentário:
Postar um comentário